segunda-feira, 16 de novembro de 2009

JORNALISTA INDÍGENA BAKAIARI CONDENA O PAC...

Aos meus Parentes.

Com muita tristeza quero relatar um dos mais gráves progresso do nosso
País, tudo em nome de desenvolvimento e boa qualidade de vida para
poucos. Estive num seminário do EPE (Empresa de Pesquisa Energética)
um dos componentes do Ministério de Minas e Energias, que pesquisam
todas as riquezas naturais nos vales dos importantes rios do Brasil.
Depois que encheram de PCHs e
detonaram o rio mais importante do nordeste brasileiro, o Rio São
Francisco, chegou a vez dos rios de centro-oeste, como Araguaia,
Tocantins, Rio das Morte, Kuluene, Teles Pires e Juruena, com uma nova
filosofia, tudo em nome do progresso, para beneficiar novos municípios
que foram sendo criado ao longo dos anos, e necessitam de luz.
O Rio Teles Pires, que chamamos de Pakuera, tem um significado muito
importante, no mundo místico dos Bakairis, as suas cachoeiras que são
moradas dos espíritos ancestrais, os poços fundos desovadores de
peixes não cosumíveis e outros reguladores de fenômeno da natureza. Me
lembro muito bem, quando minha avó Benedita Maiapyalo, mais conhecida
como Chadita, contavam histórias para mim dormir, sobre o Sol e a Lua,
as mulheres que se revoltaram contra os homens Sekobaen, o homen que
comeu a sua própria perna yoceringa, a menina que foi morar juntos com
as lontras, namorado das mulheres índias, Jacaré, uma Aldeia inteira
Bakairi queimaram por decepção da família dois jovens que estavam em
recluso e deu origem a festa do milho, por fim, a quebra de cinco
panelas de barros, Mahukulu, que estavam cheio de água e originaram as
cinco veias em forma de rios, como São Francisco, Tocantins, Xingu,
Tapajós, Madeira e o Amazonas como entrada e saída de todos os
fenômeno da natureza com água salgada, parutaby, mar. Tudo isso, está
ameaçada a desaparecer em pouco tempo, caso não haja providências
necessárias que respeite o clamor, o desespero dos povos que são
ligado diretamente ao ecosistema em toda forma. O projeto de cinco(05)
PCHs em todo leito do rio Teles, será fatal para o povo Bakairi, que
moram na sua cabeceira, será o fim de yakuigade, kapa e outros
espírito que vem da água. O pior de tudo isso, ninguém esclarece
benefícios e danos que trazem as usinas, prostituição e pobreza. Se
fosse verdade que as usinas trazem riquezas, não existiria pobreza no
nordeste, o rio S. Francisco é um exemplo, a minoria tem benefício.
Não sou contra desenvolvimento, crescimento, tecnologia, não ao
sistema bruto, que destrói. Ao meu rio Paranatinga ou Teles Pires,
Pakuera, como queiram chamar, as suas águas onde nadei, saciei minha
sede, genuínamente pura, com cheiro dos Bakairis, onde nascemos.
Cordialmente,
Vítor Peruare, jornalista indígena (Bakairi)
Trabalha no Museu Rondon/UFMT

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