segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DO OUTRO LADO DO RIO...





Do Outro Lado do Rio Madeira...



Por Márcia Nunes Maciel e Iremar Antônio Ferreira (IMV/08/2009)


Na margem esquerda do Rio Madeira, do outro lado da cidade de Porto Velho existem várias comunidades atingidas pelas construções das hidrelétricas, algumas já se deslocaram e outras precisarão se deslocar a partir do mês de Agosto de 2009. Dentre essas comunidades há a comunidade Trata-Sério, onde se encontram algumas famílias, que resistem a saírem de seus lugares. Atualmente, depois de terem manifestado suas indignações em vários momentos de articulação política com os movimentos sociais e organizações não-governamentais: no Encontro Sem Fronteira em Janeiro de 2009, em Porto Velho, que reuniu vários segmentos sociais - seringueiros, indígenas, ribeirinhos e urbanos; no Fórum Social Mundial em fevereiro de 2009, na cidade de Belém, no Pará, desejam que seus deslocamentos sejam feitos com dignidade, que suas histórias, suas plantações, seus investimentos, suas vidas construídas em seus lugares, sejam valorizadas.
Estando junto a essas famílias percebemos que possuem uma concepção de valor para o que deve ser indenizado e as empresas outro. Para as comunidades atingidas, o valor é mais que material, é simbólico, diz respeito a suas histórias pessoais e coletivas. Para as construtoras das hidrelétricas no rio Madeira, o valor é capital, mas não no sentido de valorização, ao contrário, tudo que faz parte de uma história e de um mundo específico não tem valor dentro de uma concepção capitalista, e por isso, não é considerado como bem a ser indenizado.
Após uma cumplicidade construída com alguns moradores da comunidade Trata-Sério, fomos convidados a conhecer o mundo do qual fazem parte. Em uma das idas à comunidade, em março de 2009, período em que as águas do Madeira sobem, nós, do IMV, Iremar, Márcia e Cristiane tivemos a oportunidade de conhecer um pouco o ritmo da vida daquele lugar. D. Neuzete nos mostrou seu espaço vivido e lembrado. Tudo que nos mostrava era significado por ela, as árvores, o igarapé, o rio. Ela nos mostrou com orgulho as árvores preservadas por ela que formam um belo bosque e vai até a beira do igarapé Latumia. Ao chegar à beira do igarapé nos explica que no período das cheias o braço desse igarapé, que fica no seu lote, é invadido pelas águas do Madeira e proporciona a passagem de peixes, tornando esse período farto para alimentação com peixes. Para falar das várias cheias nos mostra as marcas das águas nas árvores que ficaram depois de enchentes anteriores, debaixo de um pé de limão às margens do Madeira, em frente à sua casa, apreciamos a beleza do rio e ouvimos a história da família de D. Neuzete e do lugar que foi herdado de geração a geração. É nesse momento que ela nos conta que seus tataravós vieram do nordeste, da cidade de Apudí – RN, no período da exploração da borracha na Amazônia. Também fomos até a parte encharcada, lugar em que fica a seringueira, onde segundo ela, aparece um ser mitológico denominado “Protetora da Seringueira” na figura de uma velha. No caminho, ela nos foi mostrando a sepultura de seu tio e os vários pés de cacau carregados de frutos. Toda essa riqueza cultural não é valorizada nas negociações com as empresas.
O processo de discussão sobre os impactos causados pelas hidrelétricas iniciou-se antes da divulgação dos Estudos de Impactos Ambiental do Complexo Hidrelétrico Rio Madeira, que envolvem obras em: Cachoeira de Santo Antônio, Cachoeira de Jirau, Cachoeira Guajará-Mirim e Cachoeira Esperanza-Bolívia. Permanecemos junto a elas, neste período que, as comunidades atingidas se encontram desestruturadas pelas empresas responsáveis pelo referido empreendimento.
Mesmo havendo as conversas de conscientização das comunidades, antes mesmo das audiências públicas que não davam lugar para manifestações contrárias, nossa ação era voltada para um movimento de resistência às barragens, assim como no decorrer do processo de implantação do empreendimento. Apesar do descontentamento das comunidades e das várias ações judiciais que contestam a construção das barragens, embasados nos frágeis estudos de impactos ambientais, foi autorizado o início das construções na cachoeira de Santo Antônio e posterior Jirau com alteração de local.
Apesar da desestruturação das comunidades, causada pela intervenção da construção das hidrelétricas, essas comunidades conseguem se comunicar entre si e ficam à par da situação que cada uma se encontra. Sabem que muitas pessoas já negociaram suas terras e estão se sentindo lesadas no processo de negociação. As que já foram deslocadas, como a Engenho Velho estão frustradas com a situação em que se encontram, morando em casas pequenas de alvenaria, com espaço reduzido e impróprio para fazer plantações e sem permissão para fazer suas pescarias nas áreas de concentração dos peixes que se encontra na área do canteiro de obras. Diante da situação em que se encontram alguns são silenciados com uma ajuda irrisória para suas sobrevivências. Outros por medo de perderem tudo, preferem não se organizar para reivindicar seus direitos e uma menor parte se movimenta para uma organização coletiva, no intuito de se fortalecerem e não se deixarem enganar no processo de negociação com as empresas.
Dentro desse contexto, é que nós, Iremar, Jorge, Márcia, Vanessa e Cristiane do IMV, Sandra da Rede de Educação Cidadã e Rodrigo do Movimento do Hip-Hop da Floresta, fomos convidados a ir até a comunidade Trata- Sério. Mais que assessoria política, fomos encontrar nossos amigos que conquistamos dentro de um processo de resistência e luta pela vida às margens do Madeira, fomos dizer que eles não estão sozinhos e que nós da cidade de Porto Velho também somos atingidos, portanto solidários.
Sendo assim, no dia 31 de Julho, atravessamos o rio Madeira. Ao chegarmos à outra margem entramos um outro mundo e nos demos conta de coisas que a vida não nos permite ver na cidade, como a beleza do céu e a claridade da lua que nos permitiu contemplar o rio. A tranqüilidade da noite só é interrompida quando vamos até a beira do barranco e ouvimos ao longe no meio da noite o barulho das máquinas trabalhando na construção da barragem na ex-cachoeira Santo Antônio. No amanhecer do outro dia, retornando à beira do barranco nos deparamos com as belezas naturais que surgem a cada período em que as águas do rio vão abaixando, as pedras, os lagos entre as pedras e as praias que começam a aparecer. Em outros tempos, toda essa riqueza natural era usufruída pelas pessoas que vivem nesses lugares para o lazer e para o sustento da vida, pois é nesse período que fazem as plantações de várzea. Hoje, as pessoas que vivem nesses lugares olham para tudo isso com tristeza, o olhar que direcionam para o rio é de despedida. Conversando com Sr. Rosimar e D. Édna eles desabafam o pesar por terem que abandonar o seu lugar depois de uma vida inteira de investimentos. Senhor Rosimar enfatiza que mesmo ainda estando em seu lugar sua vida foi interrompida, porque não pode mais fazer plantações e está à espera do que vai ser resolvido com as empresas, e apesar de tudo isso, seu desejo é ficar em seu lugar, mas sabe que suas terras ficarão debaixo da água e que não terá como viver nelas.
Andando pelo lote de Sr. Rosimar, percebemos as marcas dos cortes das seringueiras que registram a história de seus avós e tios, bem como de D. Neuzete, sua irmã, que tiravam seu sustendo do trabalho com a borracha. Os troncos das mangueiras e das castanheiras nos revelam o tempo que elas foram plantadas no lugar, todas as árvores que existem no lote de Sr. Rosimar, as castanheiras, seringueiras, mangueiras e laranjeiras são testemunhas da história do lugar.
Sr. Rosimar lamenta que as seringueiras e castanheiras que foram plantadas em seu lote não tenham sido incluídas no laudo para indenização, e diz estar indignado com a situação de ter que sair de seu lugar, porque nele estão pessoas da sua família sepultados, a história de três gerações, a relação com seus vizinhos, a vida construída às margens do rio, a sociabilidade do “homem simples” que domina os saberes da pesca, da caça, da plantação e compartilha uma vivência com os que também fazem parte desse mundo. Ele diz que todos que vivem na localidade formam uma grande família e lamenta pelas separações provocadas pelo tal “desenvolvimento”.
D. Neuzete nos aponta para o rio e nos mostra o lugar em que há uma queda d'água, que aparece no período em que o rio fica baixo, o que torna perigoso a navegação nesse lugar. Segundo ela, esse é um dos motivos pelo qual sua comunidade é chamada de Trata-Sério. Quando perguntamos o que a comunidade Trata-Sério significa para ela, a emoção transparece em sua face e ela nos responde que significa tudo, porque foi lá que ela nasceu e viveu até agora e é lá que estão sepultados seus parentes. Relembra que, alguns dos mais velhos estão seputados na primeira localidade que pertenceu a sua família, no Porto Chuelo, em frente a Santo Antônio, e que depois de várias denúncias suas, a empresa que iniciou a construção da hidrelétrica na cachoeira de Santo Antônio, se comprometeu em removê-los para o cemitério de Santo Antônio. Mas, os que estão sepultados na comunidade Trata-Sério não tem nada conversado sobre o seu remanejamento para outro cemitério.
D. Édna, esposa de Sr. Rosimar, diz que, depois de 19 anos que vive com ele e o ajuda nos investimentos feitos no lote, junto com ele ter construído uma vida tranqüila do outro lado rio, longe da cidade, não consegue pensar que vai ter que sair de seu lugar e ter que recomeçar a vida em outro. Ela e Sr. Rosimar dizem que por mais que eles recebam o maior valor em dinheiro pelo lugar onde vivem, esse valor não pagará a vida que eles têm, a importância que o lugar tem para eles, e diante disso, sabem que a vida deles nunca mais será a mesma.
Célio, sobrinho de Sr. Rosimar e D. Neuzete, que vive em sua casinha entre a casa de seus tios, está inconformado, porque a vida que ele vinha construindo para ele, sua esposa e sua filha de dois anos de idade lhe foi tirada. Convidado a falar sobre sua experiência de vida ele começa falando que ao sair de Trata-Sério ele vai procurar um lugar bem afastado que para chegar até esse lugar “seja preciso entrar bem para dentro do rio”. Emocionado, nos fala que o que mais vai sentir falta é da ida até a casa de seu tio todas as manhãs, onde toma café e começa seu dia.
Durante os dois dias conversamos, compartilhamos suas angústias e pensamos formas de organização sócio-econômico e cultural para que diante de tantas perdas, consigam ter em suas novas moradas dignidade e direitos garantidos para eles e as demais comunidades atingidas. Nós, apoiadores, continuaremos a denunciar as violações e a exigir respeito por parte das empresas com os atingidos da beira, do rio, das aldeias, dos seringais e das áreas urbanas.

CAOI COLOCA IIRSA NOS BANCOS DOS RÉUS...

Acción sobre IIRSA

La Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas (CAOI) pondrá en el "banquillo de acusados" al megaprograma IIRSA ante la Comisión Interamericana de Derechos Humanos, antesala de la Corte Interamericana. La CAOI ha solicitado una audiencia temática sobre el IIRSA hacia la tercera semana de Octubre del 2009, en la cual habrá un cuestionamiento de impactos a los proyectos IIRSA por parte de líderes de pueblos indígenas afectados por los casos de Bolivia (Chiquitanía), Perú (Intercoceànica Sur), Brasil (Madeira) y de otros países; y también una crítica estratégica programática al conjunto del IIRSA por haber violado dos articulos del Convenio 169-OIT ratificado por los países de UNASUR, como son los de los derecho a la consulta y consentimiento, y a definir sus propias estrategias de "desarrollo" local. Finalmente, proponer la Suspensión de los proyectos IIRSA y su Reorientación en base a la aplicación de los dos principios señalados y a que el IIRSA sea discutido y vigilado en UNASUR a través de un consejo de participación de los pueblos indígenas y movimientos sociales.

Nós da Bacia do Madeira, estamos apoiando e trabalhando para que isso aconteça o quanto antes. Deverá participar dois representantes indígenas do Brasil nesta comissão que alertará a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A Coordenadora Geral da CUNPIR e o Coordenador Geral da COIAB.
Sucesso a todos e todas...

domingo, 23 de agosto de 2009

POVO SURUÍ... 40 ANOS APÓS O CONTATO - SOBREVIVENTES...

Meus caros e caras leitor@s...
O Povo Suruí está oferecendo a oportunidade dos portovelhences e portovelhacos de conhecê-los pelas imagens, de refletir sobre os os 40 anos de contato... e isso é possível durante esta semana no Mercado Cultural, centro de Porto Velho...
Na sexta a noite a abertura para um pequeno número de convidados, curiosos e desinformados que lá pararam para ver o que se passava, com algumas falas do contexto histórico, marcando com o termo "sobreviventes" de um massacre orquestrado pelo planejamento econômico do país em 1969, viam o mundo do não índio - o branco se desnudar perante este povo, que quase foi extinto pelas doenças trasidas pelas frentes de colonização e contato... a cobra grande chegou (BR 364) e as cobras menores foram brotando, nascendo e junto com elas apareciam muitos brancos... com eles a doença, a morte, a perda do território...
Pensar 40 anos após é se ver no espelho... é nos oportunizar um olhar no espelho... qual o custo do desenvolvimento... quem paga este preço e a que preço... ainda é tempo de revermos as práticas atuais, sejam elas nas relações economicas, culturais e sociais e perceber se há lugar para a Vida do outro...
Almir Suruí e seus parentes estão se olhando e deixando-se ver, para que pensemos numa outra Amazônia, possível na relação de respeito intercultural, na valorização do diferente...
O Complexo Madeira está na contramão disso tudo, como Almir disse - vem matar povos indigenas ainda sem contato...todos sabem da existência deles mas nada fazem... assim fizerma com Suruí e demais povos e continuam, em pleno século XXI, com a bandeira do crescimento, colocando em risco a Vida de Gentes...
pense nisso... e vá ao Mercado Cultural, não perca esta oportunidade... o Programa Vozes da Amazônia fez parte deste momento ouvindo e fazendo ser ouvido, neste dia 23, a mensagem do Povo Suruí nas ondas da Rádio Caiari... Vida longa a todos os povos da Terra...
abraços
iremar

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DESPEDIDA DE MARINA SILVA...DO Pt

A despedida de Marina Silva do PT é um sinal que, a tempo se fez questão de encobrir... um sinal que a estrela desbotou no cenário nacional, num governo recheado de "ingovernabilidade", dividido entre a base aliada... aliada a quem e a que interesses??... o dos trabalhadores!?
Com certeza muitas pessoas se viram na atitude corajosa de Marina... corajosa em assumir uma bandeira que desde menina assumiu para que o Acre pudesse continuar a existir com seus "povos da floresta"... aliada de Chico Mendes... dos chicos mendes do mundo...
Ela não saiu ontem do PT... ela foi colocada de lado aos poucos... e ontem simplesmente efetivou o que sua bandeira de luta lhe reservou...
parabéns Marina Silva... os lutadores do Povo estão contigo... os que ainda tem a ética por princípio de Vida te apóiam... eu sou um deles...
Iremar

MARINA SE DESPEDE DO PT... JUNTO COM ELA MUITOS VALORES...

Leia abaixo a íntegra da carta:

"Caro companheiro Ricardo Berzoini,

"Tornou-se pública nas últimas semanas, tendo sido objeto de conversa fraterna entre nós, a reflexão política em que me encontro há algum tempo e que passou a exigir de mim definições, diante do convite do Partido Verde para uma construção programática capaz de apresentar ao Brasil um projeto nacional que expresse os conhecimentos, experiências e propostas voltados para um modelo de desenvolvimento em cujo cerne esteja a sustentabilidade ambiental, social e econômica.

"O que antes era tratado em pequeno círculo de familiares, amigos e companheiros de trajetória política, foi muito ampliado pelo diálogo com lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores, a cujos argumentos e questionamentos me expus com lealdade e atenção. Não foi para mim um processo fácil. Ao contrário, foi intenso, profundamente marcado pela emoção e pela vinda à tona de cada momento significativo de uma trajetória de quase trinta anos, na qual ajudei a construir o sonho de um Brasil democrático, com justiça e inclusão social, com indubitáveis avanços materializados na eleição do Presidente Lula, em 2002.



Candidata verde - projeto para o Brasil não virá de Dilma, Serra ou Ciro. Nem de Marina SilvaA imprevistaMarina adota força tranquila para se opor a Dilma em 2010"Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade. Tenho certeza de que enfrentarei muitas dificuldades, mas a busca do novo, mesmo quando cercada de cuidados para não desconstituir os avanços a duras penas alcançados, nunca é isenta de riscos.

"Tenho a firme convicção de que essa decisão vai ao encontro do pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas apontam objetivamente os equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.

"Tive a honra de ser ministra do Meio Ambiente do governo Lula e participei de importantes conquistas, das quais poderia citar, a título de exemplo, a queda do desmatamento na Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental, a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro. Entendo, porém, que faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas.

"É evidente que a resistência a essa mudança de enfoque não é exclusiva de governos. Ela está presente nos partidos políticos em geral e em vários setores da sociedade, que reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas políticas para mantê-las.

"Uma parte das pessoas com quem dialoguei nas últimas semanas perguntou-me por que não continuar fazendo esse embate dentro do PT. E chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil - com importantes experiências em curso, que deveriam ganhar escala nacional, provindas de governos locais e estaduais, agências federais, academia, movimentos sociais, empresas, comunidades locais e as organizações não-governamentais - é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte pro quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o País. Assim como vem sendo feito pelo próprio Partido dos Trabalhadores, desde sua origem, no que diz respeito à defesa da democracia com participação popular, da justiça social e dos direitos humanos.

"Finalmente, agradeço a forma acolhedora e respeitosa com que me ouviu, estendendo a mesma gratidão a todos os militantes e dirigentes com quem dialoguei nesse período, particularmente a Aloizio Mercadante e a meus companheiros da bancada do Senado, que sempre me acolheram em todos esses momentos. E, de modo muito especial, quero me referir aos companheiros do Acre, de quem não me despedi, porque acredito firmemente que temos uma parceria indestrutível, acima de filiações partidárias. Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço de exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas.

Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos

Saudações fraternas

Marina Silva

BIOMASSA RESIDUAL PODE GERAR MAIS ENERGIA QUE HIDRELÉTRICAS NO MADEIRA...

Biomassa residual pode gerar energia equivalente à de Jirau, diz estudo - 18/08/2009

Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br


A biomassa residual - dejetos liberados por animais, principalmente os da criação intensiva - poderia gerar um bilhão de quilowatts por mês no Brasil, uma quantidade de energia equivalente à da Usina Hidrelétrica (UHE) de Jirau, no rio Madeira, ou a 12% da energia de Itaipu.

Esse montante de energia seria capaz de suprir uma cidade com 4,5 milhões de habitantes e traria uma economia de R$ 2,7 bilhões por ano aos criadores de gado e pecuaristas. A informação é do estudo "Agroenergia da biomassa residual: perspectivas energéticas, socioeconômicas e ambientais", divulgado hoje (18) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em conjunto com a Itaipu Binacional.

De acordo com o relatório, o Brasil pode obter essa energia pelo biogás resultante do processamento sanitário da biomassa residual da agropecuária. A energia é gerada de forma descentralizada, em locais de criações confinadas de animais e unidades de agronegócio para produção de carne e leite.

Atualmente, esses resíduos causam impacto significativo no meio ambiente, contaminando água e solo e gerando gases de efeito estufa. Ao tratar sanitariamente a biomassa residual, os criadores estariam evitando essa poluição, e, ao deixar de emitir gases, podem inclusive comercializar créditos de carbono.

A produção de energia da biomassa residual também traria benefícios pela possibilidade de substituir fontes de alto impacto ambiental. "A UHE Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, irá gerar a mesma quantidade média de energia elétrica, provocando impactos ambientais e exigindo um investimento acima de R$ 13 bilhões, sem contar aquele necessário para a construção dos linhões destinados a entregar a energia ao Sistema Elétrico Nacional. No caso aqui proposto, os empreendimentos mitigarão os impactos ambientais dos criatórios", diz o estudo.

Além dos benefícios ambientais, os autores defendem que gerar energia através desses resíduos trará grandes benefícios econômicos, gerando emprego e renda e tornando a pecuária brasileira mais competitiva no mercado mundial.

Veja o estudo na íntegra:

"Agroenergia da biomassa residual: perspectivas energéticas, socioeconômicas e ambientais"

A MALÁRIA... A MALEITA... CRESCIMENTO MAIOR QUE O PAC...

Malária aumenta 63% em distrito de Porto Velho por causa de construção de usinas - 15/08/2009
Fonte: Agência Brasil - EBC
Link: http://www.agenciabrasil.gov.br/

A construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), fez com que o número de casos de malária no distrito de Jaci-Paraná aumentasse 63,6%. De acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental de Porto Velho, de janeiro a julho de 2008 foram registrados 931 casos de malária na localidade e, no mesmo período deste ano, o número subiu para 1.524.

Segundo a diretora do departamento, Rute Bessa, os números podem ser explicados pelo aumento da população do distrito, que praticamente triplicou desde o início das obras da hidrelétrica. "As pessoas que trabalham na Hidrelétrica de Santo Antônio [também no Rio Madeira], devido à proximidade, moram na cidade. Em Jaci Paraná, os trabalhadores da hidrelétrica de Jirau ficam num alojamento no local das obras, então acabou aumentando muito a população do distrito", explicou. Jaci-Paraná fica a cerca de 60 quilômetros de Porto Velho.

A diretora ressaltou ainda que, apesar da expansão da doença no distrito, em todo o município de Porto Velho houve uma redução de cerca de 9% nos casos de malária, se comparados os primeiros sete meses do ano passado com o mesmo período deste ano. De janeiro a julho de 2008 foram registrados 12,8 mil casos, e neste ano foram 11,6 mil registros da doença.

A Energia Sustentável, concessionária responsável pela Usina de Jirau, informou que realiza sistematicamente ações de educação em saúde e mobilização social para informar os trabalhadores e a população sobre a doença. Também são desenvolvidas ações preventivas como treinamento da equipe de controle vetorial, levantamento dos criadouros, pesquisa de larvárias, triagem com os trabalhadores, e borrificações nos alojamentos.

A empresa garante que tem um rigoroso controle de saúde dos trabalhadores, e que todas as pessoas que têm acesso ao canteiro de obras devem usar botas, capacete e camisas de manga comprida. Além disso, dos R$ 17 milhões que estão sendo investidos na saúde, mais de R$ 5 milhões são destinados exclusivamente ao Plano de Ação para o Controle da Malária.

Rute Bessa lembra que o plano, que prevê ações para os cinco anos de construção das usinas, ainda está no início do desenvolvimento, e o município está trabalhando com os próprios recursos. "Temos uma relação harmônica, de trabalho conjunto, mas sabemos que precisa fazer muito mais para barrar o crescimento da malária no município", afirmou.

O aumento de casos de malária em Porto Velho foi uma preocupação desde o início dos debates sobre a construção das hidrelétricas do Rio Madeira. A região registra números expressivos da doença, devido às suas condições climáticas e geográficas, e a migração de pessoas para trabalhar nas obras, aliada à inundação causada pelos reservatórios, que pode agravar ainda mais a situação.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

INSTITUTO MADEIRA VIVO PROMOVEU ASSEMBLÉIA GERAL



O Instituto Madeira Vivo - IMV, promoveu no dia 05 de agosto a Assembléia Geral Ordinária tendo por pauta: alteração estatutária, admissão de novos membros e eleição para o triênio (2009-2012). Foram eleitos Diretor Presidente: Iremar Antonio Ferreira; Vice-Diretor: Jair Bruxel; Diretora de Tesouraria: Vanessa Monteiro Rocha e Diretora de Secretaria: Ariane Cavalcante da Costa, tendo por vices: Sandra C. Garcia e Fabiana B. N. dos Santos.
Os novos membros admitidos são: Sérgio Pereira Cruz, Maria Cristiane Pereira de Souza e Helena Fernanda Duran da Silva.
A todos e todas eleit@s bom trabalho... novos membr@s bem vind@s... o IMV somos nós, nossa força, nosso jeito de ser, nosso compromisso sócio-ambiental com os povos e comunidades tradicionais!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

VITÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL

TRF2 mantém condenação de colunista do jornal “A Gazeta” pelo crime de racismo contra índios


A 2ª Turma Especializada do TRF-2ª Região, por unanimidade, confirmou a condenação imposta pela Justiça Federal do Espírito Santo ao colunista Gutman Uchoa de Mendonça pelo crime de racismo. De acordo com os autos, o colunista divulgou “mensagens racistas e discriminatórias, por meio de artigos publicados no jornal ‘A Gazeta’, incitando e induzindo a discriminação contra minorias”. Nos termos da sentença, Gutman, que tem mais de 70 anos, deverá cumprir um ano de serviço à comunidade. A decisão se deu em resposta à apelação criminal apresentada pelo réu, que pretendia sua absolvição.

O relator do caso no TRF2, desembargador federal André Fontes, explicou no seu voto, que “o colunista do jornal “A Gazeta” publicou durante o primeiro semestre de 2000, três artigos nos quais imputou aos índios adjetivos claramente discriminatórios, tais como ‘indolentes’, ‘preguiçosos’, ‘ociosos’, ‘inúteis’ e ‘arredios”, ofendendo, também, a cultura indígena ao qualificá-la como ‘burra’, ‘estúpida’, ‘predatória’”.

Para o magistrado, o direito de liberdade de expressão “não deve ser exercido de modo absoluto, irrestrito, sob pena de violação a outros valores igualmente relevantes, como o princípio da dignidade humana”, ressaltou. Se o réu - continuou -, “de forma consciente e voluntária, por meio de artigos publicados em jornal, praticou, induziu e incitou a discriminação contra os índios, incorreu no tipo penal de racismo”, encerrou.
Clique aqui para ler o inteiro teor da decisão.
Proc. 2000.50.01.003187- 6

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VOZES DA AMAZÔNIA NO AR PELA RÁDIO CAIARI...

Agora os povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, pequenos agricultores, pescadores tradicionais, garimpeiros, moradores urbanos tem um canal de comunicação para discutir os impactos socio-ambientais das obras de infra-estrutura na amazônia brasileira, de modo particular o Complexo Madeira...
É o programa Vozes do Madeira pela emissora AM Rádio Caiari de Porto Velho...
Seu lançamento ocorreu no último dia 09 e pretende todos os domingos, das 09 as 10:30 dar o recado, a orientação e o debate à cerca dos projetos que impactam a vida de todos e todas desta vasta região...
Um forte abraço e vamos divulgar...

MAB MANTÉM ACAMPAMENTO EM SANTO ANTONIO...




O Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, desde o dia 10 de agosto mantém, nas proximidades do canteiro de obras de Santo Antonio, no Rio Madeira, um acampamento com mais de 400 pessoas oriundas das proximidades das obras de Santo Antonio, Jirau e Samuel, num gesto de protesto pela violação dos direitos fundamentais da pessoa humana - o Direito a Vida.

Na pauta de reivindicações dignidade nos reassentamentos, sendo este definido pelas famílias e não pelas empresas; crédito para reinicio das vida, seja no campo ou na cidade; preço digno pelas benfeitorias das famílias; infra-estrutura nos locais definidos por elas para o reassentamento; negociação de dívidas dos assentados do Joana Darc I, II e III e respeito aos direitos imemoriáveis das famílias...
Somando-se ao MAB, os pequenos agricultores organizados pela FETAGRO e MPA fazem em Porto Velho o Grito da Terra Brasil, na pauta renegociação de dívidas, créditos, investimento tecnológico, valorização da diversidade de produção, preço e respeito ao processo organizacional - ou seja, não criminalização dos movimentos sociais...
A luta continua e intensa na bacia do Madeira...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

AUSÊNCIA... ABRE VAZIOS...


Car@s Leitor@s, desculpem minha ausência... pois abre vazios de informação...
Bom, como bom filho, após longo 9 meses (tempo de uma gestação na maioria das vezes), fui fazer uma visita de médio de PS a minha família em Juína no MT. Sai na quinta feira por volta das 04:30 da manhã chegando lá as 20:06, percorrendo, correndo cerca de 1.450Km... nada anormal para um bom e desejoso viajante... e claro na companhia de meus filhos Lucas e Tanan... Márcia bem que teve vontade, mas o mestrado a mantém sob vigilância... mas foi e estava em nossos pensamentos...
Rever os pais (e de modo particular no dia do Pai juntos) é uma das raras coisas ocorridas entre nós, por isso a grandeza deste momento... afinal pai é pai (Salvador é o nome dele)... e melhor ainda junto com a mãe Maria... que a cada dia dá novos passos, literalmente falando... novos passos e livre de escoras (muletas)... que alegria vê-la andando e dando conta do recado, ou seja, dos afazeres que ela afirma ser parte de sua vida e que se sente bem fazendo-as...que bom por esta lição de vida que tem nos dado Dona Maria...
Encontrei também meus manos e manas... choramos a saudade do mano falecido a quase dois anos, cuja memória é reavivada pelas rodadas de cantoria... como diz Ariane, família de cantantes... entre lágrimas de saudades das ausências preenchidas pelos reencontros, certezas de que continuamos nos amando, cada um ao seu jeito...
Entre sobrinhos, sobrinhas, cunhados e cunhadas, poeiras da estrada e muita disposição, passamos três dias - sexta a domingo e na segunda pé na estrada de volta pros afazeres...




Pelos caminho, pelos cerrados do noroeste do MT muitas lembranças dos tempos de poeira, lama, buracos, florestas de cerrado... agora convertidas em imensas áreas de plantios de soja, milho, algodão... rios que recebem toda descarga das "merdas" venenos das plantações... rios estes que banham aldeias de povos indígenas mais abaixo (Enauenênauê, Irantxe, Pareci entre outros... a eles os escrementos do progresso... é muito bom correr num asfalto novinho em folha... mas é importante lembra o custo disso tudo, de toda essa imensidão de cerrado convertido em "campo produtivo"... comprometendo o ciclo da vida de outros povos a um custo não discutido com eles... a ausência de responsabilidade, de diálogo, de benefício mútuo abre vazios...