terça-feira, 31 de maio de 2011

COMO OS RURALISTAS VÊEM NOSSAS FLORESTAS...




Língua Ferina: Brasil 2011: Cenas de Política Explícita

Língua Ferina: Brasil 2011: Cenas de Política Explícita: "Aos Josés, Marias e Adelinos Às Dorothys, aos Expeditos e aos Chico Mendes Carlos Walter Porto-Gonçalves* No mesmo dia em que no Congress..."

NO TRILHO DA BR 317 NOVAS MORTES SÃO ANUNCIADAS...

Nilcilene: uma mulher “encomendada”

Sérgio Bertoni, de Manaus


Nilcilene Miguel de Lima, agricultora familiar, assentada pelo INCRA e presidente da ADP - Associação “Deus Proverá” de agricultores familiares do sul de Lábrea, Amazonas, está jurada de morte, encomendada pelos madereiros que atuam na devastação da região.

Os conflitos na região de Lábreas, na divisa dos estados do Acre, Rondônia e Amazonas, existem há décadas e a cada ano que passa parecem ficar cada vez mais insolúveis. Terras, madeiras, águas, riquezas naturais, biodiversidade, são objetos de cobiça que geram todo tipo de crime e destruição.


Nilcilene está assentada na região há 7 anos, onde conseguiu desenvolver suas atividades de cultivo familiar ligadas à conservação do meio ambiente, da floresta e ao ativismo social e laboral.

Nestes anos ela e seus familiares conseguiram cultivar uma lavoura com 6000 pés de café, 6000 bananeiras, 3000 abacaxizeiros, 5000 pés de pupunha e iniciar a reprodução de espécies nativas cultivando 900 mudas de Jatobá, 300 de seringueria e 50 de castanheiras, todas destinadas ao reflorestamento da área. Em agosto de 2010, toda esta riqueza produtiva, assim como sua a casa e a de um vizinho próximo foram destruídas pelas chamas ateadas por jagunços contratados pelos madereiros que atuam na região, no que podemos caracterizar como um verdadeiro atentado terrorista capitalista, de direita.

Nilcilene começou sofrer ameaças depois que uma denúncia anônima levou o Ibama a investigar, encontrar e apreender 3 motosserras e vários mognos derrubados e prontos para serem despachados em uma das grandes propriedades próximas à de Nilcilene. O sossego dela, seus parentes e vizinhos terminou aí. Os madereiros enfurecidos com as apreensões de “suas” propriedades acusaram a líder sindical, social e comunitária de ter formulado a denúncia ao Ibama e decidiram intimida-la para que “confessasse” a autoria. Não sendo autora da denúncia, Nilcilene jamais poderia assumir algo que não fez ou que tampouco sabia quem o havia feito. Foi espancada de tal forma que um de seus companheiros na luta em defesa da floresta chegou a dizer: “ela apanhou tanto que dava para ver as manchas rochas em sua pele cor de jambo”.

A associação de agricultores familiares liderada por Nilcilene entrou com vários processos na justiça estadual, mas até agora pouca coisa foi feita, levando os agricultores a sensação de que o Estado do Amazonas é completamente ausente e omisso.

Depois de recorrer à Comissão Pastoral da Terra e a órgãos federais Nilcilene, acompanhada do assistente-técnico da Ouvidoria Agrária Nacional, João Batista Caetano, foi ouvida pelo delegado de Polícia Civil de Lábrea, designado especialmente para o caso pela Delegacia-Geral de Polícia Civil de Manaus, quando finalmente pode relatar as agressões e ameaças de morte que vem sofrendo pelo simples fato de ser a coordenadora de movimento social rural na região sul do Estado do Amazonas.

O mencionado delegado assumiu compromisso de pedir a prisão preventiva dos responsáveis pelas ameaças e agressões físicas. Porém, até o momento, não houve prisão alguma, indiciamento algum. Nem o delegado, nem o promotor público da Comarca de Lábrea, que compunham à epoca o grupo de acompanhamento desses conflitos na região, foram até à localidade, justificando o sentimento dos agricultores familiares em relação à morosidade, impunidade, passividade das autoridades e a ausência total do Estado, possibilitando que a lei seja feita por quem detém o capital.


Os criminosos não se intimidam e no dia 10 de maio p.p. quando suas cunhada e sobrinha deixavam a casa de Nilcilene, após ali pernoitarem, um pistoleiro fortemente armado e bem equipado as abordou para comunicar que iria matar Nilcilene e que as mataria também caso contassem algo para a líder da ADP. O pistoleiro chegou a dar detalhes de como seria o assassinato. “Ela não vai morrer rápido! Vou torturá-la, quebrar suas pernas, braços e depois esquartejá-la”, teria dito ele.


Cunhada e sobrinha ficaram aterrorizadas, mas a sobrinha resolveu contar tudo à tia. Ao saber do ocorrido o marido de Nilcilene saiu em busca do apoio dos vizinhos e todo um esquema de segurança e fuga foi armado. As pessoas que possuem veículos na região não podiam saber que Nilcilene precisava sair dali por estar jurada de morte. Então, optaram por “engravidar” a “cunhada” e levar Nilcilene disfarçada para fora da região.

Chegando à sede do município de Califórnia (AM), Nilcilene não pôde registrar a ocorrência, sendo encaminhada ao municipio de Extrema, em Rondônia. Ali ao tentar registrar a queixa, a polícia local lhe informou não ser possível abrir um BO, pois as ameaças estariam ocorrendo em outro estado da federação, já que Lábreas encontra-se no estado do Amazonas. Depois de muita insistência, finalmente Nilcilene conseguiu registrar um BO, mas as autoridades locais não registraram no mesmo se tratar de ameaças e agressões por parte dos madereiros, nem fizeram menção alguma ao conflito rural, laboral e ambiental.

Desde então, Nilcilene está escondida sob a proteção de organizações humanitárias, pois se voltar para sua casa na região do sul de Lábreas corre perigo. E o que mais Nilselene quer neste momento é poder voltar para seu cantinho de terra e continuar seu trabalho de agricultura e líder social. Não pode! Há 2 pistoleiros a sua espera. Eles se revesam na “guarda” da propriedade de Nilcilene. Um deles é conhecido matador de aluguel que há três meses, vestido de policial, matou um camponês na Bolíva. Para receber o contratado o matador trouxe ao Brasil a orelha de sua vítima boliviana.

No meio de nossa conversa a pergunta que a agricultora familiar e líder social mais se fazia era se existe justiça em nosso país. Indo mais longe, se perguntava se realmente existe Ministério do Meio-Ambiente já que os ricos estão a destruir a Amazônia e ninguém faz nada. Ela questiona ainda a aplicação da Lei Maria da Penha, pois quando foi brutalmente espancada, nenhum dos órgãos oficiais a quem recorreu, realmente buscou solucionar o caso.

Ela quer ainda que as autoridades competentes lembrem-se que os agricultores familiares do Amazonas são cidadãos iguais aos outros, eleitores e pagadores de impostos como qualquer outro brasileiro, mas que são lembrados apenas na época das eleições.

“A justiça é rápida para defender os grandes, mas nada faz para proteger os pequenos e tirar os bandidos da área para queeu possa voltar ao meu lar e produzir dignamente como sempre fiz”, desabafa Nilcilene.

TIE-Brasil
tie@tie-brasil.org
http://www.tie-brasil.org/




QUERO DESTACAR QUE NO VELÓRIO DO COMPANHEIRO DINHO, O FILHO DE UM CASTANHEIRO DA DIREÇÃO DA RESEX ITUXI, PERTO DE ONDE DINHO MORAVA, DENUNCIOU AO OUVIDOR AGRÁRIO DO INCRA, SR. GERCINO E AO SECRETÁRIO DE AGRICULTURA DO AMAZONAS SR. ERON ENTRE OUTRAS AUTORIDADES, QUE SEU PAI TAMBÉM ESTÁ AMEAÇADO DE MORTE, SENDO IMPEDIDO DE ACESSAR JUNTO COM OUTROS CASTANHEIROS A ÁREA DA RESEX, POR PISTOLEIROS ARMADOS, CUJA RENDA DESTA SAFRA FORA MENOR, COMPROMETENDO SUA GERAÇÃO DE RENDA E QUALIDADE DE VIDA...


DIANTE DE MAIS ESTE FATO, SOMADO COM O DA COMPANHEIRA ACIMA, É URGENTE QUE OS PODERES PÚBLICOS RESPONSÁVEIS TOMEM POSIÇÃO E HAJAM EM DEFESA DESTAS VIDAS...


FICA AQUI NOSSO REGISTRO DESTA SITUAÇÃO DE INSEGURANÇA NAS CONFLUÊNCIAS DOS TRÊS ESTADOS... LEMBRANDO QUE A BR 317 LIGANDO DE HUMAITÁ - LÁBREA - BOCA DO ACRE - RIO BRANCO PODERÁ INTENSIFICAR ESTA PRESSÃO SOBRE AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS DESTA REGIÃO...


ACORDA BRASIL!... ACORDA POVO!... ACORDEM E DEFENDAM À VIDA PLENA...!!!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

AMÉRICA LIVRE... QUANDO

América livre

América Latina de sangue e suor
Eu quero pra ti um dia melhor
Este povo que sofre pela mesma razão
Grita por liberdade numa nova canção.

América, América, sou teu filho e digo
um dia quero ser livre contigo.

América morena do velho e do novo
Construindo a história na luta do povo
Numa guerra de força contra o Imperialismo
que dos povos da América é o grande inimigo.

América minha quero te ver um dia
Teu povo nas ruas com a mesma alegria
Gritar a vitória no campo e cidade
e empunhar a bandeira da liberdade


Letras de músicas: Jacir Strapazzan - Milico

°l||l° Tá pra parir! °l||l°: Festcineamazônia divulga roteiro de itinerância no...

°ll° Tá pra parir! °ll°: Festcineamazônia divulga roteiro de itinerância no...: "O Peru será o segundo país a receber a mostra do Festcineamazônia Itinerante, etapa 2011. Tal como na Bolívia, quatro cidades peruanas serã..."

°l||l° Tá pra parir! °l||l°: Bolsas para aperfeiçoamento no exterior.

°ll° Tá pra parir! °ll°: Bolsas para aperfeiçoamento no exterior.: "A presidente Dilma Rousseff tem anunciado, a exemplo do que fez na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que o governo ..."

sábado, 28 de maio de 2011

AOS LUTADORES DO POVO EM LUTO NA E PELA AMAZÔNIA...




















Mercedez Sosa - Beth Carvalho


Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q'eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente
Eu só peço a Deus

Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

Amigos e Amigas... sonhadores, lutadores do Povo...
Talvez esta canção seja a melhor forma de expressar minha indignação e compromisso com a Justiça sócio-ambiental neste País...
Talvez esta canção expresse minha homenagem ao amigo Adelino Ramos (Dinho), às Marias e Josés, pra dizer-lhes na eternidade que seus sonhos e lutas não foram em vão...
Desejo que o futuro não nos seja indiferente... que cada um e cada uma não passe simplesmente pela Vida, mas promova a Vida o bem maior...
Desejo que cada nossa luta seja contra os projetos de morte que assola os povos e comunidades pan-amazônicas...
Desejo que cada dia mais tenhamos clareza de que nosso projeto é de Vida e que passa pela respeito à etnobiodiversidade...

Eu só peço a Deus que a dor não me seja e não me torne indiferente...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

POR QUEM CHORAS CACIQUE RAONI !?

















Os meios de comunicação tem reproduzido esta foto destacando o choro do velho e forte Cacique Raoni... muitas dúvidas surgiram na tentativa de entender o que levou o Cacique a chorar... eis minhas conclusões...


Raoni chora:


-pelas crianças e idosos que morrem diariamente nas aldeias indígenas por este País, vítimas da má gestão do serviço de saúde até então de responsabilidade da FUNASA e que está em processo de transição para a SESAI;


-pelas lideranças agroextrativistas mortas no Pará e em Rondônia;


-pela licença de construção da Usina de Belo Monte no rio Xingú berço dos povos xinguanos;


-pela aprovação do novo código florestal, fruto da pressão dos mais de 300 ruralistas na Câmara Federal que tem na floresta um inimigo a ser vencido e logo os que a habitam;


-pelas barragens, hidrelétricas e hidrovias em construção, destruindo santuários ecológios e culturais de povos milenares;


-pelo descaso do governo federal para com as leis nacionais e tratados internacionais para proteção dos direitos humanos e a sustentabilidade da Vida;


-pela ausência de um projeto que leve em conta a cultura, a economia, a cosmovisão, a jeito de ser dos povos tradicionais e comunidades indígenas;


-pela imposição de um modelo de desenvolvimento que tira do seu lugar os povos da floresta...




eu também choro contigo Raoni pelo assassinato do Sr. Osmar, do Baianinho, o exílio da família do Maurete, o assassinato do Adelino Ramos (Dinho)...




é preciso secar as lágrimas com as bandeiras da Justiça, na luta pela Vida plena baseada numa economia da solidariedade...

IAF

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O NOVO GOLPE DOS RURALISTAS !

EDITORIAL PROGRAMA VOZES DA AMAZÔNIA - DIA 22 DE MAIO DE 2011.



Car@s Ouvintes, bom dia...



Novo acordo entre o Governo e a Bancada Ruralista poderá neste dia 24 de maio de 2011 consolidar ou não a nova estratégia de ocupação e destruição da Amazônia brasileira.


Historicamente os projetos de ocupação da região Amazônica atenderam aos interesses dos grandes proprietários de terra. Para tornar atrativo a corrida por terras na Amazônia, o governo brasileiro criou alguns projetos, entre eles na Década de 70 o POLAMAZÔNIA, através do qual criou a SUDAM e o BASA: um para subsidiar e o outro para ofereçer o crédito, o R$ para investirem em seus empreendimentos, destacando-se a pecuária e mineração.


Para potencializar a atração dos investidores foram construídas e asfaltadas rodovias: Transamazônica e BR 364; construiu-se hidrelétricas para gerar energia (Balbina, Samuel, Tucuruí); aeroportos para facilitar seus deslocamentos, enfim, tudo foi planejado pensando no grande investidor.


Aos pequenos: seringueiros, ribeirinhos, indígenas restou a luta pela sobrevivência e o fruto desta resistência são as terras de uso coletivo, preservadas e conservadas que hoje restam em RO e na Amazônia.


Entretanto o Novo Código Florestal, que deveria considerar os serviços sócio-ambientais que a floresta em pé e seus habitantes produzem, parece caminhar na contra mão da história.


Parabéns aos poucos deputados federais, entre o Pe. TON que resistem à Destruição dos Povos e da Floresta... Sigamos vigilantes!



Iremar Antonio Ferreira - email: iremafe@gmail.com

EXIGIMOS JUSTIÇA... SIM A VIDA... NÃO À MORTE!

NOTA PÚBLICA DA SOCIEDADE PARAENSE DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS-SDDH

"Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito. Por isso, eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Porque eu vou para cima, eu denuncio os madeireiros, os carvoeiros e, por isso, eles acham que eu não posso existir. A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a irmão Dorothy, querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês, daqui a um mês vocês podem saber a notícia que eu desapareci".
( JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA)


RESPEITAR A VIDA É PRECISO
A SDDH junto a outras entidades vem denunciando às autoridades públicas responsáveis pela Segurança em nosso continental Estado do Pará os conflitos fundiários responsáveis diretamente pela morte de muitos trabalhadores e trabalhadoras da área rural.
Ainda não encerramos o primeiro semestre de 2011 e somos tomados pelo medo que impera no campo paraense: os assassinatos de MARIA DO ESPÍRITO SANTO SILVA e seu companheiro JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA.
A fala de José Cláudio Ribeiro da Silva no último TEDX Amazônia, fórum internacional que discutiu a qualidade de vida no planeta, foi um anúncio do que estava por vir. Seu nome também figurava, como um defensor de Direitos Humanos, na lista de ameaçados de morte suscitada ainda no ano de 2008.
Um breve olhar sobre o ano de 2010 nos mostra um quadro assustador no qual 18 pessoas foram mortas em decorrência de conflitos pela posse da terra. Um número 100% maior que em 2009, quando foram registrados 9 mortes, ou seja, o Pará mantém a liderança em relação ao número de assassinatos relacionados a conflitos fundiários.
É um primeiro lugar de não dar orgulho a ninguém, pois infelizmente lembramos também que esse dado corresponde a mais da metade do índice de registro nacional, segundo o Caderno Conflitos no Campo 2010, produzido pela Comissão Pastoral da Terra.
O Pará, Estado do Agronegócio e extrativista mineral, que solidifica a balança comercial brasileira numa ascensão pouco vista nos últimos anos, é o Estado que também convive nos últimos treze anos com o maior número de homicídios de trabalhadores no campo.
Este triste paradoxo é reflexo de uma estrutura secular de extrema concentração de terras e de opção do Estado por um modelo econômico excludente que privilegia incentivos a grandes empreendimento em detrimento da agricultura, familiar que sabidamente alimenta a a população brasileira.
Os trabalhadores assassinados no último dia 24 de maio eram parte de um projeto que privilegiava a sustentabilidade da floresta, algo caro em nossos dias frente a sanha de madeireiros insatisfeitos com medidas que visam a manutenção de nossas florestas.
A falta de apuração em relação as inúmeras denúncias de ameaças a trabalhadoras e trabalhadores denúnciadas pela sociedade civil ao Estado é sintomática, posto que isso significa a posição inerte do poder público, principalmente tendo em vista o indicativo do número de assassinatos no campo.
Infelizmente a ação do Estado ao invés de tomar medidas para conter a continuidade desse quadro, manifesta-se cada vez mais truculento contra os movimentos sociais, criminalizando defensores de Direitos Humanos.
Nossa amiga MARIA DO ESPÍRITO SANTO SILVA e nosso amigo JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA não merecem a omissão do Estado. É necessário, que além de uma apuração rigorosa das circunstâncias de suas mortes, seja também repensado o atual modelo excludente no campo e na floresta e que o Estado crie condições efetivas para a garantia dos projetos de desenvolvimento sustentável, a fim de evitar mais mortes “anunciadas” como estas e que a cultura da impunidade seja dissipada em nome do Direito à Vida.
Respeitar a vida é preciso!
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
26 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

NO PARÁ, VOZES DA FLORESTA SÃO SILENCIADAS...MAS NÃO CALARÃO...

NOTA DE MORTE ANUNCIADA
A história se repete!
Novamente, choramos e revoltamo-nos:
Direitos Humanos e Justiça são para quem neste país?

Hoje, 24 de maio de 2011, foram assassinados nossos companheiros, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assentados no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna – PA. Os dois foram emboscados no meio da estrada por pistoleiros, executados com tiros na cabeça, tendo Zé Claúdio a orelha decepada e levada pelos seus assassinos provavelmente como prova do “serviço realizado”.

Camponeses e líderes dos assentados do Projeto Agroextratista, Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (estudante do Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA), foram o exemplo daquilo que defendiam como projeto coletivo de vida digna e integrada à biodiversidade presente na floresta.

Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, os dois viviam e produziam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% era de floresta preservada. Com a floresta se relacionavam e sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas, como cupuaçu e açaí. No projeto de assentamento vive
aproximadamente 500 famílias.

A denúncia das ameaças de morte de que eram alvo há anos alcançaram o Estado Brasileiro e a sociedade internacional. Elas apontavam seus algozes: madeireiros e carvoeiros, predadores da natureza na Amazônia. Nem por isso, houve proteção de suas vidas e da floresta, razão das lutas de José Cláudio e Maria contra a ação criminosa de exploradores capitalistas na reserva agroextrativista.

Tamanha nossa tristeza! Desmedida nossa revolta! A história se repete!
Novamente camponeses que defendem a vida e a construção de uma sociedade mais humana e digna são assassinados covardemente a mando daqueles a quem só importa o lucro:

MADEREIROS e FAZENDEIROS QUE DEVASTAM A AMAZÔNIA.
ATÉ QUANDO?

Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?

Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?

Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos lideres?

Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?

Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?

Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade, ainda temos que conviver com a barbárie?

Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, RESPONSABILIZAMOS O ESTADO BRASILEIRO – Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal – E COBRAMOS JUSTIÇA!

ESTAMOS EM VÍGILIA!!!
“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”

Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.

Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo;
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST/ Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – FETAGRI/Sudeste do Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – FETRAF/ Pará;
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB;
Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá;
Via Campesina – Pará;
Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará.

terça-feira, 24 de maio de 2011

A ILHA DO JACÓ... curta que mede a grandeza do estrago nos povos do Madeira

para assistir clique aqui

MORTE DA AMAZÔNIA EM EVIDÊNCIA NO ESTADO DO PARÁ E NA VOTAÇÃO DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL

Fonte: Assessoria de Comunicação CNS




Líderes de Projeto Extrativista são assassinados em Nova Ipixuna, PA

Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, líderes do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, foram assassinados na manhã desta terça feira (24), a 50 km do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, na comunidade de Maçaranduba.

As ameaças contra a vida do casal de extrativistas começaram por volta de 2008. Segundo familiares, desconhecidos rondavam a casa de Maria e José Cláudio, geralmente à noite, disparando tiros para o alto. Algumas vezes, chegaram a alvejar animais da propriedade do casal. O momento das intimidações coincidiu com a denúncia dos líderes extrativistas contra madeireiros da região, que constantemente avançam na área do PAEX, para extrair espécies madeireiras como castanheira, angelim e jatobá.

Para Atanagildo Matos, Diretor da Regional Belém do CNS, a morte de José Cláudio e Maria da Silva é uma perda irreparável. “Eles nos deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o ‘povo da floresta’ possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente”, diz Matos. “Já estamos em contato com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e outras instituições. Apoiaremos fortemente as investigações, para que esse crime não fique impune”, afirma o Diretor do CNS.

Trabalho - Maria e José Cláudio viviam há 24 anos em Nova Ipixuna. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, foram um exemplo para toda a comunidade. Desde que começaram a viver juntos, mostravam que era possível viver em harmonia com a floresta, de forma sustentável. “O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada”, conta Clara Santos, sobrinha de José Cláudio Silva. “Eles extraíam principalmente óleos de andiroba e castanha, além de outros produtos da floresta para sua subsistência. Graças à iniciativa dos meus tios, atualmente o PAEX Praialta-Piranheira tem um convênio com Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins (LASAT – Universidade Federal do Pará), para produção sustentável de óleos vegetais, para que os moradores possam sustentar-se sem agredir a floresta”, revela Clara.

Assentamento - O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAEX) Praialta Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí. Foi criado em 1997 e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde encontram-se aproximadamente 500 famílias. Além do óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias.


Entrevistas:
Atanagildo Matos (Diretor do CNS Belém): (91) 9148-5180
Cristina Silva (Coordenadora do CNS Belém) (91) 8108-7227
Clara Santos (sobrinha de José Cláudio da Silva): (94) 9158-7561

quarta-feira, 4 de maio de 2011

JUSTIÇA SEJA FEITA... SALVE COMUNIDADE JUMBUAÇU/PA

Justiça dá prazo de 24 horas para Vale depositar dinheiro de quilombolas
A empresa foi obrigada a pagar por danos à comunidade de Jambuaçu, no Pará, mas tentou protelar os pagamentos.


A Justiça Federal deu prazo de 24 horas para que a Vale S.A deposite os valores em favor de 788 famílias do Território Quilombola de Jambuaçu, impactadas pela operação de um mineroduto e uma linha de transmissão da companhia. A empresa foi obrigada por decisão do mês de março a fazer os pagamentos, mas pediu mais prazo para o juiz, alegando estar “faticamente impossibilitada de obter as autorizações necessárias e repassar a citada quantia a seus beneficiários”.

Para o procurador da República Bruno Soares Valente, a justificativa e o pedido de mais prazo tem mero “cunho protelatório, considerando que a ré era sabedora da existência da ação desde o ano passado”. O juiz Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, da 9ª Vara da Justiça Federal, concordou com o Ministério Público Federal e determinou o depósito urgente dos valores para a comunidade.

A Vale está sendo obrigada a, além de compensar a comunidade pelos impactos na forma de pagamentos mensais, implementar um projeto de geração de renda no local. O mineroduto que impactou o Território Jambuaçu atravessa sete municípios paraenses para transportar bauxita da mina Miltônia 3 para a refinaria da Alunorte, em Barcarena, região metropolitana de Belém.

O mineroduto comprometeu cerca de 20% do território da comunidade. Estudo da pesquisadora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, da Universidade Federal do Pará (UFPA) comprova “perda das condições de navegabilidade do rio Jambuaçu, além da alteração da qualidade das águas do rio e dos igarapés. A pesca desapareceu desses cursos d’água”. Houve perdas de árvores – castanheiras, açaizeiros, pupunheiras, abacateiros, ingazeiros – e diversos outros prejuízos materiais e imateriais.

“Não se pode aceitar mais na Amazônia que esses tipos de empreendimentos fiquem com os lucros e deixem os impactos e a destruição na conta da sociedade. Se há impacto, tem que haver compensação”, diz o procurador Felício Pontes Jr, um dos responsáveis pelo processo.

Processo nº 323081520104013900. Pode ser acompanhado aqui: http://ven.to/gHs

Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
E-mail: ascom@prpa.mpf.gov.br
Site: www.prpa.mpf.gov.br

domingo, 1 de maio de 2011

IMAGENS QUE FALAM POR SI SÓ...






























boa noite... hoje foi dia 1 de maio de 2011... confesso que para os trabalhadores apagados pelo capital: indígenas, seringueiros, pescadores, ribeirinhos, agricultores familiares, quilombolas não há nada a comemorar... são tantos os apagamentos que na tarde de hoje me puz a registrar algumas imagens que me chamaram a atenção... compartilho-as para que possam perceber meu sentimento...

apresento-as:

1. chegada de caminhões com turbinas para hidrelétrica de Santo Antonio...

2. patrimônio despedaçado - passeio na Praça Madeira Mamoré cujas lâmpadas das luminárias sumiram, foram alimentar talvez a troca e o consumo de drogas debaixo dos barracões abandonados da EFMM;

3. palmeiras reais... quantos reais foram gastos com estas palmeiras? porque não pupunha, açaí! Coloquem na placa os custos com estas obras... isso é transparência...

4. minha amiga Neuzete... em sua casa na beira do rio das Garças... nova vida, novos problemas de saúde, longe dos parentes, vontade de voltar para perto do Madeira...