segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TALHER PRÓ-VI FSPA COBIJA

Caros e Caras, guerreiros e guerreiras da Panamazônia!No dia 24 de novembro as 4 da manhã eu e Jorjão (Jorge Gustavo Neves Ferreira) nos colocamos na estrada de carro rumo a Zofra COBIJA... tivemos sorte ao chegar na balsa de travessia do Rio Madeira no quilômetro 230 da BR 364 sentido Acre as 06:30, porque esta embora de saída nos aguardou evitando assim um atraso de uma hora... Como saimos bem cedo, evitamos o trânsito pesado de ônibus e caminhões de Porto Velho até o Canteiro de Obra da Usina de Jirau, trajeto este com grande índice de acidentes... No distrito de Extrema reabastecemos e seguimos viagem e após 150Km chegamos na Estrada do Pacífico, cujo trajeto em terra Peruanas tem provocado muitas violações de direitos das comunidades extrativistas e indígenas. Após mais 220Km chegamos na região de fronteira onde as cidades de Brasiléia e Epitaciolândia nos receberam e nos indicaram o caminho rumo a popular COBIJA, isso por volta do meio dia. Procuramos um lugar para almoçar e seguimos ao hotel Montero para deixar as bagagens, tomar banho e se ir pra reunião na sede da CIPOAP - Central Indigena de Pueblos Originários de la Amazônia de Pando. Como ainda não tinha quarto liberado para nós, a senhora simpática que nos atendeu nos ofereceu um local para banhar-se. Em seguida Dóris (coordenadora do Comitê Local VI FSPA) chegou e juntos fomos a CIPOAP.




O reencontro com amigos e amigas desencadeou a troca de informações já que a presença se extendeu para além de participantes de COBIJA, assim como de comunidades próximas e lideranças de TRINIDAD. Os participantes foram:

1. Dóris Domingues - F.D.M.C.P - Bartolina Sisa/Bolivia;

2. Jorge G. N. Ferreira - IMV/RO/Brasil;

3. Iremar A. Ferreira - IMV/CI FSPA/Brasil;

4. Edgar A. Galindo - CIRABO - Trinidad/Bolivia;

5. Erlina B. Pérez - C.O.D - Cobija/Bol.;

6. Jorge Martinez - voluntário - Cobija/Bol.;

7. Raquel R. Chaves - voluntária - San Gaspar/Cobija/Bol.;

8. Darcy I. Zuaras - Balet Jovenes de Cobija/Bol.;

9. Aleida P. Soriá - CIPOAP/Cobija/Bol.;

10. Izaac Achipa Yona - CIPOAP/cobija/Bol.;

11. Juan M. Aguirre - F.S.U.T.C.P - ALAP/ Ladrilheros/Cobija/Bol.;

12. Abrahan V. Aro - CPILAP - Conselho Tacana/Trinidad/Bol.;

13. Juan Fernando Reis - HERENCIA/Cobija/Bol.;

14. Lorena - Comunicadores Socias HERENCIA/Cobija/Bol.;

15. Pâmela - HERENCIA/Cobija/Bol.;

16. Barbara Navidad - CIMAP - Cobija/bol.;

17. Roxana Cuejas - advogada Social/Cobija/Bol.;

18. Alfonso M. Cabro - ALAP - Cobija/Bol.;

19. Melva Hurtado Añez - CMIB - Trinidad/Bol.;

Antes de iniciar os trabalhos atendemos a imprensa local convidada para cobrir a reunião, sendo entrevistados Dóris pelo Comitê Local e Iremar pelo CI FSPA, cuja tônica das perguntas eram: o que tem haver este evento com a Marcha Tipnis e o que o FSPA vai contribuir para as lutas locais, entre outras, o qual foi exibido no dia 25 em horário nobre na cidade de Cobija.

Com o início dos trabalhos foram feitos exclarecimentos dos procedimentos do FSPA, caminhos para a definição por Cobija para sediar o VI FSPA 2012.

Em seguida foi compartilhado uma análise de conjuntura do momento no Departamento de Pando, Beni e Governo Central, com destaque para a Marcha TIPNIS que marcou a defesa da nova Constituição do Estado Plurinacional da Bolívia, com direitos à Consulta Prévia e Informada no tocante à Carretera que tem sua origem em Costa Marques/RO e cujo trajeto corta parte do território TIPNIS, cujo interesse maior é dos exploradores de madeira, minério e novas áreas para plantação de soja no cerrado boliviano.

A Marcha mobilizou toda a sociedade boliviana fazendo o governo boliviano recuar no intento, estabelecendo novos diálogos, inclusive com os que querem a Carretera.

Foi percebido que o exemplo dos indígenas bolivianos contaminou positivamente outros povos na Panamazônia a exemplo da ocupação de canteiro de obras em Belo Monte e no Rio Aripuanã, outros no Peru, abrindo margem para uma constetação organizada ao modelo capitalista vigente excludente, apresentando ao longo deste processo a proposição da solidariedade, partilha, ou seja, o VIVIR BIÉN, que passa exclusivamente pela organização social em torno de objetivos coletivos.

O Brasil foi mencionado como propulsor deste modelo excludente, financiando "la plata" e agenciando empresas para construção de carreteras, hidroelétricas e hidrovia em terras bolivianas a exemplo do Complexo Madeira, ou seja, se ocupa de um papel imperialista.

Neste cenário todos afirmaram que o VI FSPA Cobija 2012 propiciará que o mundo conheça a real situação da Panamazônia, de modo particular nesta tríplice fronteiras, onde os grandes projetos do IIRSA se conectam e propiciam violações dos direitos sócio-ambientais dos povos e comunidades.

Com essas reflexões foram sugeridas temas que poderão alimentar a definição dos Eixos Temáticos sendo eles:

- VIVIR BIÉN - conceito que expressa a urgência de retomar e fortalecer os modos de vida harmônicos com a natureza, tendo o ser humano como parte integral do meio em que vive, com a Natureza - conjunto de vida, que dialoga com SOBERANIA ALIMENTAR;

- MARCHA TIPNIS - confrontamento ao modelo capitalista excludente, violador dos direitos fundamentais que coloca em cheque os tratados internacionais e nacionais - Convenção 169 da OIT; que apresenta um modo de vida a ser mantido, respeitado;

- TRÍPLICE FRONTEIRA E SEUS DESAFIOS - grandes projetos que se conectam (barragens, hidrovia, carreteras, gasodutos, expansão da soja e exploração de madeira e minério), e a economia verde que saqueia os recursos florestais das comunidades tradicionais;

Assim sendo, o VI FSPA deve ser um momento de construção de possibilidades à partir das experiências, retomada e novo jeito, novo modo e novo mundo possível. Que seja um momento de fortalecimento dos modos de produções, trocas de sementes e processos produtivos sem agressão à natureza.

À partir destas expectativas discutiu-se os procedimentos da elaboração e gestão do Projeto financeiro para sustentação do VI FSPA 2012, com base na organicidade do V FSPA de Santarém, bem como os grupos de trabalhos - GT´s, para os quais assim ficou previamente pensado e distribuído o trabalho durante o dia 25/11:

I. Grupo de Facilitação (GF) - entidades do local de realização do FSPA,responsáveis por coordenação geral, mobilização e articulação políticaPan-Amazônica;

- Federacion Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Pando: Juan Mamani Aguirre;

- Federacion Departamental de Mujeres Campesinas de Pando “Bartolina Sisa”: Dóris Domingues;

- Centro de Investigación Y Promoción del Campesinato: Sarela Sejas/Massiel

- Interdisciplinaria para el Desarrollo Sostenible – HERENCIA: Fernando/Pamela

- Central Obrera Departamental: Erlina/Consuelo;

- CIPOAP: Durimar Mereles/Mario Duri

- CIMAP: Maria Ester;

- Associación de los Ladrilleros Artesanal Pando (ALAP): Alfonso /Abrahan

- Jorge Martiz (voluntário);

-Universidade de Pando até agosto estava acertado sua estrutura e houvecambio del reitoria;

-Grupo de Facilitacion vai fazer os contatos urgentes para redefinirla situacion, pero antecipadamente no se vê problemas;

II. GT Metodologia (mesas por eixos temáticos; talheres nos sub-eixos);

-composição del Comite Cobija e CI para el pre-FSPA;

- para el VI FSPA composicion emreunion del pre-FSPA (janeiro ou fevereiro?);

III. GT Comunicação e Cultura (rádio web, web tv, palco das culturas, teatro,cinema, informações turísticas);

-Iremar (IMV/CI FSPA);

-Lorena (Herência);

-Darcy (Velete Jovenes de la Amazonia)

IV. GT Infra e Logística - tinha os subgrupos:

1. GT transportes internos (coordenação, grupos sociais);

2. GT hospedagem;

3. GT logística dos eventos (plenárias e salas) e

4. GT alimentação (praça de alimentação, coordenação e serviços – baños/agua)

-Jorge - IMV;

-Abrahan – ALAP;

-Afonso – ALAP;

-Fernando – Herencia;

-Erlina B. Pérez - C. O. D.;

-Dóris Domingues - Coord. Comitê Local e Fed. Bartolina Sisa;

O resultado dos trabalhos dos dois grupos foram apresentados ao grupão e está em fase de elaboração de um pressupuesto (projeto) a ser enviado ao CI FSPA até final de dezembro com os custos identificados não passíveis de solução local...

O GT Infra foi até o espaço da Universidade de Pando - identificado como território do FSPA, que o mesmo possui infra para abrigar as oficinas, a grande assembléia, área para campi, praça de alimentação que ligando com o Parque Pinhata formará este grande território;

Algumas preocupações do GT Infra que após o pré-FSPA deve orientar os trabalhos do CI em Cobija e fronteira:

1. contactar autoridades de fronteira para ver a possibilidade de entrar ônibus até o território do FSPA por parte da alfândega e PF;

2. passagem de banheiros químicos entre outros;

O GT de Comunicação e Cultura identificou os pontos culturais que poderão ser utilizados para teatro, cinema e palco das culturas, bem como decidiu pela elaboração de um blog do Comitê local VI FSPA Cobija 2012 que postará atividades relacionadas ao processo mobilizatório das organizações e movimentos sociais rumo ao VI FSPA, para tanto basta que sejam enviadas à Lorena (Herencia) as fotos e informações básicas.

Na Avaliação da oficina algumas expressões resumem os trabalhos:

- "enriquecedor, grupo pequeno porém ativo - uma grande aliança" - Melva;

- "um grande momento para mostrar ao mundo nossa realidade e de grande responsabilidade para que muita gente participe" - Fernando;

- "grande aprendizado" - Erlina;

- "vamos informar nossas organizações e movimentos - vamos ter mais forças" - Edgar;

- "para mim uma grande experiência e precisamos somar mais gente ao nosso grupo" - Juan;

- "vamos levar informações para Beni e mobilizar mais gente na Federação de Mulheres da qual faço parte" - (...)

- "penso que o tema Câmbio Climático é nosso motor impulsionador e devemos buscar apoio no governo central para nosso evento que vai dialogar com este tema, para não ficarmos dependendo da cooperação internacional" - Abrahan;

- "minha bandeira de luta pelo FSPA levou à discordância do governador de Pando, mas continuo, superei e estou como organizadora de base..." - Dóris;

- "como faço parte da família boliviana por minha descendência avó materna, tenho este compromisso de contribuir com o processo de organização, também porque acredito na união dos povos da Panamazônia" - Jorjão;

- "agradeço a oportunidade de partilhar com vocês desafios e sonhos; este grupo pequeno e que cresce a cada dia fará parte da história desta região ao organizar este VI FSPA 2012 em Cobija... vamos manternos unidos, trabalhando juntos entidades e movimentos sociais por uma Panamazônia possível' - Iremar.

Compromissos:

- organizar o orçamentário do projeto até a próxima semana para devolver ao Comitê Local para que providencie as tomadas de preços, sendo que o mesmo será feito no Brasil com o que não for possível em Cobija e assim fechar a proposta/projeto final até fim de dezembro;

- confirmar com o Comitê Local a data exata do pré-VI FSPA para que a equipe se organize, para tanto o CI deve informar isso até 10 de dezembro 2011;


Atenciosamente,

--
Iremar Antonio Ferreira

Instituto Madeira Vivo - IMV

CI FSPA - IMV/FAOC

terça-feira, 22 de novembro de 2011

INDÍGENAS CONTRA USINA EM ARIPUANÃ...

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=402549

Índios fazem de reféns os operários de Dardanelos
ALECY ALVES
Da Reportagem

Um grupo de pelo menos 60 índios das etnias Arara e Cinta Larga invadiu ontem pela manhã o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Dardanelos, que está sendo construída no Rio Aripuanã, próximo da cidade de mesmo nome, a 883 quilômetros ao Norte de Cuiabá.

Armados de arco e flecha, os indígenas fizeram cerca de 20 reféns, a maioria operários. Com a ajuda da Polícia Militar, todos foram liberados horas depois.

Por alguns momentos, o clima chegou a ficar tenso no local, especialmente quando dois engenheiros tentaram negociar a libertação dos reféns.

Um dos líderes do movimento, Amazonildo Arara, disse que o descaso em relação às reivindicações motivou a ocupação. Ele afirmou que o protesto seria uma tentativa se sensibilizar os responsáveis pela obra, a empresa construtora e governo Federal, com os quais querem uma audiência.

Assim que o encontro fosse agendado, argumentou, deixariam as instalações da hidrelétrica. Entretanto, se não forem atendidos voltariam a ocupar a usina para um protesto “bem mais rigoroso”, ameaçou o índio.

As exigências dos índios aumentaram a partir da descoberta de um sítio arqueológico na região, levando-os a elaborar uma lista de exigências.

Eles querem, entre outras coisas, o custeio de cursos de faculdade, veículos e a construção de moradias. As reivindicações são vistas como medidas de compensação aos impactos ambientais gerados pela hidrelétrica.

O capitão da PM Anderson Luiz, comandante da unidade de Aripuanã, informou que representantes da construtora estão na cidade para negociar com os índios, mas esperam os ânimos se acalmarem para fazer contato.

A usina tem capacidade para gerar 261 megawatts de energia, está em construção há três anos, e a previsão é de que entre em operação no inicio de 2012.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MORTE ANUNCIADA... CONIVÊNCIA DO GOVERNO BRASILEIRO...

O líder guarani-caiová Nísio Gomes, assassinado dia 18/11/11
Suvival International/France Presse

18/11/2011 - 16h13
www1.folha.uol.com.br
Líder indígena é assassinado por pistoleiros encapuzados em MS

CLAUDIO ANGELO - DE BRASÍLIA

O líder guarani-caiová Nísio Gomes foi assassinado na manhã desta sexta-feira (18) por homens encapuzados, entre as cidades de Amambai e Ponta Porã, Mato Grosso do Sul.

Segundo informações preliminares da Funai (Fundação Nacional do Índio), o ataque aconteceu enquanto um grupo de cerca de 60 índios acampava dentro de uma fazenda à beira da rodovia MS-386. Os homens abriram fogo contra o acampamento, atingindo alguns índios com balas de borracha.

A coordenação regional da Funai em Ponta Porã afirmou, com base nos depoimentos dos acampados, que Gomes, 59, levou um tiro na cabeça.

O conselho guarani Aty Guassu afirmou que duas outras pessoas, uma mulher e uma criança de cinco anos, também foram mortas e tiveram seus corpos levados juntamente com o de Gomes. A Funai não confirma a informação, e está considerando ambas como "desaparecidas" por enquanto.

O grupo de caiovás está acampado desde o dia 1º numa área conhecida como Ochokue/Guaiviry, uma das aldeias que os guaranis reconhecem como território tradicional e tentam retomar -- e que hoje estão ocupadas por fazendas.

Guaiviry é uma das áreas incluídas pela Funai nos processos de identificação de terras tradicionais guaranis, iniciados em 2008. A região do sul de Mato Grosso do Sul é o palco mais grave de conflitos entre indígenas e fazendeiros do Brasil.

A Funai informou que a Polícia Federal e a Polícia Civil já estão no local. O presidente da Funai, Márcio Meira, por enquanto não tem planos de ir ao local do assassinato.
COMENTÁRIO:
Num gesto de indignação na noite do dia 19/11 quando do recebimento do troféu Mapinguari pelo filme dirigido por Marcelo Bichara e Eloy, do qual o IMV foi parceiro e participante, Márcia registrou em sua fala como a política de apamento dos povos indígenas tem sido eficiente no Brasil e que o acontecido no MS poderá acontecer a qualquer momento com líder Karitiana, Cacique Cizino Dantas que luta pela garantia de seu território tradicional no alto Rio Candeias, mesmo com ameaça de morte por pistoleiros a mando de fazendeiros da região... Tomara que a Justiça acorde do berço explêndido e defenda a vida e o território dos povos originários... o IMV está junto nesta luta...

domingo, 20 de novembro de 2011

ILHA DO JACÓ PREMIADO NO FESTCINE AMAZÔNIA




ILHA DO JACÓ (http://youtu.be/E6-nA0MU2FA) de Marcelo Bichara foi premiado por melhor filme regional no FestCine Amazônia na noite deste dia 19/11/11 - Mapinguari e agraciado pelo prêmio CTAv - Centro Técnico Audivisual como melhor filme local: serviço de transfer para filme de até 15 minutos.

Nós do Instituto Madeira Vivo (www.institutomadeiravivo.org) como colaboradores deste projeto representamos e pautamos a luta dos povos dos rios e das florestas da PanAmazônia... Vida longa ao FestCine e aos sonhadores...
Abraços
Iremar e Márcia