CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA A RESPEITO DA BR 319
Nos dias 5 e 6 de Novembro, cientistas, pesquisadores, políticos e representantes de movimentos sociais reuniram-se na Universidade de Chicago - por iniciativa de seu Centro para a América Latina - para uma Conferência intitulada "Políticas Ambientais, Movimentos Sociais e Ciência para a Amazônia", em honra à memória de Chico Mendes assassinado há vinte e um anos.
Participaram da conferência o ex-governador do Acre, Jorge Viana, do PT; Bertha Becker, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Ciências; Tatiana Sá, da Diretoria Executiva da Embrapa; Mary Allegretti, ex-Secretária da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, no governo FHC e Lula; Foster Brown, do Parque Zoobotânico do Acre e do Instituto Woods Hole; Sonia Bone Guajajara, vice-coordenadora da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia); Mauro Barbosa de Almeida, da UNICAMP; Philip Fearnside, do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e da Academia Brasileira de Ciências; Ricardo Paes de Barros, do IPEA; Marianne Schmink, da Universidade da Flórida e coordenadora do Programa Tropical Conservation and Development; Ane Alencar, do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia); Roberto Smeraldi, da organização não governamental Amigos da Terra-Amazônia Brasileira; Manuela Carneiro da Cunha, da Universidade de Chicago e da Academia Brasileira de Ciências.
Ao término dessa conferência e por unanimidade, os participantes decidiram encaminhar a presente moção ao governo brasileiro solicitando a NÃO CONSTRUÇÃO DA BR 319 (Manaus - Porto Velho). A decisão é urgente e imperativa, antes que a atração populacional resultante do simples anúncio da obra acabe se transformando em justificativa para sua existência.
A rodovia é paralela a uma hidrovia, a do rio Madeira, e solução de transporte inter-modal deveria ser privilegiada; não existem justificativas econômicas que suplantem os custos ambientais de conectar o eixo do desmatamento com o coração florestal da Amazônia, a área mais preservada da região, levando para Manaus os problemas ambientais presentes em Rondônia. Unidades de conservação podem contribuir para controlar o impacto do desmatamento em nível local, mas não evitam o deslocamento de frentes de expansão predatórias.
O país não pode subordinar os resultados de pesquisas científicas que claramente demonstraram a falta de justificativas econômicas, logísticas, sociais e ambientais para a construção desta rodovia a acordos políticos conjunturais.
Os participantes da Conferência de Chicago, desejam chamar a atenção das autoridades brasileiras para o fato de que a construção da BR 319 prende a região às práticas predatórias do passado e obsta a passagem da Amazônia para o século XXI como deseja a maioria da sociedade brasileira.
Chicago, 6 de novembro de 2009
ANE ALENCAR
BERTHA BECKER
FOSTER BROWN
JORGE VIANA
MANUELA CARNEIRO DA CUNHA
MARIANNE SCHMINK
MARY ALLEGRETTI
MAURO BARBOSA DE ALMEIDA
PHILLIP FEARNSIDE
RICARDO PAES DE BARROS
ROBERTO SMERALDI
SÔNIA BONE GUAJAJARA
TATIANA SÁ
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