quarta-feira, 17 de julho de 2013

DESBARRANCAMENTOS - SERÁ FRUTO DE ENCANTAMENTOS?!


O RIO MADEIRA ENGOLE SÃO CARLOS E CALAMA: O DILEMA DO DESBARRANCAMENTO
Em visita ao Distrito de São Carlos, no baixo Madeira dia 06 de julho de 2013, foi possível identificar de perto os motivos que levaram centenas de famílias de São Carlos e Calama, no mês de abril a Porto Velho, para se manifestar em frente a Prefeitura de Porto Velho, na empresa Santo Antônio Energia e nos Ministérios Públicos Estadual e Federal, denunciando a situação de calamidade pública vivenciada pelos dois núcleos urbanos históricos com o acelerado processo de desbarrancamento desde a formação do lago da hidrelétrica Santo Antônio.

Os moradores exigiram providências urgentes diante da perda de produção nas propriedades rio abaixo procurando saber “quem vai pagar por este prejuízo, porque nossas produções estão sendo levadas pelas águas revoltosas do rio Madeira” desabafou senhor Veloso da Comunidade Boa Fé.



Márcio, militante do MAB –Movimento dos Atingidos por Barragens, morador criado em São Carlos diz estar estarrecido com a situação de destruição das casas, benfeitorias públicas e produção (o mesmo acontece em Calama) e “ninguém das autoridades se manifesta favorável aos moradores, enquanto as empresas já estão lucrando vendendo energia e distribuído tristeza para tanta gente que já perdeu seu espaço, sua história, seu pedacinho de chão... Parece que eles soltam mais água na madrugada, porque de manhã já está feito o estrago...”.


Os moradores antigos, comerciantes já não sabem a quem recorrer e a cada dia veem a comunidade ser destruída e sem ter para onde ir, já que a parte de terra firme é onde se constituiu o núcleo urbano e ao redor vários lagos, ou seja, terra alagada... não tem como correr...


Cada dia nova casa ameaçada... e o que se houve é a batida do martelo desmanchando antes que o barranco engula e vá embora os poucos investimentos feito pelos beiradeiros.


Perguntei para um morador no atracadouro de barcos se haviam recebido visita de algum técnico do município, do governo ou da empresa para avaliar o avanço dos estragos na vida das pessoas foi enfático a afirmar que os políticos só vão lá para pedir voto, depois somem e nem dão as caras para saber de nossa realidade.


O desbarracamento é um fenômeno natural principalmente num rio em formação como o Madeira, mas a exemplo do ocorrido no final de 2011 com o Bairro Triângulo em Porto Velho, terreno commais de 50 metros em menos de uma semana viu tudo ir junto com as águas revoltosas do Madeira. Esse fator reverbera rio abaixo. No Distrito de Nazaré por exemplo, os moradores que dependem de captar água do igarapé do furo, que se conecta com o lago do peixe-boi, afirmam que antes sabiam quando o rio Madeira ia entrar no igarapé, mas agora não, quando menos se espera ele já tátomado de água suja, atrapalhando a vida de uma comunidade que por enquanto só tem a placa do projeto de fornecimento de água pelo Estado, mas nem um metro de cano foi enterrado ou poço artesiano construído.

De quem é a culpa desta omissão com as comunidades afetadas por este desbarrancamento acelerado; como serão indenizadas estas famílias que estão perdendo seu pedaço de vida; para onde serão realocadas estas pequenas cidades com este fator que deverá aumentar, já que a barragem da Hidrelétrica de Santo Antônio aumentará em mais 80 centímetros, o que representa mais lago, mais água represada e por conseguinte aumento da turbidez, da força da água ao passar pelas turbinas. É urgente tomada de posicionamento dos Ministérios Públicos na defesa do direito difuso destas comunidades. Não se pode deixar o destino de nosso povo nas mãos de empresas que só querem lucrar com a geração de energia e deixar o rastro de destruição e problemas nas mãos dos gestores locais.

Iremar Antonio Ferreira - 10 de julho de 2013

Nenhum comentário: