sábado, 11 de julho de 2009

POR QUEM TOCAM OS SINOS EM HONDURAS...



Ontem, dia 10 de julho de 2009, as 16:45 encontrei-me no Aeroporto de Porto Velho, chegando de Honduras, mais uma vez exilado político, o querido Professor Clodomir Santos de Morais, que afirmou estar chegando do "olho do furacão"... Vítima, assim como o Povo Hondurenho, de mais um golpe militar/civil... em poucas palavras me perguntou sobre a repercução do Caso Hondurenho no Brasil... em poucas palavras lhe afirmei que o Caso Sarney/Senado tem ocupado a mídia, somado ao caso Michael Jacson e que algumas Ong´s e Movimentos Sociais, na mídia alternativa tem se colocado ao lado deste povo...
Para aqueles e aquelas que pouco sabem do que está acontecendo em Honduras, segue uma nota do Brasil de Fato para conhecimento...


"Golpe e resistência em Honduras"

A resistência popular hondurenha está em níveis crescentes. O isolamento total do regime do direitista Micheletti faz pensar sobre sua durabilidade

02/07/2009

Editorial ed. 331 - Brasil de Fato

No domingo, 28 de junho, um novo golpe de Estado em Honduras sequestrou e conduziu ao exterior o presidente eleito da nação centroamericana, Manuel Zelaya. Naquele dia, o país se preparava para realizar uma "Consulta Popular" para que o povo indicasse, pelo voto democrático, se aceitava ou não a inclusão, nas eleições gerais de novembro, de uma nova consulta à população hondurenha: se esta concordava ou não com a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Porém, antes dessa iniciativa, o presidente já havia tomado algumas decisões que fizeram tremer os setores mais reacionários da sociedade hondurenha, acostumados a resolver tudo e qualquer coisa com assassinatos e repressões. Zelaya percebeu que a falência das políticas neoliberais – que no centro do capitalismo geraram falências de ícones do regime como o City Bank e a General Motors – fazia com que que um país rigorosamente dependente dos EUA tivesse que procurar outros caminhos para não ser levado ao matadouro.

Aproximou-se do presidente venezuelano Hugo Chávez, reatou relações com Cuba, trouxe médicos cubanos para o atendimento da sofrida população hondurenha, estabeleceu mecanismos de cooperação com a Venezuela por meio do qual Honduras recebeu petróleo e enviou produtos agrícolas, especialmente leite e derivados, além de ter recebido milhões de lâmpadas elétricas para racionalizar e economizar energia. Lâmpadas de fabricação chinesa, fruto dos convênios de cooperação de Venezuela com a China, por meio da qual economizam-se 70% de energia elétrica no pobre país centroamericano, desprovido de grandes hidrelétricas.

O golpe é uma reação extremada das oligarquias que querem manter o país no parasitismo e no isolamento do curso de transformações sociais que caminham por vários países da América Latina.

A resistência popular hondurenha está em níveis crescentes. O isolamento total do regime do direitista Micheletti faz pensar sobre sua durabilidade, tal como aconteceu com o golpista venezuelano deposto depois de 47 horas pelo povo da Venezuela em 2002. Nem mesmo os EUA puderam apoiar francamente, muito embora a ambiguidade de Hillary Clinton, chanceler estadunidense, tenha indicado que há uma divisão na cúpula do imperialismo.

Se Obama aparece vinculado ao golpe, tem sua imagem destruída. Por outro lado, os golpistas hondurenhos são todos eles financiados por instituições, agências e fundações dos EUA, que sempre operam para realizar os objetivos da política externa do país, claramente expansionista. Tal política necessita impedir o desenvolvimento da Alba, a cooperação dos países do Sul, e recuperar mecanismos de vassalagem e subserviência aos ditames do imperialismo. Os partidos conservadores hondurenhos são apoiados financeiramente pelos partidos e fundações que representam a linha imperialista de intervenção e imposição internacional em defesa dos interesses vitais dos EUA.

O protagonismo de Hugo Chávez (Venezuela), Raúl Castro (Cuba), Daniel Ortega (Nicarágua), Evo Morales (Bolívia); a reunião da OEA condenando o golpe; a participação da Telesur difundindo ao vivo os acontecimentos; a reação popular a eles; e a notícia de que Zelaya voltará ao país em breve, acompanhado do presidente da Assembleia de Direitos Humanos da ONU, Miguels Descotto, e também da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner; indicam que o golpe tem tudo para fracassar.

Foi importante a posição de Lula condenando prontamente esse golpe, mas deve ser lembrado que o presidente brasileiro tem à sua disposição a possibilidade de influir para que sejam adotadas medidas concretas que façam fracassar ainda mais rapidamente esse regime fantoche. Assim como Chávez já anunciou que a Petrocaribe suspendará o fornecimento de petróleo para Honduras, o que dá pouquíssima vida aos golpistas, Lula pode associar-se para pressionar os organismos financeiros internacionais no sentido de um legítimo e necessário boicote que faça fracassar o golpe de Estado em Honduras antes que vidas sejam perdidas, pois inevitavelmente o povo hondurenho e suas lideranças populares irão multiplicar suas formas de luta e de resistência.

Que os partidos políticos de esquerda, movimentos sociais e movimento sindical também se somem a essa inciativa de prestar uma solidariedade concreta em Honduras. Que multipliquemos nossa capacidade de pressionar o governo brasileiro, para ações ainda mais concretas, inclusive no plano internacional. Que os governos enviem representantes e que suspendam todo tipo de relação e cooperação no sentido de derrotar o mais rápido possível essa aventura golpista que apenas revela o desespero da direita, possivelmente com o apoio de um setor do Pentágono, diante do avanço e consolidação de governos populares na América Latina.

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