segunda-feira, 27 de julho de 2009

DO CANTO DA TERRA, O GRITO QUE VEM DA AMAZÔNIA...



Eu cheguei no sábado pela tarde, vindo de Belém, do Seminário Pan-Amazônico e cai de cabeça, corpo, alma e muita militância no Décimo Segundo Interclesial das CEB's - Comunidades Eclesiais de Base, realizado em Porto Velho entre os dias 21 a 25 de julho... este realmente vai ficar para a história...

No domingo, dia 19, participei de um momento conjuntural "olhando para a amazônia - identificando os conflitos de interesses que a cerca" - PAC - IIRSA - UNASUR... com um mapa construído na areia, foi possível construir os caminhos da estratégia desenvolvimentista...
os depoimentos de dezenas de lideranças indígenas, do Oiapoque ao Chuí, percebeu que o cenário de morte prevalece sobre as resistências seculares - milenares...
Na terça feira, o apito da Locomotiva da Madeira Mamoré recebeu o trem das CEB's de todo Brasil...
Com cerca de 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando 5.000 pessoas envolvidas neste Intereclesial.
Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte.
Seja nas locais temáticos "no seringal", na aldeia, no beiradão, nas periferias urbanas e rurais de Porto Velho, ou nos rios "locais de concentração, reflexão e debate", as contribuições para construção de um novo Brasil, de uma Outra Amazônica Possível tornou-se possível...
Na lágrima derramada pela informação da morte de Pe. Gunter Kroemer - do CIMI - meu formador na causa indígena, na despedida do amigo... ficou a certeza de que nossa vida, nossa luta não é em vão...
A esperança tornou-se viva no depoimento de Marina Silva, sobrevivente do abandono dos seringuais, sobrevivente do jeito tratoresco de fazer política no Brasil atual... após 40 minutos de depoimento, foi aclamada pelos mais de 3.500 participantes com a frase memorável: BRASIL URGENTE, MARINA PRESIDENTE... uma clara resposta aos que acreditam no adormecimento das bases, das CEB's... um recado claro e em alto som... assim como sua fala, que afirmou que seu avô faleceu com 103 anos de idade, e que ela iria incomodar muito ainda...
Fico feliz por ter contribuído com este debate e partilho a Carta que dá o tom deste grande e novo desafio do jeito povo de ser igreja...

Carta Final do 12º Intereclesial às Comunidade

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