terça-feira, 22 de dezembro de 2009

HOMENAGENS AO GLENN... guerreiro de todos os Povos!


Glenn Switkes, um guerreiro amazônicoAltino Machado às 6:36 am




POR GERHARD DILGER
O Glenn já está em paz.

Na madrugada desta segunda-feira, à 1h30, o norte-americano Glenn Switkes morreu em São Paulo, de um câncer nos pulmões. Glenn, 58, era cineasta e diretor do programa Amazônia da ONG International Rivers.

Em 1983, Glenn foi co-produtor do documentário “The Four Corners - A National Sacrifice Area?”, sobre a mineração de urânio e carvão assim como a extração de óleo de rochas betuminosas, em áreas dos indígenas Hopi e Navajo.

Neste trabalho premiado, Glenn Switkes já mostrou o compromisso que marcaria sua vida: ele era um aliado incondicional das comunidades ameaçadas pelo modelo de crescimento predador que está acabando com nosso planeta.

Com Monti Aguirre, ele fez o documentário “Amazonia: Voices From the Rainforest” (1991), considerado pelo Washington Post como uma “advertência global sutil”.

- Permite que muitas vozes sejam ouvidas, não somente os explorados e os exploradores mas, com mais sutileza e maior eloqüência, a floresta amazônica em si - assinalou o jornal.

Este filme foi apoiado pela Rainforest Action Network, para a qual Glenn coordenou a campanha contra a exploração de petróleo na Amazônia Ocidental, antes de entrar na International Rivers, em 1994.

Na sua primeira luta no Brasil, Glenn se dedicou a articular a resistência contra a hidrovia Paraguai-Paraná. Sua base de trabalho foi a Chapada dos Guimarães onde ele morava com a esposa Selma.

Desde estão, trabalhava incansavelmente contra a construção de barragens na Amazônia e Patagônia Chilena, pesquisando, articulando e mobilizando apoio para as comunidades atingidas.

Em 2002, nasceu o filho Gabriel.

Imune às vaidades comuns no circuito das ONGs ou do jornalismo, Glenn continuava organizando e educando, com muita determinação e paciência.

Com clareza, analisou as contradições da política energética do governo Lula.


As suas grandes batalhas dos últimos anos eram a favor dos rios Madeira e Xingu, afluentes do Amazonas ameaçados pelas megabarragens de Jirau e Santo Antônio e Belo Monte.

Também alertou sobre a série de hidrelétricas planejadas no rio Tapajós.

Como os Kayapó que admirava, Glenn era um guerreiro amazônico. Bem consciente da correlação de forças adversas nas lutas que estava travando junto a seus companheiros e companheiras, ele renovava as energias no seu lar paulistano, com Selma e Gabo, no campo, em Minas, na música e na culinária.

No seu blog, Glenn mostrava o seu humor ácido. Ou doce, quando imaginou Bob Dylan tocando “Watching the River Flow” numa aldeia indígena no beira do rio Xingu.

Glenn, quanta falta você está fazendo!



♦ O jornalista alemão Gerhard Dilger é correspondente na América do Sul do diário berlinense “taz, die tageszeitung”.

Fotos: Gerhard Dilger e Altino Machado

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