CARTA DE RONDÔNIA PARA CÚPULA DOS POVOS
Nós organizações, movimentos sociais e pessoas comprometidas com o bem comum, com o bem viver, reunidos em 02 de junho do corrente ano, manifestamos nossa opinião neste momento em que o mundo se dirige para o Rio de Janeiro e expor a situação resultante da presença do Capital em nossa Região.
O formato em construção para impulsionar o desenvolvimento em nosso Estado está carregado de uma diversidade de problemas ocasionados ou tensionados com a implantação dos projetos de barragens, hidrovia e rodovias que assolam na Bacia do Madeira. Esses grandes projetos devem ser refletidos, pois não beneficiam verdadeiramente as comunidades impactadas por eles. Em alguns casos potencializam a pobreza extrema, pois tiram po pulações inteiras de seus territórios e exterminam a produção tradicional, comprometendo a segurança alimentar das periferias dos centros urbanos. Tudo pelo tal do desenvolvimento, sem nenhum respeito com quem aqui está à reconhecer que a Amazônia pertence aqueles/as que nela vivem.
Lutar contra o capitalismo e suas formas de exploração do Meio Ambiente, do Trabalho Humano, degradação e desumanização das relações sociais é fortalecer e promover iniciativas de outro pensamento/forma de conviver com o mundo em suas etnodiversidades em inter- relações.
Somos contra os monocultivos e o agronegócio e assim apoiar outras formas de consumo pautado na preservação ambiental, na organização de cadeias produtivas e redes de produção, comercialização e consumo, valorizando a potencialidade amazônica, a economia solidária e o saber tradicional.
Entendemos que o conceito de "economia verde" proposto por Governos e Empresas se refere apenas à manutenção do crescimento econômico, abandonando a articulação necessária com o social e o ambiental. Ele representa a mercantilização da Vida dos Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e áreas florestais. Caminhamos p ara o conceito de desenvolvimento sustentável à partir das práticas das comunidades, por isso afirmamos que é papel do Governo garantir Políticas Públicas e Não à Privatização da Vida!.
Ressaltamos ainda que, os conflitos no campo por terra tiveram acentuado crescimento, com o aumento de despejos e assassinatos de camponeses, apoiadores, militantes e lideranças pela pistolagem. Nenhum mandante e executor foi preso ou teve suas propriedades colocadas á disposição para fins da Reforma Agrária, pelo contrário continuam dominando enormes extensões de terra e explorando trabalhadores. O que existe ademais par a o agronegócio é a criminalização das lutas e o aumento do aparato repressivo, além do encorajamento dos bandos armados a serviço do latifúndio. Queremos a Reforma Agrária Já!.
Por fim reafirmamos que nossas bandeiras de lutas na reinvenção do mundo são: reforma agrária, homologação de terras indígenas, investimentos em agroecologia e economia solidária, autonomia de gestão dos territórios, saúde e educação para todos, democratização dos meios de comunicação.
Nos colocamos em defesa permanente da Amazônia, da Vida, da integridade dos povos e de seus territórios e contra a mercantilização da natureza.
Nos propomos a realizar ações que articulem a troca de saberes/conhecimentos populares e trabalhem a identidade amazônica com sua etnodiversidade no campo e na cidade. (como dos povos indígenas, comunidades tradicionais como ribeirinhas, quilombolas, trabalhadoras/es camponesas/es, trabalhadores urbanos,).
Acreditamos na Economia Solidária, nas tecnologias sociais que promovem a Vida e nas diversas redes de organização popular à exemplo do Fórum Social Pan-Amazônico a ser realizado de 1 a 4 de Dezembro de 2012 em Cobija - Bolívia.
Estamos em Luta permanente pelo Bem Viver!
Porto Velho 02 de junho de 2012.
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