Depois de encontro com Dilma, Sticcero e MAB se reúnem com Gilberto Carvalho para cobrar ações nas usinas em Rondônia
12/07/2011
Audiência acontece nesta quarta (13), às 16h, em Brasília
Escrito por: Luiz Carvalho
Após quatro meses dos conflitos que paralisaram a construção da Usina de Jirau e provocaram uma revolta na hidrelétrica de Santo Antônio, ambas em Rondônia, a situação de precarização nas relações trabalhistas ainda predomina nos canteiros de obra, conforme relataram trabalhadores à presidenta Dilma Rousseff.
No último dia 5, ela visitou a usina de Santo Antônio para acionar o dispositivo que desvia as águas do rio Madeira para as comportas da hidrelétrica e atendeu aos pedidos do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) para uma audiência.
Durante o encontro, dirigentes das duas entidades entregaram uma carta à presidenta (clique aquipara ler) em que relataram a continuidade dos problemas que levaram à confusão nas obras – parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) –, como o uso da violência por parte das empresas contra os operários. “A Força Nacional tem atuado como segurança do consórcio em Jirau, ao lado da Patrimonial, contratada pela Camargo Correa. Exemplo disso foi que no último dia 13, com apoio da Força Nacional, vários trabalhadores tiveram os pertences confiscados e levados para a delegacia com a alegação de que teriam participado da revolta na usina. Mas, não apresentaram nenhuma prova na audiência com o Ministério Público”, denunciou Altair Donizete, vice-presidente do Sticcero.
Justa causa sem saber
Segundo ele, parte dos operários de outros estados, que foram enviados temporariamente para as regiões de origem pelo Consórcio Energia Sustentável, controlado pela Camargo Correa e pela francesa GDF Suez, responsáveis pela construção de Jirau, estão sendo demitidos por justa causa. Cerca de 6 mil já foram dispensados.. Além disso, muitos outros têm se descolado para Porto Velho, capital de Rondônia, com recursos próprios. “Temos mais de 30 ações na Justiça denunciando isso. Alguns sequer sabem que foram demitidos enquanto estavam em casa. Desde os conflitos, a relação com as empresas retrocedeu e aumentou a dificuldade para ter acesso ao canteiro de obras”, avaliou.
Durante a conversa com Dilma, Donizete citou outros problemas como a existência de trabalhadores sem carteira assinada em canteiros e terceirizadas do Consórcio Energia Sustentável que se recusam a cumprir o acordo coletivo e dificultam o acesso do sindicato aos operários. O representante do Sticcero também cobrou maior empenho do governo em acompanhar a fiscalização das obras. “Não há um número suficiente de fiscais, por isso é fundamental que o governo aumente o efetivo”, indica.
O MAB também alertou Dilma sobre a situação dois ribeirinhos na região. Conforme aponta Cazu Shikasho, coordenador estadual do movimento, o assentamento de Nova Mutum, para onde foram levadas as famílias do município de Velha Mutum, atingidas pela barragem de Jirau, não corresponde à necessidade das pessoas. “As famílias permanecem sem terra para produzir e o subsídio que a empresa pagava terminou neste mês. Muitos tiveram que pagar contas de água de até R$ 150, ao contrário do que acontecia antes, quando utilizam os recursos naturais dos rios”, conta.
Ele conta ter ouvido também de diversos moradores a preocupação com o fim das obras no entorno da usina. Muitos acreditam, destaca Shikasho, que o lugar se transformará em uma imensa favela a céu aberto, quando os diretores e encarregados do consórcio deixarem o lugar.
Conversa dura –Diante das denúncias, a presidenta Dilma Rousseff encarregou o Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de visitar os canteiros e fazer uma conversa “memorável”, conforme classificou, com os consórcios.
Paralelamente, o diálogo com os movimentos sociais será mantido e o próximo encontro acontece nesta quarta-feira (13), às 16h, no Palácio do Planalto.
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