PLENÁRIO
11/12/2012 13h53
Senado entrega comenda a personalidades que se destacaram na luta pelos direitos humanos
Dois arcebispos, um juiz aposentado,
um sindicalista e um procurador da República foram os homenageados
deste ano com a Comenda Dom Helder Câmara de Direitos Humanos. Eles
receberam a distinção na manhã desta terça-feira, no Plenário do Senado
Federal, em sessão especial presidida pelo senador Inácio Arruda
(PCdoB-CE).
Estiveram presentes quatro dos cinco agraciados: Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba; Felício Pontes Júnior, procurador da República no Pará; Manoel Conceição Santos, líder sindical; e João Baptista Herkenhoff, professor e juiz aposentado.
Também reverenciado com a comenda, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que tem 91 anos, foi representado pelo padre José Augusto Brasil.
Em discurso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) enalteceu a trajetória de Dom Paulo, lembrando, entre outros episódios, que ele liderou o projeto Brasil: Nunca Mais, que pesquisou e tornou públicas informações sobre a repressão durante a ditadura militar; e vendeu o palácio episcopal de São Paulo, destinando o dinheiro da venda à construção de centros comunitários para os mais pobres.
Para Simon, a homenagem do Senado foi o coroamento de uma série de iniciativas do Poder Público a favor dos direitos humanos realizadas neste ano, como a criação de diversas comissões da verdade – na Presidência da República, na Câmara dos Deputados e nos estados – com o intuito de elucidar, sem espírito de revanchismo, o que aconteceu durante a ditadura.
Solidariedade
Dom José Maria Pires falou em nome de todos os agraciados. Ele agradeceu a comenda e prestou homenagem a Dom Helder Câmara, com quem conviveu por muitos anos. Segundo o arcebispo emérito da Paraíba, o antigo arcebispo de Recife, que faleceu em 1999, o ensinou a buscar sempre o diálogo, a amar o inimigo e a viver a pobreza evangélica.
- Ele não tinha carro, andava de ônibus. Não tinha secretário particular. A cruz peitoral de ouro foi substituída por uma cruz de madeira. Nunca pregou contra os ricos, mas ensinava que o caminho de salvação dos ricos passava pelos pobres, não no sentido de que o rico devia se desfazer de seus bens, mas no sentido da solidariedade – disse.
Dom José Maria Pires disse ainda que a ditadura acabou e que hoje os males são outros: a violência, que dizima os pobres; as drogas, que aprisionam os jovens e o sexo sem amor, que transforma as pessoas em objetos. Para combater tais problemas, ele disse que é preciso ir além de atitudes defensivas, buscando redescobrir a solidariedade humana.
- Somos todos convidados a dar nossa parcela, por pequena que seja, para que esse mundo diferente, mas possível, deixe de ser uma utopia. Assumir esse compromisso é a melhor maneira de honrar o modelo que nos é proposto, que é Dom Helder Câmara.
Outro condecorado, João Baptista Herkenhoff, também fez breve homenagem a Dom Helder e o procurador Felício Pontes Júnior dedicou a comenda “aos procuradores da República que atuam na Amazônia na defesa dos invisíveis”, como os quilombolas, os índios, os ribeirinhos, os apanhadores de açaí, e as quebradoras de babaçu.
Na abertura da sessão, Inácio Arruda manifestou solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), que também já recebeu, em edição anterior, a Comenda Dom Helder. Em decorrência das ameaças de morte que tem recebido em função de seu trabalho em prol das comunidades mais pobres da região, especialmente dos índios xavantes, ele teve que se afastar provisoriamente de sua prelazia.
Saiba mais sobre os homenageados deste ano:
Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em Forquilhinha (SC) e tem 91 anos. Coordenou o projeto Brasil: Nunca Mais, que reuniu informações sobre a repressão promovida pela ditadura militar. Em 1972, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, fórum de denúncia contra as violências praticadas pelo regime da época. Em 1985 criou a Pastoral da Criança, com a ajuda da sua irmã, Zilda Arns.
Mineiro de Córregos, Dom José Maria Pires tem 93 anos. Por três décadas, foi arcebispo da Paraíba, onde se destacou na defesa dos mais pobres. Por meio do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, fornecia advogados, assistentes sociais e outros profissionais às pessoas carentes.
João Batista Herkenhoff, de 75 anos, é livre docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES). Advogado, promotor de Justiça, juiz do Trabalho e juiz de Direito, foi um dos fundadores e ainda é membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória. Atualmente, também é membro da Associação Padre Miguel Maire em Defesa da Vida de Vitória e do Conselho de Curadores do Centro Heleno Fragoso pelos Direitos Humanos, de Curitiba. É militante dos direitos humanos desde o período da ditadura e já escreveu vários livros sobre o tema.
Felício Pontes Júnior tem 46 anos, nasceu em Belém e é procurador da República do Estado do Pará. Iniciou sua carreira como advogado do Centro de Defesa de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Atualmente atua em casos de improbidade administrativa, na proteção ao meio ambiente e aos direitos indígenas, das crianças e das comunidades tradicionais.
Manoel da Conceição Santos, nasceu em 1935, em Coroatá (MA). Sua trajetória começa organizando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no Maranhão, que chegou a ter 100 mil filiados. Contribuiu mais tarde para a organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi preso e torturado durante a ditadura militar. Atualmente atua na organização de cooperativas, procurando incentivar a economia solidária.
Estiveram presentes quatro dos cinco agraciados: Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba; Felício Pontes Júnior, procurador da República no Pará; Manoel Conceição Santos, líder sindical; e João Baptista Herkenhoff, professor e juiz aposentado.
Também reverenciado com a comenda, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que tem 91 anos, foi representado pelo padre José Augusto Brasil.
Em discurso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) enalteceu a trajetória de Dom Paulo, lembrando, entre outros episódios, que ele liderou o projeto Brasil: Nunca Mais, que pesquisou e tornou públicas informações sobre a repressão durante a ditadura militar; e vendeu o palácio episcopal de São Paulo, destinando o dinheiro da venda à construção de centros comunitários para os mais pobres.
Para Simon, a homenagem do Senado foi o coroamento de uma série de iniciativas do Poder Público a favor dos direitos humanos realizadas neste ano, como a criação de diversas comissões da verdade – na Presidência da República, na Câmara dos Deputados e nos estados – com o intuito de elucidar, sem espírito de revanchismo, o que aconteceu durante a ditadura.
Solidariedade
Dom José Maria Pires falou em nome de todos os agraciados. Ele agradeceu a comenda e prestou homenagem a Dom Helder Câmara, com quem conviveu por muitos anos. Segundo o arcebispo emérito da Paraíba, o antigo arcebispo de Recife, que faleceu em 1999, o ensinou a buscar sempre o diálogo, a amar o inimigo e a viver a pobreza evangélica.
- Ele não tinha carro, andava de ônibus. Não tinha secretário particular. A cruz peitoral de ouro foi substituída por uma cruz de madeira. Nunca pregou contra os ricos, mas ensinava que o caminho de salvação dos ricos passava pelos pobres, não no sentido de que o rico devia se desfazer de seus bens, mas no sentido da solidariedade – disse.
Dom José Maria Pires disse ainda que a ditadura acabou e que hoje os males são outros: a violência, que dizima os pobres; as drogas, que aprisionam os jovens e o sexo sem amor, que transforma as pessoas em objetos. Para combater tais problemas, ele disse que é preciso ir além de atitudes defensivas, buscando redescobrir a solidariedade humana.
- Somos todos convidados a dar nossa parcela, por pequena que seja, para que esse mundo diferente, mas possível, deixe de ser uma utopia. Assumir esse compromisso é a melhor maneira de honrar o modelo que nos é proposto, que é Dom Helder Câmara.
Outro condecorado, João Baptista Herkenhoff, também fez breve homenagem a Dom Helder e o procurador Felício Pontes Júnior dedicou a comenda “aos procuradores da República que atuam na Amazônia na defesa dos invisíveis”, como os quilombolas, os índios, os ribeirinhos, os apanhadores de açaí, e as quebradoras de babaçu.
Na abertura da sessão, Inácio Arruda manifestou solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), que também já recebeu, em edição anterior, a Comenda Dom Helder. Em decorrência das ameaças de morte que tem recebido em função de seu trabalho em prol das comunidades mais pobres da região, especialmente dos índios xavantes, ele teve que se afastar provisoriamente de sua prelazia.
Saiba mais sobre os homenageados deste ano:
Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em Forquilhinha (SC) e tem 91 anos. Coordenou o projeto Brasil: Nunca Mais, que reuniu informações sobre a repressão promovida pela ditadura militar. Em 1972, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, fórum de denúncia contra as violências praticadas pelo regime da época. Em 1985 criou a Pastoral da Criança, com a ajuda da sua irmã, Zilda Arns.
Mineiro de Córregos, Dom José Maria Pires tem 93 anos. Por três décadas, foi arcebispo da Paraíba, onde se destacou na defesa dos mais pobres. Por meio do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, fornecia advogados, assistentes sociais e outros profissionais às pessoas carentes.
João Batista Herkenhoff, de 75 anos, é livre docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES). Advogado, promotor de Justiça, juiz do Trabalho e juiz de Direito, foi um dos fundadores e ainda é membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória. Atualmente, também é membro da Associação Padre Miguel Maire em Defesa da Vida de Vitória e do Conselho de Curadores do Centro Heleno Fragoso pelos Direitos Humanos, de Curitiba. É militante dos direitos humanos desde o período da ditadura e já escreveu vários livros sobre o tema.
Felício Pontes Júnior tem 46 anos, nasceu em Belém e é procurador da República do Estado do Pará. Iniciou sua carreira como advogado do Centro de Defesa de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Atualmente atua em casos de improbidade administrativa, na proteção ao meio ambiente e aos direitos indígenas, das crianças e das comunidades tradicionais.
Manoel da Conceição Santos, nasceu em 1935, em Coroatá (MA). Sua trajetória começa organizando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no Maranhão, que chegou a ter 100 mil filiados. Contribuiu mais tarde para a organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi preso e torturado durante a ditadura militar. Atualmente atua na organização de cooperativas, procurando incentivar a economia solidária.
Moisés de Oliveira Nazário
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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