quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Xapuri, o Empate continua

DECLARAÇÃO DE XAPURI
CHICO MENDES NO EMPATE CONTRA AS FALSAS SOLUÇÕES DO CAPITALISMO VERDE
         

Daqui de Xapuri, afirmamos ao mundo que Chico Mendes não morreu: foi assassinado. Esse foi o preço que ele pagou por dedicar sua vida à causa da reforma agrária e da proteção da floresta, já que os dominantes nunca aceitaram que os povos da floresta tivessem direito à terra, ao pão e ao sonho. Acharam que assassinando-o, enterrariam sua luta. Mas, já era tarde. Chico havia se transformado numa força que ultrapassou sua existência física.
Desde seu assassinato, sua memória cresceu em importância. Conscientes disso e com medo de seu poder libertário, os de cima se lançaram na tarefa de se apropriar dela através de um contínuo e sistemático processo de distorção.
Isso foi o que os governos da Frente Popular do Acre (FPA) fizeram ao longo dos últimos 20 anos: servindo aos interesses do capital internacional, impuseram, usando e abusando da imagem de Chico Mendes, um conjunto de políticas cujo resultado foi o aumento da privatização e da destruição da floresta.
Indo da exploração florestal madeireira, de gás e petróleo no Vale do Juruá, e da mineração, passando pela pecuária extensiva de corte e abrindo as portas para os projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal - REDD e outras formas de Pagamentos para Serviços Ambientais – PSA, essas políticas representam, em tudo, a mais absoluta negação daquilo que o líder seringueiro defendeu, pois privatizam as florestas, violam os direitos dos povos da floresta e os tratam como criminosos.
Em todo esse processo desfiguram e, num certo sentido, assassinam Chico Mendes, uma e outras vezes mais, fazendo dele um defensor do mesmo capitalismo que o assassinou, ou seja, fazendo dele o contrário do que ele foi.
Lamentavelmente, o que vemos hoje no Acre é a tentativa de transformar em mercadoria terras e territórios que são sagrados para os povos originários e que, além disso, são a base de subsistência de todos os habitantes da floresta.

Por isso é que, nos últimos anos, vimos crescer em nosso meio a criminalização tanto de práticas ancestrais das comunidades locais, como de toda forma de resistência à apropriação capitalista da natureza.
Fiéis ao legado de lutas de Chico Mendes, denunciamos esses projetos assassinos e aqueles que os defendem. Com base em nossas dolorosas experiências, afirmamos ao mundo que propostas como “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” não passam de farsa e tragédia.
São farsa porque não protegem a natureza como dizem. São uma tragédia porque fazem exatamente o contrário disso. E nós sabemos a razão: não há saída no capitalismo, seja em qualquer uma de suas formas, ou com qualquer uma de suas cores. Não pode cuidar da vida um sistema assassino.   
Denunciamos essa farsa e exigimos a suspensão imediata de todos os projetos de exploração florestal madeireira e de todas as políticas de compensação ambiental e climáticas derivadas das falsas soluções do capitalismo verde, a demarcação de todas as terras dos povos indígenas, e uma reforma agrária com soberania popular. 
Pela Amazônia, pela reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e contra o capitalismo verde e de todas as outras cores, seja conduzido por governos ditos de esquerda ou por governos assumidamente fascistas!


Chico Mendes vive. A luta segue.







Xapuri, 16 de dezembro de 2018











Assinam esta carta as seguintes entidades:

Grupo de Pesquisa Trabalho, Território e Política na Amazônia (TRATEPAM)
Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental (NUPESDAO)
Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM)
Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre e Amazonas (OPIAJBAM))
Movimento dos Pequenos Agricultores de Rondônia (MPA)
Via Campesina
Amigos da Terra - Brasil
Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Ufac (CACS)
Movimento Esquerda Socialista – PSOL
Coletivo Juntos - Acre
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (STR-Xapuri)
Federação do Povo Huni Kui do Acre (FEPAHC)
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS)
Instituto Madeira Vivo – IMV
Aliança dos Rios Panamazonicos
Equipe Itinerante
Centro Shuar Kupiamais (Equador)
Conselho Indigenista Missionário – Cimi









terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Xapuri...de Chico Mendes a Mercantilização da natureza

http://lindomarpadilha.blogspot.com/2018/12/declaracao-de-xapuri-chico-mendes-no.html?m=1


DECLARAÇÃO DE XAPURI
CHICO MENDES NO EMPATE CONTRA AS FALSAS SOLUÇÕES DO CAPITALISMO VERDE
         

Daqui de Xapuri, afirmamos ao mundo que Chico Mendes não morreu: foi assassinado. Esse foi o preço que ele pagou por dedicar sua vida à causa da reforma agrária e da proteção da floresta, já que os dominantes nunca aceitaram que os povos da floresta tivessem direito à terra, ao pão e ao sonho. Acharam que assassinando-o, enterrariam sua luta. Mas, já era tarde. Chico havia se transformado numa força que ultrapassou sua existência física.
Desde seu assassinato, sua memória cresceu em importância. Conscientes disso e com medo de seu poder libertário, os de cima se lançaram na tarefa de se apropriar dela através de um contínuo e sistemático processo de distorção.
Isso foi o que os governos da Frente Popular do Acre (FPA) fizeram ao longo dos últimos 20 anos: servindo aos interesses do capital internacional, impuseram, usando e abusando da imagem de Chico Mendes, um conjunto de políticas cujo resultado foi o aumento da privatização e da destruição da floresta.
Indo da exploração florestal madeireira, de gás e petróleo no Vale do Juruá, e da mineração, passando pela pecuária extensiva de corte e abrindo as portas para os projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal - REDD e outras formas de Pagamentos para Serviços Ambientais – PSA, essas políticas representam, em tudo, a mais absoluta negação daquilo que o líder seringueiro defendeu, pois privatizam as florestas, violam os direitos dos povos da floresta e os tratam como criminosos.
Em todo esse processo desfiguram e, num certo sentido, assassinam Chico Mendes, uma e outras vezes mais, fazendo dele um defensor do mesmo capitalismo que o assassinou, ou seja, fazendo dele o contrário do que ele foi.
Lamentavelmente, o que vemos hoje no Acre é a tentativa de transformar em mercadoria terras e territórios que são sagrados para os povos originários e que, além disso, são a base de subsistência de todos os habitantes da floresta.

Por isso é que, nos últimos anos, vimos crescer em nosso meio a criminalização tanto de práticas ancestrais das comunidades locais, como de toda forma de resistência à apropriação capitalista da natureza.
Fiéis ao legado de lutas de Chico Mendes, denunciamos esses projetos assassinos e aqueles que os defendem. Com base em nossas dolorosas experiências, afirmamos ao mundo que propostas como “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” não passam de farsa e tragédia.
São farsa porque não protegem a natureza como dizem. São uma tragédia porque fazem exatamente o contrário disso. E nós sabemos a razão: não há saída no capitalismo, seja em qualquer uma de suas formas, ou com qualquer uma de suas cores. Não pode cuidar da vida um sistema assassino.   
Denunciamos essa farsa e exigimos a suspensão imediata de todos os projetos de exploração florestal madeireira e de todas as políticas de compensação ambiental e climáticas derivadas das falsas soluções do capitalismo verde, a demarcação de todas as terras dos povos indígenas, e uma reforma agrária com soberania popular. 
Pela Amazônia, pela reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e contra o capitalismo verde e de todas as outras cores, seja conduzido por governos ditos de esquerda ou por governos assumidamente fascistas!


Chico Mendes vive. A luta segue.







Xapuri, 16 de dezembro de 2018











Assinam esta carta as seguintes entidades:

Grupo de Pesquisa Trabalho, Território e Política na Amazônia (TRATEPAM)
Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental (NUPESDAO)
Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM)
Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre e Amazonas (OPIAJBAM))
Movimento dos Pequenos Agricultores de Rondônia (MPA)
Via Campesina
Amigos da Terra - Brasil
Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Ufac (CACS)
Movimento Esquerda Socialista – PSOL
Coletivo Juntos - Acre
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (STR-Xapuri)
Federação do Povo Huni Kui do Acre (FEPAHC)
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS)
Instituto Madeira Vivo (IMV)
Aliança dos Rios Panamazonicos
Comite Defensores de la Vida Amazonica en la Cuenca del Madeira
Equipe Itinerante
Centro Shuar Kupiamais (Equador)
Conselho Indigenista Missionário – Cimi




sábado, 15 de dezembro de 2018

De Xapuri ecoa Vozes distoantes do neodesenvolvimento


Indígenas, extrativistas, campesinos do Brasil e Ecuador em Xapuri denunciam a financeirização da natureza



Mais de 50 lideranças indígenas, campesinos, indigenistas, extrativistas, pesquisadores e socioambientalistas, do Brasil e do Ecuador, estão reunidos em Xapuri desde este dia 14 de dezembro e denunciam as mazelas dos projetos de sequestro de carbono, denominada economia verde, manchada de sangue dos povos que têm seus territórios privatizados por estes projetos que visam dar condições às empresas poluidoras no Brasil e exterior de continuarem a produzir e poluir, enquanto que em reservas extrativistas, assentamentos e terras indígenas seus habitantes são privados de utilizarem a natureza em prol de suas vidas.
As lideranças denunciam que a imagem de Chico Mendes e sua morte tem sido utilizada como marketing para captação de recursos e venda da floresta com o discurso da conservação ambiental.
Denunciam que Chico Mendes foi assassinado por não concordar com a prática dos "paulistas", os fazendeiros que derrubavam para se apossar e expulsar os moradores tradicionais. Com o discurso da sustentabilidade só mudaram os métodos, mas os fins continuam os mesmos.
Por outro lado, na noite desse dia 14 um show em praça pública da o tom de que uma grande festa se aproxima  e se iciará na manhã do dia 15 um mega evento, com estrelas do socioambientalismo nacional e internacional, patrocinado por muitos órgãos de governo e entidades com uma vasta programação até dia 17, porém sem espaço para debate e interlocução dos discursos com as práticas no campo.
Será que o mega evento é para denunciar as violências, esse modelo econômico do qual Chico Mendes e tantos lutadores e lutadoras foram vítimas?
O evento paralelo como tem sido chamado este das vítimas do REDD produzirá uma carta pública e a divulgará no dia 16 no encerramento do mesmo.

De Xapuri, Iremar Ferreira

sábado, 1 de dezembro de 2018

FRENTE POR UMA NOVA POLÍTICA ENERGÉTICA EM CARTA AO POVO BRASILEIRO

http://fmclimaticas.org.br/carta-aberta-da-frente-por-uma-nova-politica-energetica-para-o-brasil/

SEMINÁRIO NACIONAL DO FÓRUM MUDANÇAS CLIMATICAS EM BRASILIA

http://fmclimaticas.org.br/resistencia-comecou-o-seminario-nacional-do-forum-mudancas-climaticas-e-justica-social/

SEMINÁRIO BIOMA PANTANAL

http://fmclimaticas.org.br/povos-e-comunidades-do-pantanal-se-reunem-para-discutir-a-situacao-do-bioma/

RIO MADEIRA ANUNCIA TEMPO DE INCERTEZAS EM SUAS MARGENS

"O mesmo rio que gera vida também pode gerar flagelo das populações que vivem em suas margens"! 

Nos últimos dias de novembro de 2018 a Defesa Civil do Município de Porto Velho e do Estado de Rondônia já entrou em campo para alertar a população de possível nova cheia, fator que chamamos de inundação pelo fato da mesma extrapolar os limites do conhecimento tradicional, pois é motivada pela interferência no curso de água do Rio Madeira com a construção das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau.

Todos os sinais são evidentes de que 2019 pode ser tanto quanto a inundação de 2014, já que antes mesmo de iniciar o mês de dezembro, ruas da cidade de Guajará Mirim, distante cerca de 350km da capital, Porto Velho, já se encontram com partes alagadas, fator que geralmente acontece no mês de janeiro para fevereiro. Isso pode ser motivada por dois fatores: a barragem de Jirau está represando mais água que o devido para o período ou está caindo muita chuva nas cabeceiras dos principais formadores do Rio Madeira, em território boliviano, ao ponto de já ter enxarcado as planícies e descendo num volume alto de água provocando esta inundação "atípica", já que ao chegar nos pés da barragem de Jirau, num efeito de remanso regressa e inundando as partes mais baixas na calha do rio.

Os efeitos dessa elevação também pode ser observado no asfalto inundado, da BR 364, na região da antiga Velha Mutum, cuja pista tem lugares parcialmente alagados devido as obras de elevação que pela segunda vez tentam tirá-la do nível de inundação, claro tudo isso pago com recursos do povo brasileiro. Este fato pode ser observado em imagem abaixo, extraída do Jornal Diário da Amazônia deste dia 01-12-2018. (https://www.diariodaamazonia.com.br/agua-cobre-trecho-da-br-364-em-rondonia-e-ameaca-isolar-o-acre/)

Entretanto, na cidade de Porto Velho, na região da beira do Madeira, de modo particular no Porto do Cai N´Agua e Estrada de Ferro Madeira Mamoré, abaixo da hidrelétrica de Santo Antonio, a situação já é alarmante e pode ser percebida pela elevação da água em igarapés que deveriam jogar água no Madeira e o fluxo já está ao contrário, estes estão elevados com água adentrando bairros. Por outro lado, as pedras da barreira de contenção, com vistas à proteção do patrimônio histórico material com mais de 100 anos de existência, mais uma vez está ameaçada e provavelmente sofrerá nova inundação, conforme imagens abaixo, que demonstra a gravidade do problema.

Diante desse cenário em curso, fica as indagações quanto a situação das comunidades rio à baixo como São Carlos, Nazaré, Calama, dezenas de pequenas comunidades e milhares de famílias que vivem à mercê da própria sorte, já que o poder público nas diversas instâncias, sequer expressam preocupação e ação para mitigar os problemas decorrentes da inundação de 2014 (reassentamento, queda de barrancos), quem dirá frente às novas ameaças.

Senhor Venâncio, morador antigo de Nazaré, no baixo Madeira assim enxerga este momento: "eu vivo aqui a mais de 50 anos e nunca tinha sofrido como na inundação de 2014...mas eles falaram que foi chuva anormal, mas este ano de 2018 nós fomos inundados de novo, então quer dizer que o que era anormal está ficando normal e isso é perigoso pra nós, pois não sabemos o que será no dia de amanhã...se nois plantar pode perder tudo, ai não planta e se não planta fica sem comida...como fazer diante disso...antes das hidrelétricas não era assim, depois que mexeram tudo no rio e o desmatamento as coisas mudaram muito...até o sol tá mais quente!"

Diante das incertezas deste povo da beira, da cuenca do rio Madeira, o que poderá esperar do novo governo já que o mesmo antes de assumir a presidência, já renuncia aos tratados ambientais internacionais assumidos pelo Brasil e até mesmo de receber no Brasil a Conferência das Partes sobre o Clima - COP25 em 2019.








SEMINÁRIO NACIONAL DO FÓRUM MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL DIVULGA CARTA ÀS PESSOAS DE BOA VONTADE


TEMPO DE INCERTEZAS E ESPERANÇA

CARTA DO SEMINÁRIO NACIONAL

Reunidos em Brasília entre 27 e 30 de novembro de 2018, nós participantes do FÓRUM MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL tornamos pública esta Carta em momento histórico de incerteza e insegurança. Tempo que nos convoca à esperança.

Na contramão da História recente, o governo eleito em outubro deste ano anuncia políticas que aprofundarão o abismo das desigualdades de renda, riqueza, liberdade e condições de vida em todo o Brasil. A cultura do pensamento único buscará substituir o diálogo e a liberdade de opinião e de expressão. Que efeitos terão o desmonte do poder regulador do Estado, a privatização de propriedades públicas estratégicas e a entrega das nossas empresas e bens naturais, protegidos pela Constituição, a corporações transnacionais?  Aqueles que deverão governar o Brasil até 2022 trazem a desproteção social e ambiental através de contrarreformas da previdência e trabalhista e da mercantilização da Natureza. As perseguições aos que lutam por seus direitos, em particular os movimentos de mulheres, as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, também fazem parte deste contexto. A população brasileira sofrerá mais com o aumento da exploração e da opressão. A Nação empobrecerá com a perda da soberania sobre seu território e suas riquezas.

A desistência do Brasil em sediar a COP25 - a Conferência do Clima de 2019) - teria o intuito de encobrir a política anunciada de intensificação da entrega da Amazônia, das águas - inclusive as subterrâneas -  e das riquezas vegetais e minerais à ganância do capital transnacional, consolidando a renúncia à soberania nacional com a cumplicidade do Exército brasileiro? Isto ameaça a subsistência de todas as formas de vida, inclusive dos povos das águas, da floresta e dos campos, e altera radicalmente o equilíbrio climático de todo o planeta. Estas imposições do modelo de desenvolvimento econômico predatório beneficiam o grande capital transnacional e comprometem também a vida em todos os biomas.

Por outro lado, as ações de resistência com base no anseio pelo Bem Viver e pelas relações solidárias entre as pessoas e com os ecossistemas têm se fortalecido através do engajamento de entidades e comunidades em redes de atuação organizadas pela defesa dos bens comuns como patrimônio da Terra e dos seus povos, portanto, não privatizáveis. Estamos construindo um modo de vida que parte dos territórios geridos pelas comunidades locais e pelos seus habitantes, que são os primeiros interessados num ambiente acolhedor e protegido. A autogestão desses territórios é o caminho para a soberania alimentar e nutricional com base agroecológica. Como guardiãs da integridade dos ecossistemas, estas comunidades são sujeitos ativos no planejamento e implementação do desenvolvimento socioeconômico e técnico baseado nas suas próprias demandas. Isto implica o resgate do papel do Estado como indutor do empoderamento democrático da população.

Diversas iniciativas demonstram que estas ações de resistência e inovação já estão em marcha, tais como a campanha Água Nossa de Cada Dia, o Tribunal dos Povos do Cerrado 2019, o Pantanal Sem Limites, a Campanha da Fraternidade sobre políticas públicas, a Campanha das Cisternas no Semi-Árido, a campanha Territórios Pesqueiros, a Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, o Fórum Social Panamazônico e a rede nacional de cooperativas Concrab do MST, que fecha cada ano com uma Feira Nacional da Reforma Agrária.

Defendemos uma visão multilateral da Governança Global, onde a hierarquia cede lugar à Democracia e a Cidadania Planetária une os povos, irmanados na nossa Casa Comum.

Defendemos o esforço intensivo para inverter até 2020 a tendência de aumento das emissões de gases de efeito estufa e estancar urgentemente o desastroso aquecimento global.

Defendemos a superação da Soberania solitária dos nacionalismos fascistas pela Soberania Solidária, que acolhe com respeito mútuo a diversidade dos povos e das suas culturas.

Frente ao comprometimento das entidades do Fórum em investirem na formação para a comunicação e a educação populares, vislumbramos diversas possibilidades para o fortalecimento de práticas transformadoras e para a formação de sujeitos críticos e cientes da força multiplicadora dos ideais de paz e justiça. O objetivo é ir além da resistência, que por vezes é reativa e limitada à pauta determinada pelos detentores do poder político e econômico. Mais do que isto, é importante resgatar o potencial revolucionário da unidade que pode nascer somente da diversidade trazida por cada ser e por cada realidade.

Unimo-nos às redes de cidadãs e cidadãos planetários para lançarmos juntos o Apelo às Consciências e a Ágora dos Habitantes da Terra, celebrando os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10.12.18, em defesa da Vida do planeta e do Bem Viver como ideal unificador de todos os povos em igual dignidade, liberdade e irmandade.

“A Terra espera ardentemente Práticas Humanas para Libertar-se”

Novembro de 2018