sábado, 1 de dezembro de 2018

RIO MADEIRA ANUNCIA TEMPO DE INCERTEZAS EM SUAS MARGENS

"O mesmo rio que gera vida também pode gerar flagelo das populações que vivem em suas margens"! 

Nos últimos dias de novembro de 2018 a Defesa Civil do Município de Porto Velho e do Estado de Rondônia já entrou em campo para alertar a população de possível nova cheia, fator que chamamos de inundação pelo fato da mesma extrapolar os limites do conhecimento tradicional, pois é motivada pela interferência no curso de água do Rio Madeira com a construção das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau.

Todos os sinais são evidentes de que 2019 pode ser tanto quanto a inundação de 2014, já que antes mesmo de iniciar o mês de dezembro, ruas da cidade de Guajará Mirim, distante cerca de 350km da capital, Porto Velho, já se encontram com partes alagadas, fator que geralmente acontece no mês de janeiro para fevereiro. Isso pode ser motivada por dois fatores: a barragem de Jirau está represando mais água que o devido para o período ou está caindo muita chuva nas cabeceiras dos principais formadores do Rio Madeira, em território boliviano, ao ponto de já ter enxarcado as planícies e descendo num volume alto de água provocando esta inundação "atípica", já que ao chegar nos pés da barragem de Jirau, num efeito de remanso regressa e inundando as partes mais baixas na calha do rio.

Os efeitos dessa elevação também pode ser observado no asfalto inundado, da BR 364, na região da antiga Velha Mutum, cuja pista tem lugares parcialmente alagados devido as obras de elevação que pela segunda vez tentam tirá-la do nível de inundação, claro tudo isso pago com recursos do povo brasileiro. Este fato pode ser observado em imagem abaixo, extraída do Jornal Diário da Amazônia deste dia 01-12-2018. (https://www.diariodaamazonia.com.br/agua-cobre-trecho-da-br-364-em-rondonia-e-ameaca-isolar-o-acre/)

Entretanto, na cidade de Porto Velho, na região da beira do Madeira, de modo particular no Porto do Cai N´Agua e Estrada de Ferro Madeira Mamoré, abaixo da hidrelétrica de Santo Antonio, a situação já é alarmante e pode ser percebida pela elevação da água em igarapés que deveriam jogar água no Madeira e o fluxo já está ao contrário, estes estão elevados com água adentrando bairros. Por outro lado, as pedras da barreira de contenção, com vistas à proteção do patrimônio histórico material com mais de 100 anos de existência, mais uma vez está ameaçada e provavelmente sofrerá nova inundação, conforme imagens abaixo, que demonstra a gravidade do problema.

Diante desse cenário em curso, fica as indagações quanto a situação das comunidades rio à baixo como São Carlos, Nazaré, Calama, dezenas de pequenas comunidades e milhares de famílias que vivem à mercê da própria sorte, já que o poder público nas diversas instâncias, sequer expressam preocupação e ação para mitigar os problemas decorrentes da inundação de 2014 (reassentamento, queda de barrancos), quem dirá frente às novas ameaças.

Senhor Venâncio, morador antigo de Nazaré, no baixo Madeira assim enxerga este momento: "eu vivo aqui a mais de 50 anos e nunca tinha sofrido como na inundação de 2014...mas eles falaram que foi chuva anormal, mas este ano de 2018 nós fomos inundados de novo, então quer dizer que o que era anormal está ficando normal e isso é perigoso pra nós, pois não sabemos o que será no dia de amanhã...se nois plantar pode perder tudo, ai não planta e se não planta fica sem comida...como fazer diante disso...antes das hidrelétricas não era assim, depois que mexeram tudo no rio e o desmatamento as coisas mudaram muito...até o sol tá mais quente!"

Diante das incertezas deste povo da beira, da cuenca do rio Madeira, o que poderá esperar do novo governo já que o mesmo antes de assumir a presidência, já renuncia aos tratados ambientais internacionais assumidos pelo Brasil e até mesmo de receber no Brasil a Conferência das Partes sobre o Clima - COP25 em 2019.








Um comentário:

Iremar Antonio Ferreira disse...

Breve atualizarei está postagem...nova inundação vem aí...