quarta-feira, 29 de julho de 2009

MALÁRIA E HIDRELÉTRICAS... DE BRAÇOS DADOS EM RONDÔNIA...

Estudo revela que hidrelétricas em RO podem gerar epidemia de malária

Luciana Abade, Jornal do Brasil, 27 de julho de 2009

BRASÍLIA - A chegada de centenas de pessoas para trabalharem nas obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, localizadas no Rio Madeira, nas proximidades de Porto Velho (RO), pode acarretar uma epidemia de malária se as condições sanitárias precárias do município, principalmente da área rural, não melhorarem. É o que diz o estudo Malária e aspectos hematológicos em moradores da área de influência dos futuros reservatórios das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, publicado pela Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz.

“A associação do episódio de malária com as precárias condições sanitárias das moradias, escassos recursos financeiros e alimentação deficiente em micronutrientes fundamentais pode estar contribuindo para esse quadro anêmico da população. Sendo assim, necessita de uma atenção especial dos programas de saúde pública”, detalha o documento.

Para os pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, experiências de construção de usinas hidrelétricas em outros países da América do Sul que causaram epidemias de malária sugerem que se as condições atuais de saneamento e serviços públicos de saúde oferecidos à população não sofreram uma profunda reestruturação tanto física quanto humana, os riscos de uma epidemia de malária no Brasil aumentarão consideravelmente.

Ações preventivas

A pesquisa, realizada em 2006, época em que estava sendo feito o estudo dos impactos ambientais das obras, analisou as áreas localizadas entre o bairro de Santo Antônio, na periferia de Porto Velho, ao distrito de Abunã, distante cerca de 210 Km da sede do município. Rondônia faz parte dos nove estados que formam a Amazônia Legal e que juntos são responsáveis por cerca de 99% dos casos de malária.

Segundo um dos autores do estudo, Tony Hiroshi Katsuragawa, um dos maiores problemas é a presença de malária assintomática: muitos moradores das comunidades ribeirinhas da região não apresentam os sintomas, mas são reservatórios da doença e, uma vez picadas pelo mosquito vetor, transmitem a doença. Por isso, as 432 pessoas que tiveram o sangue recolhido para o diagnóstico são acompanhas até hoje pelo grupo de pesquisadores. O resultado do acompanhamento, de acordo com Katsuragawa, tem sido positivo na comunidade de Cachoeira do Teotônio.

A pesquisa reconhece que a construção de barragens para a implantação de usinas hidrelétricas é uma necessidade para o desenvolvimento de uma região pelos novos investimentos que a oferta de energia elétrica. E reforça que se as autoridades locais de saúde intensificarem as ações do Programa Nacional de Controle da Malária do Ministério da Saúde, é possível que o desenvolvimento industrial e energético da região tragam um impacto mínimo na saúde pública.

A Região Norte é rica em recursos hídricos. No estado de Rondônia, estão planejadas seis usinas hidrelétricas no Rio Madeira. Segundo o estudo, o potencial hidroenergético do Brasil é de 260 GW, dos quais apenas 25% são usados para a produção de energia pelas hidrelétricas.

Polêmica

As hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau foram alvo de polêmica no ano passado. O consórcio liderado por Furnas e Odebrecht, vencedor do leilão da usina de Santo Antônio, contestou a vitória do consórcio liderado pela Suez, que conseguiu o direito de construir Jirau mas, depois de vencer a disputa, anunciou que deslocaria o local da usina em nove quilômetros. A falta de entendimento passou para as acusações judiciais. E a licença, de apenas seis meses, foi aprovada no final do ano passado.

Os ambientalistas também travaram acirrados debates com o governo na época do licencimento das hidrelétricas. Eles argumentavam que o alagamento de grandes áreas na região causaria impactos violentos na floresta e desequilibraria todo o ecossistema amazônico. Prejudicaria também os habitantes que vivem dos recursos da floresta. Atualmente, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) está coletando semanalmente dados de turbidez do Rio Madeira, ou seja, medindo a resistência da água à passagem da luz e identificando a quantidade de resíduos suspensos. O objetivo é monitorar os possíveis impactos que as construções das hidrelétricas podem trazer para o rio.

Cerca de 530 quilômetros quadrados serão inundados pelos reservatórios de Jirau e Santo Antônio. Estima-se que pelos menos cinco mil pessoas terão suas vidas afetadas direta ou indiretamente pelas obras.

QUANDO À FORÇA UM NOME SE IMPÕE...

O Maranhão fica no Brasil ???!!!

Por favor, após leitura, envie para parentes e amigos para que façam o mesmo, para que muitos saibam.

- Para nascer, Maternidade Marly Sarney;
- Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou, Roseana Sarney;
- Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;
- Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;
- Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário,
do tal José Sarney;
- Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor);
- Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo
aos pedaços, ande algumas horas pelas 'maravilhosas' rodovias maranhenses e aporte no
município José Sarney.

Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney...

Seria cômico se não fosse tão triste....
Infelizmente, o texto é verdadeiro...

É do Adonias Silva

será que isso acontece só no Maranhão!?...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DO CANTO DA TERRA, O GRITO QUE VEM DA AMAZÔNIA...



Eu cheguei no sábado pela tarde, vindo de Belém, do Seminário Pan-Amazônico e cai de cabeça, corpo, alma e muita militância no Décimo Segundo Interclesial das CEB's - Comunidades Eclesiais de Base, realizado em Porto Velho entre os dias 21 a 25 de julho... este realmente vai ficar para a história...

No domingo, dia 19, participei de um momento conjuntural "olhando para a amazônia - identificando os conflitos de interesses que a cerca" - PAC - IIRSA - UNASUR... com um mapa construído na areia, foi possível construir os caminhos da estratégia desenvolvimentista...
os depoimentos de dezenas de lideranças indígenas, do Oiapoque ao Chuí, percebeu que o cenário de morte prevalece sobre as resistências seculares - milenares...
Na terça feira, o apito da Locomotiva da Madeira Mamoré recebeu o trem das CEB's de todo Brasil...
Com cerca de 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando 5.000 pessoas envolvidas neste Intereclesial.
Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte.
Seja nas locais temáticos "no seringal", na aldeia, no beiradão, nas periferias urbanas e rurais de Porto Velho, ou nos rios "locais de concentração, reflexão e debate", as contribuições para construção de um novo Brasil, de uma Outra Amazônica Possível tornou-se possível...
Na lágrima derramada pela informação da morte de Pe. Gunter Kroemer - do CIMI - meu formador na causa indígena, na despedida do amigo... ficou a certeza de que nossa vida, nossa luta não é em vão...
A esperança tornou-se viva no depoimento de Marina Silva, sobrevivente do abandono dos seringuais, sobrevivente do jeito tratoresco de fazer política no Brasil atual... após 40 minutos de depoimento, foi aclamada pelos mais de 3.500 participantes com a frase memorável: BRASIL URGENTE, MARINA PRESIDENTE... uma clara resposta aos que acreditam no adormecimento das bases, das CEB's... um recado claro e em alto som... assim como sua fala, que afirmou que seu avô faleceu com 103 anos de idade, e que ela iria incomodar muito ainda...
Fico feliz por ter contribuído com este debate e partilho a Carta que dá o tom deste grande e novo desafio do jeito povo de ser igreja...

Carta Final do 12º Intereclesial às Comunidade

segunda-feira, 20 de julho de 2009

MANIFESTO DOS POVOS DA PACHA MAMA, DA GRANDE PAN-AMAZÔNIA



MANIFESTO DO FORUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

Somos os povos das florestas, dos lavrados, dos rios, das cidades, dos quilombos, das comunidades indígenas e camponesas e de organizações sociais do Brasil, Peru, Equador, Bolívia, Colômbia,Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Somos a força viva da Pan-Amazônia. Somos muitas vozes falando centenas de idiomas, fazendo o mesmo chamado: é preciso deter a máquina que empurra o planeta e a humanidade para o abismo. Dar fim ao sistema capitalista que transforma a natureza e as pessoas em mercadoria e sobrevive às custas da exploração e humilhação de bilhões de seres humanos. Dizemos que é tempo de libertar o trabalho e a imaginação para reinventar a Terra e fazer dela a casa comum onde todos vivam com justiça e liberdade.

Somos diferentes por isto somos fortes. Irmãos e Irmãs unidos na rejeição de um mundo onde a produção e a distribuição das mercadorias se guia pelo lucro e não pela satisfação das necessidades humanas. Somos de muitos povos, distintos e mesclados. Por isto rechaçamos o pensamento único, o viver uniforme, as imposições econômicas, sociais, políticas, sexuais e culturais. Instituímos a cultura e a comunicação como armas para combatermos a dominação, a violência, o terror e a propriedade. Nos unimos à cultura das múltiplas rebeliões a favor da vida e da dignidade, por justiça e liberdade. Todas as culturas para todos. Somos assim: lutamos para construir um mundo onde caibam todos os mundos.

Compartilhamos utopias e lutas concretas. Proclamamos que a terra não pode ser propriedade e privilégio de alguns. Terra e água são bens comuns e não podem ser comercializados. Todo latifúndio é um crime contra a humanidade e como tal deve ser combatido. Reafirmamos nosso repúdio à exploração privada dos recursos naturais. Como a terra é de todos o seu uso deve ser responsabilidade de todos/as os/as cidadãos e cidadãs, atuando através de estados que devem ser controlados para refletirem a vontade e os direitos dos povos que representam.

O direito dos povos originários de manterem suas culturas, suas identidades e seus territórios é sagrado. Povos indígenas e quilombolas devem ter suas terras demarcadas e juntamente com as comunidades tradicionais ter reconhecidos seus direitos à autonomia e ao auto-governo sem que isto signifique separatismo ou cisão do território nacional. Isto significa que nenhum projeto pode ser implantado sem o prévio consentimento das comunidades que vivem nestes territórios. Somos contra os modelos energéticos que alteram a geografia, destroem o meio-ambiente, desalojam populações, afogam culturas, gerando miséria e sofrimento. Somos contra o agronegócio e modelos que exploram a terra com o intuito de lucro. Defendemos o direito inalienável de todos os seres humanos de viverem em paz, com saúde, educação, moradia e todas as garantias para desenvolverem plenamente suas potencialidades.

Milhões de amazônidas vivem nas áreas urbanas em grandes, médias e pequenas cidades. Todavia, não existem políticas públicas adequadas às diferentes realidades. Com isto são excluídos do acesso aos bens e serviços públicos, agravando ainda mais os problemas sociais e ambientais. Lutamos pelo direito à cidades democráticas e sustentáveis na Pan-Amazônia.

Não aceitamos a criminalização dos movimentos sociais e dos/as defensores/as dos Direitos Humanos, promovida pelas empresas multinacionais com o apoio dos aparatos estatais, que em nome do desenvolvimentismo tentam impedir a liberdade de manifestação e organização dos que lutam contra um modelo concentrador e excludente. Da mesma forma exigimos a anistia de todos/as companheiros e companheiras que estejam presos e ameaçados de morte por defenderem estes direitos.

Na Pan-Amazônia, muitos irmãos e irmãs já derramaram seu sangue por justiça e liberdade. Honramos seus nomes e seremos dignos de seu legado.

Com todas as nossas forças combatemos o racismo, o machismo e qualquer forma de agressão à livre opção religiosa e orientação sexual. Lutamos pelo fim do preconceito e pela inclusão dos portadores de deficiências. Lutamos pelo fim das fronteiras que não impedem a livre circulação de capitais, mas proíbem o direito de ir e vir dos seres humanos.

Lutamos para barrar o modelo de desenvolvimento que provoca a violência, a prostituição e a exploração sexual de meninas e mulheres; que amplia a expropriação do conhecimento tradicional de parteiras, artesãs, extrativistas, camponesas, que tem seu trabalho precarizado e patenteado por empresas multinacionais e transnacionais, limitando ainda mais as garantias de direitos e autonomia das mulheres. Acreditamos que um outro mundo é possível e lutamos para construí-lo.

Temos os olhos no horizonte e os pés plantados no chão. Nos solidarizamos com a resistência de nossos irmãos e irmãs da Amazônia Peruana em defesa de suas terras e contra a implantação do Tratado de Livre Comércio entre o Peru e os Estados Unidos. Exigimos o fim da militarização dos territórios dos povos originários, particularmente na Colômbia, ao mesmo tempo em que clamamos pelo fim da sangrenta guerra civil. Rechaçamos bases e tropas estrangeiras nos países da Pan-Amazônia e do continente americano. Expressamos nosso apoio aos esforços desenvolvidos para lograr a independência da Guiana do domínio francês, acabando assim com o último bastião continental do colonialismo em nossa América. Da mesma forma nos juntamos às vozes que exigem em Honduras a queda do regime golpista e o retorno da democracia; o fim do bloqueio econômico à Cuba; a retirada das tropas estrangeiras do Haiti e apóiam uma Palestina livre e independente.

Nos anos recentes, a América Latina tem vivido momentos preciosos na sua jornada de libertação. Defendemos que os acordos de integração regional resultem na supressão do fosso que separa os países sul-americanos, promova a sustentabilidade na Pan-Amazônia ao invés da pura exploração dos recursos naturais. Neste sentido, iniciativas como o Banco do Sul, a Unasul devem fortalecer a integração dos povos e não apenas os interesses econômicos. Da mesma forma reconhecemos a importância de outras iniciativas como a ALBA e o Tratado de Comércio para os Povos. Reconhecemos nas propostas do Bom Viver e dos Direitos da Natureza, elementos fundamentais na construção de um mundo novo.

Somos contra iniciativas que não contam com o consentimento das populações afetadas, como fazem o IIRSA e os tratados de livre comércio entre a União Européia e países latinoamericanos. Nos opomos à política de incentivo e envio de colonizadores para nossas regiões. Apoiamos políticas como a proposta equatoriana do Yasuni que promove a conservação dos recursos para as próximas gerações.

Até chegarmos aqui percorremos um longo caminho. Herdamos as experiências de quatro edições do Fórum Social Pan-Amazônico, precedidos por Encontros Sem –Fronteiras, base fundamental na construção de alianças entre os povos da Pan-Amazônia. Também somos fruto da Assembléia Pan-Amazônica, realizada no último Fórum Social Mundial, em Belém do Pará. Sabemos que a Pan-Amazônia é um dos mais importantes cenários da batalha que se trava pela salvação do planeta e da humanidade. A sabedoria de nossos antigos, transmitida ao longo de séculos de resistência, nos fazem compreender a necessidade de nos unirmos, trançando num único tecido as nossas muitas diferenças.

Neste encontro celebramos muitas alianças. Uma das mais importantes foi estabelecida com os povos da Cordilheira dos Andes, juntando assim o grande rio das nascentes até a foz numa grande torrente, alimentada por inúmeros afluentes, em direção à Terra Sem Males, proclamada por nossos antepassados.

Aqui também estabelecemos compromissos. Concordamos em coordenar nossos esforços, buscando uma maior eficácia em nossas ações. Neste sentido, participaremos de maneira coletiva e organizada da Semana de Mobilização Global de Luta pela Mãe Terra e contra a Colonização e a Mercantilização da Vida, de 12 a 18 de outubro de 2009. Nestes dias, a Pan-Amazônia de forma articulada, múltipla e unificada, marcará sua presença em defesa da vida, da soberania alimentar e do Bem Viver.

Estamos prontos para seguir adiante. O Conselho Pan-Amazônico, reconstituído neste encontro, tomará as medidas para assegurar a incessante troca de informações, práticas compartilhadas de comunicação, solidariedade permanente e ações coordenadas, a preparação e realização do V Fórum Social Pan-Amazônico, que será parte integrante do processo do Fórum Social Mundial, rumo à edição de Dacar, em Senegal, em 2011.

No fundo da selva os povos da floresta fazem ouvir sua voz.

Viva a Pan-Amazônia de todas as cores e todos os povos!


Belém –Pará –Brasil - 14 a 17 de julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

VITÓRIA INDÍGENA NA AMAZÔNIA PERUANA...

Folha de São Paulo
17 de junho de 2009

Projeto da Eletrobrás entra na pauta do Peru com indígenas.

Parte de plano de investimento de US$ 16 bi em seis usinas, projeto de hidrelétrica é rejeitado por comunidades locais.

Governo promete derrubar decretos que causaram crise no país, e manifestantes determinam fim parcial dos bloqueios de estradas.

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A TARAPOTO (PERU)

O governo do Peru incluiu na pauta de negociação com os indígenas amazônicos, fechada em acordo anteontem, o debate sobre a "pertinência" do projeto da hidrelétrica Paquizapango, no rio Ene, na
selva central do país, cujo estudo de pré-viabilidade está sendo feito pela Eletrobrás.
A hidrelétrica, que faz parte de um pacote de seis usinas que a estatal brasileira estuda construir em território peruano, com investimento estimado em US$ 16 bilhões, é rejeitada pelas comunidades do povo asháninka das regiões (Estados) de Madre de Dios e Junín.
A inclusão do tema mostra a crescente articulação do movimento indígena nacional em defesa de demandas antes tratadas localmente e evidencia que a mesa de diálogo instalada ontem pelo governo peruano tem à frente um amplo contencioso, para além da revogação de dois decretos sobre uso do solo na Amazônia peruana.
As normas foram o estopim da mais recente onda de protestos das comunidades da selva, que culminaram em confronto violento no início deste mês, e serviram de catalisador nacional dos protestos, contando com apoio dos povos da serra andina, historicamente afastados dos
amazônicos.
O presidente do Conselho de Ministros (cargo equivalente ao de premiê), Yehude Simon, comprometeu-se anteontem, em reunião com lideranças na selva central, a enviar hoje projeto de lei ao Congresso para derrubar os decretos 1.090, ou Lei Florestal e da Fauna
Silvestre, e o 1.064, que criam novo regime jurídico para atividades agrícolas.
Segundo seus críticos, os decretos facilitam a exploração madeireira e mineral de 60% da selva e ignoram a ausência de titularidade formal das terras pelos grupos nativos amazônicos, que alegam não terem sido consultados.
A base governista e aliados haviam chegado a um acordo de simples suspensão desses decretos na semana passada, o que foi incapaz de esvaziar as manifestações pelo país.
Ontem, depois das novas negociações, a organização que congrega a maioria das etnias da região amazônica do país pediu aos manifestantes que suspendessem a maior parte da "medidas de força" -entre elas as interrupções de estradas.
A revogação dos decretos não afeta atividades da Petrobras no país - seus contratos são anteriores. A empresa tem direito de exploração de seis lotes, mas só um deles está em atividade.

Hidrelétricas
Ontem, Simon usou mais uma vez o tom conciliatório. Disse que as comunidades originárias amazônicas foram "historicamente esquecidas" no país. Afirmou ainda que os decretos são a parte "mais superficial" da agenda de negociação e anunciou que deixará o posto assim que for
solucionada a crise atual.
Enquanto isso, o presidente conservador Alan García afirmou que o governo não recuará da agenda de melhoria de infraestrutura para o Peru, mas disse que será preciso "paciência" para convencer os povos amazônicos dos benefícios dos projetos e levá-los adiante.
Um dos eixos da agenda do governo é exatamente a construção de usinas hidrelétricas. A Eletrobrás, com permissão para atuar como investidora no exterior desde 2008, começou a instalar neste mês seu escritório em Lima, foco do plano de internacionalização.
Segundo a Eletrobrás, o projeto de Paquitzapango -e de outras quatro usinas- passa por estudos de pré-viabilidade que devem terminar em agosto.
Enquanto grupos de comerciantes e empresários da região exigem a construção de Paquitzapango, alegando que a região tem densidade demográfica baixíssima, a líder asháninka Ruth Buendía, presidente da Care (Central Asháninka do Rio Ene), diz que a usina será o fim das 18
comunidades da etnia que vivem na região do Ene.
"A represa vai inundar a área onde vivem 400 comunidades. Estamos tentando arrumar dinheiro para ir ao Brasil, protestar", disse à Folha Ruth Buendía, de Satipo, uma das principais cidades da região de Junín.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

RESULTADO DA REGULARIZAÇÃO DO IRREGULAR - TROCA-TROCA DE FLORESTAS...

julho 13, 2009
Base Aérea e PF de prontidão contra ameaça de invasão de prédios públicos em Porto Velho

PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA CONTRA MP 458 DA GRILAGEM DE TERRAS DA AMAZÔNIA

Data: Sexta-feira, 10 de Julho de 2009, 8:58

PGR afirma que lei cria privilégios para grileiros

A procuradora-geral da República, Deborah Duprat, é contra artigos da Lei nº 11.952/2009, que resultou da conversão da Medida Provisória nº 458/2009. A norma dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas de União, no âmbito da Amazônia Legal. Ela entrou, nesta quinta-feira (9/7), com Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. Deborah Duprat questiona o artigo 4º, parágrafo 2º; o artigo 13; e o artigo 15, parágrafos 1º, 4º e 5º. (Clique aqui para ler a ADI).

Ela sustenta que a regularização fundiária de terras federais na Amazônia tem dois objetivos: promover a inclusão social e a Justiça agrária, dando amparo a posseiros de boa-fé, que retiram da terra o seu sustento; e aperfeiçoar o controle e a fiscalização do desmatamento na Amazônia, ao permitir uma melhor definição dos responsáveis pelas lesões ao meio ambiente nas áreas regularizadas.

LEIA MAIS NESTE LINK DO CONJUR...

BLOQUEI DA USINA DE JIRAU POR ATINGIDOS DOS ACORDOS ILEGAIS...

Rondonoticias - 13/07/2009 - 13:25

FLONA BOM FUTURO - Manifestantes bloqueiam acesso a obra da Usina de Jirau e exigem saída do IBAMA - Vídeo e fotos


Cerca de quinhentos pequenos agricultores que moram na região da comunidade de Rio Pardo,na Flona Bom Futuro interditaram as vias de acesso as obras da Usina de Jirau desde o inicio da manhã desta segunda-feira (13). Logo ao nascer do dia, em camihões e onibus, os manifestantes chegaram e estabeleceram o bloqueio que deve ser por tempo indeterminado. Para tanto, montaram barracas e trouxeram mantimentos para pelo menos 10 dias.

A principal pauta de reinvidicação é a suspensão da operação do Ibama na Flona, que se utiliza de bloqueio policial para impedir a entrada de materiais de trabalho. Somente comida estaria sendo permitida a entrada na Flona.

De acordo com dos agricultores, a fiscalização impede o trabalho desenvolvido pela comunidade e aplica pesadas multas em pequenos sitiantes. O uso ostensivo de armamento pesado, de grosso calibre também é denunciado. A Policia Federal já esteve no local para verificar a situação.O protesto é pacifico e a liderança dos manifestantes aguardam negociações do consórcio para tratar da reivindicação. Por conta desse protesto cerca de três mil trabalhadores não puderam ir até o canteiro de obras da usina de Jirau.

sábado, 11 de julho de 2009

PAN AMAZÔNICO EM BELÉM... 14-17/07 - participe!!!


Assunto: [Panamazonia - FSPA] Convite para a abertura do Encontro Panamazônico

CONVITE

Em defesa de suas terras ancestrais, ameaçadas pela aplicação do Tratado de Livre Comércio entre Peru e Estados Unidos, os povos originais da Amazônia Peruana estão travando uma luta heróica que já custou a vida de dezenas de indígenas em enfrentamentos com a polícia e o exército do governo Alan García.

A luta dos povos originais da Amazônia Peruana contra a entrega do seu patrimônio natural para as corporações multinacionais é a luta de todos os amazônidas.

Venha ouvir a voz da resistência amazônica e traga a sua solidariedade!


JORNADA DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS DA AMAZÔNIA PERUANA

DIA 14 DE JULHO DE 2009 - 19 HORAS - HOTEL BEIRA RIO

PRESENÇA DE GUILLERMO ÑACO E SHUNITA -representantes do POVO ASHANINKA DO PERU

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PROGRAMAÇÃO ENCONTRO PAN AMAZÔNICO

Dia 14/07/2009
19h00 - Abertura do Encontro Pan-amazônico (GRAÇA E ALDA).
Jornada de Solidariedade aos Povos da Selva Peruana
Mesa: Shunita (Povo Ashaninka) e AIDSEP (Agencia Interetnica de Desenvolvimento da Selva Peruana), Guilhermo Ñaco (Povo Ashaninka)
Coordenação da Mesa: Luiz Arnaldo Campos

Dia 15/07/2009
8h30 - Mística Contra o Neocolonialismo: Teatro do Oprimido – Grupo da Unipop – 15 minutos

8h45 às 12h00
Seminário A Crise e os planos do capital para a Pan-Amazônia - IIRSA-PAC
Expositores: Miguel Palocin (CAOI) e Guilherme Carvalho (FASE/RB)
Coordenação: Aldalice Otterloo – ABONG / UNIPOP

14h00 as 18h00
População Negra na Pan-Amazônia: Racismo e machismo estruturando as desigualdades sociais
Expositores: Sueli Carneiro (SP) e Charles Moore (BA)
Coordenação: Nilma Bentes – CEDENPA / AMNB

Dia 16/07/2009
8h30 às 12h00
População Indígena na Pan-Amazônia: Racismo e machismo estruturando as desigualdades sociais.
Expositores: Gersen Baniwa – UFAM, Almires Guarani (PPGCS/UFPA)
Coordenação: Bekuai Kayapó

14h00 as 17h00
Painéis: Exposições e trabalhos de grupo
1 - Matrizes energéticas – Roquevan Silva (MAB-Brasil) e FOBOMADE (Bolívia);
2 - Terra e Território – Daniel Souza (Quilombola/MALUNGU) e Guilhermo Ñaco (Peru); Nadino Cerda - COFENIAE (Equador); Via Campesina
3 - Mineração – Mário Palácios – CONACAMI (Peru); Mayron Borges - Justiça nos Trilhos (Brasil); José Enivaldo Gonçalves (Fórum contra as mazelas da mineração – Tucumã-PA)
4 - Migrações Humanas; ONIC (Colômbia), Marcel Hazeu - Sodireitos (Brasil) e Jean Michel Aupoint – UTG (Guiana Francesa).

Obs: Os grupos ocorrerão simultaneamente

17h00 as 19h00
Plenária: resultados dos painéis

20h00 - Noite Cultural

Dia 17/07/2009
8h30 as 18h00 (com intervalo de 12h30 às 14h00 para almoço)
Plenária:
- Definir agendas e campanhas de luta.
- Definir mecanismos de comunicação e gestão da articulação.
- Definir passos para o V FSPA.

POR QUEM TOCAM OS SINOS EM HONDURAS...



Ontem, dia 10 de julho de 2009, as 16:45 encontrei-me no Aeroporto de Porto Velho, chegando de Honduras, mais uma vez exilado político, o querido Professor Clodomir Santos de Morais, que afirmou estar chegando do "olho do furacão"... Vítima, assim como o Povo Hondurenho, de mais um golpe militar/civil... em poucas palavras me perguntou sobre a repercução do Caso Hondurenho no Brasil... em poucas palavras lhe afirmei que o Caso Sarney/Senado tem ocupado a mídia, somado ao caso Michael Jacson e que algumas Ong´s e Movimentos Sociais, na mídia alternativa tem se colocado ao lado deste povo...
Para aqueles e aquelas que pouco sabem do que está acontecendo em Honduras, segue uma nota do Brasil de Fato para conhecimento...


"Golpe e resistência em Honduras"

A resistência popular hondurenha está em níveis crescentes. O isolamento total do regime do direitista Micheletti faz pensar sobre sua durabilidade

02/07/2009

Editorial ed. 331 - Brasil de Fato

No domingo, 28 de junho, um novo golpe de Estado em Honduras sequestrou e conduziu ao exterior o presidente eleito da nação centroamericana, Manuel Zelaya. Naquele dia, o país se preparava para realizar uma "Consulta Popular" para que o povo indicasse, pelo voto democrático, se aceitava ou não a inclusão, nas eleições gerais de novembro, de uma nova consulta à população hondurenha: se esta concordava ou não com a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Porém, antes dessa iniciativa, o presidente já havia tomado algumas decisões que fizeram tremer os setores mais reacionários da sociedade hondurenha, acostumados a resolver tudo e qualquer coisa com assassinatos e repressões. Zelaya percebeu que a falência das políticas neoliberais – que no centro do capitalismo geraram falências de ícones do regime como o City Bank e a General Motors – fazia com que que um país rigorosamente dependente dos EUA tivesse que procurar outros caminhos para não ser levado ao matadouro.

Aproximou-se do presidente venezuelano Hugo Chávez, reatou relações com Cuba, trouxe médicos cubanos para o atendimento da sofrida população hondurenha, estabeleceu mecanismos de cooperação com a Venezuela por meio do qual Honduras recebeu petróleo e enviou produtos agrícolas, especialmente leite e derivados, além de ter recebido milhões de lâmpadas elétricas para racionalizar e economizar energia. Lâmpadas de fabricação chinesa, fruto dos convênios de cooperação de Venezuela com a China, por meio da qual economizam-se 70% de energia elétrica no pobre país centroamericano, desprovido de grandes hidrelétricas.

O golpe é uma reação extremada das oligarquias que querem manter o país no parasitismo e no isolamento do curso de transformações sociais que caminham por vários países da América Latina.

A resistência popular hondurenha está em níveis crescentes. O isolamento total do regime do direitista Micheletti faz pensar sobre sua durabilidade, tal como aconteceu com o golpista venezuelano deposto depois de 47 horas pelo povo da Venezuela em 2002. Nem mesmo os EUA puderam apoiar francamente, muito embora a ambiguidade de Hillary Clinton, chanceler estadunidense, tenha indicado que há uma divisão na cúpula do imperialismo.

Se Obama aparece vinculado ao golpe, tem sua imagem destruída. Por outro lado, os golpistas hondurenhos são todos eles financiados por instituições, agências e fundações dos EUA, que sempre operam para realizar os objetivos da política externa do país, claramente expansionista. Tal política necessita impedir o desenvolvimento da Alba, a cooperação dos países do Sul, e recuperar mecanismos de vassalagem e subserviência aos ditames do imperialismo. Os partidos conservadores hondurenhos são apoiados financeiramente pelos partidos e fundações que representam a linha imperialista de intervenção e imposição internacional em defesa dos interesses vitais dos EUA.

O protagonismo de Hugo Chávez (Venezuela), Raúl Castro (Cuba), Daniel Ortega (Nicarágua), Evo Morales (Bolívia); a reunião da OEA condenando o golpe; a participação da Telesur difundindo ao vivo os acontecimentos; a reação popular a eles; e a notícia de que Zelaya voltará ao país em breve, acompanhado do presidente da Assembleia de Direitos Humanos da ONU, Miguels Descotto, e também da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner; indicam que o golpe tem tudo para fracassar.

Foi importante a posição de Lula condenando prontamente esse golpe, mas deve ser lembrado que o presidente brasileiro tem à sua disposição a possibilidade de influir para que sejam adotadas medidas concretas que façam fracassar ainda mais rapidamente esse regime fantoche. Assim como Chávez já anunciou que a Petrocaribe suspendará o fornecimento de petróleo para Honduras, o que dá pouquíssima vida aos golpistas, Lula pode associar-se para pressionar os organismos financeiros internacionais no sentido de um legítimo e necessário boicote que faça fracassar o golpe de Estado em Honduras antes que vidas sejam perdidas, pois inevitavelmente o povo hondurenho e suas lideranças populares irão multiplicar suas formas de luta e de resistência.

Que os partidos políticos de esquerda, movimentos sociais e movimento sindical também se somem a essa inciativa de prestar uma solidariedade concreta em Honduras. Que multipliquemos nossa capacidade de pressionar o governo brasileiro, para ações ainda mais concretas, inclusive no plano internacional. Que os governos enviem representantes e que suspendam todo tipo de relação e cooperação no sentido de derrotar o mais rápido possível essa aventura golpista que apenas revela o desespero da direita, possivelmente com o apoio de um setor do Pentágono, diante do avanço e consolidação de governos populares na América Latina.

ESSA COMPENSAÇÃO COMPENSA TANTO ESTRAGO...!?

09/07/2009
USINAS - Obra de compensação social em escola da capital é denunciada ao Ministério Público de Rondônia

Mais um cidadão pediu providencias ao Ministério Público de Rondônia para apuração de possíveis irregularidades na gestão municipal. O objeto da denuncia é a reforma da Escola Municipal Joaquim Vicente Rondon, obra realizada como compensação social pelo Consorcio que constrói a Usina de Santo Antonio e é liderado pela Construtora Norberto Odebrecht.

leia a matéria completa no link abaixo...

http://www.rondoniaovivo.com/news.php?news=52465

terça-feira, 7 de julho de 2009

MARINA...MARINA... MULHER SERINGUEIRA... GUERREIRA... AMAZÔNIDA...

Marina Silva pede auditoria do TCU na BR 319

Qui, 02/Jul/2009 09:16

http://www.portaldomeioambiente.org.br/pma/index.php?option=com_content&view=article&id=818

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado aprovou requerimento da senadora Marina Silva (PT-AC) e pedirá ao Tribunal de Contas da União (TCU) que faça uma auditoria contábil, financeira, orçamentária e operacional no DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), para verificar se as obras de pavimentação e recuperação da BR 319, que liga Porto Velho a Manaus, possuem avaliação prévia de viabilidade técnica e socioeconômica. O requerimento de Marina Silva também pede que seja avaliada a eficiência, eficácia, efetividade e economicidade do projeto frente a outras alternativas de transporte na região.

A senadora solicita, em seu requerimento, que o TCU considere, na auditoria, a metodologia e os critérios utilizados no estudo “Eficiência econômica, riscos e custos ambientais da reconstrução da rodovia BR 319”, apresentado na audiência pública que o Ministério Público Federal realizou, em Brasília, para discutir o processo de licenciamento e os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) da obra. O autor do estudo que será encaminhado ao TCU é Leonardo Fleck, da Conservação Estratégica.

De acordo com o estudo discutido na audiência pública, os custos decorrentes da obra e da implementação de um sistema de governança necessário para mitigar os impactos ambientais, principalmente o desmatamento, não trarão retorno para sociedade que justifique o emprego dos recursos públicos, como exige a legislação brasileira. O estudo ainda avalia, segundo a senadora destaca no requerimento, que os empreendedores desconsideraram os custos ambientais e superestimaram os benefícios da obra.

Na avaliação que apresentou, o DNIT supõe, por exemplo, que toda a safra do centro-oeste será transportada pela BR-319, quando na verdade, conforme detalha o estudo, o asfaltamento da BR 163, ligando Cuiabá e Santarém, propiciará o escoamento da safra de grãos produzida em grande parte do Centro-Oeste, principalmente nas regiões centrais, norte e nordeste do Mato Grosso. O uso da hidrovia do rio Madeira também está subestimado, tanto no que se refere ao transporte de carga quanto ao de passageiro.

Ainda tomando por base o estudo que será encaminhado para apreciação do TCU, Marina Silva salienta, em seu requerimento, que terão benefício direto, para as quais não há alternativa de transporte, as 150 famílias que moram em regiões localizadas no trecho a ser pavimentado. Mas, neste caso, alerta que o estudo considera mais eficaz que o Estado transfira essas famílias para locais vizinhos aos centros urbanos localizados próximos aos trechos já pavimentados da rodovia, principalmente Humaitá, e arque com os custos.

Em seu requerimento, a senadora justifica o pedido de auditoria exatamente para que sejam elucidados os questionamentos feitos pela sociedade e não reste dúvidas quanto aos aspectos de eficiência e economicidade no uso de recursos públicos para pavimentação e recuperação da BR 319.

Fonte: Jandira Valença de Almeida Gouveia .

AS MARACUTAIS VÊM DE LONGE... alguém duvida desta honestidade!?


Veja o que deu na "Veja" em 1986...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

QUAL O RESULTADO DESTA AÇÃO PARA OS TRABALHADOR@S ávidos por empregos e maus remunerados???

Suez acelera obras de Jirau e já negocia saída da Camargo Corrêa
Valor Econômico - 03/07/2009
ENERGIA
Construtora tem seis meses desde a licença de instalação para vender seus 9,99%
Cláudia Schüffner, do Rio

O consórcio liderado pela GDF Suez tem pressa para tocar as obras da hidrelétrica de Jirau que está construindo no rio Madeira. Com quase todos os contratos fechados, inclusive com a compra de mais duas turbinas, agora só falta concluir a concorrência para contratação da linha de transmissão de Jirau a Porto Velho, que terá 90 km de extensão. Doze empresas estão concorrendo na licitação, entre elas a Abengoa, ABB, Cotesa, Isolux, Siemens e Toshiba, entre outras. O vencedor deve ser conhecido até o fim de julho e se espera que a obra comece em agosto.

Victor Paranhos, presidente da empresa Energia Sustentável do Brasil (ESBR), que venceu a licitação da usina, conta que decidiu comprar mais duas turbinas da chinesa Dongfang, elevando para 44 o número de turbinas da hidrelétrica, cada uma com capacidade de gerar 75 megawatts (MW). As turbinas adicionais têm custo barato e vão aumentar em 50 MW a energia assegurada, que é de 1975 MW. O projeto original de Jirau previa a instalação de 42 máquinas e agora as duas turbinas adicionais vão elevar a capacidade de geração da hidrelétrica para 2.450 MW assegurados, que serão gerados a partir de 3.450 MW instalados.

Jirau também terá uma mudança na sua estrutura acionária dentro de seis meses, já que a Camargo Corrêa terá que vender os 9,99% que detém na usina. Essa saída foi negociada pela GDF Suez e a Camargo Corrêa que acertaram, na constituição da Energia sustentável, que o grupo paulista deixaria a sociedade, ficando apenas como construtora responsável. O prazo para a saída começou a contar desde a licença de instalação da usina, em 3 de junho. Procurado pelo Valor, o diretor da Camargo Corrêa Energia, Cid Rezende, disse que não iria comentar sobre possíveis negociações que estejam ocorrendo para venda da participação ou qualquer assunto relacionado.

Ontem, a Energia Sustentável assinou com o BNDES os contratos de financiamento de R$ 7,2 bilhões na modalidade 'project finance', para construir Jirau. Foi o maior financiamento da história do BNDES para um único projeto. O empréstimo equivale a 68,5% do valor da obra, orçada em R$ 10 bilhões. Do total financiado, R$ 3,385 bilhões serão repassados por um pool de bancos que inclui o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú BBA e Banco do Nordeste. O pagamento será feito em 20 anos mais cinco anos de carência.

Os R$ 3,15 bilhões restantes serão aportados pela Suez (50,01%), Camargo Corrêa, Chesf (20%) e Eletrosul (20%) ao longo da obra. Até o momento, os sócios já capitalizaram a empresa com R$ 882 milhões de recursos próprios. A usina também fez apólice de seguro de R$ 7 bilhões que cobre as obras civis, equipamentos e operação, inclusive atrasos. O resseguro foi feito em Londres e liderado pela Swiss Re. A usina deve entrar em operação comercial em janeiro de 2013, mas os sócios correm contra o tempo para antecipar a data para o início de 2012. Paranhos disse que os 30% da energia que poderá ser vendida no mercado livre ainda não foi negociado. Segundo ele, uma parte terá que ser vendida até o fim de 2010 e a outra até 2011.

Jirau vai gerar energia através de 28 turbinas que serão fabricadas pelo consórcio Alstom, Voith Siemens e Andritz, que serão instaladas na margem direita do rio Madeira. Outras 16 turbinas, fabricadas na China, serão instaladas na margem esquerda.

As turbinas chinesas serão instaladas em paralelo às do consórcio da Alstom e a ideia é que no início de 2012 os dois conjuntos de máquinas estejam gerando energia. Como a obra já contabiliza 45 dias de atraso causados por ações judiciais e na emissão da licença de instalação, a construção está em ritmo acelerado, de 20 horas diárias. Só a demora da licença custou R$ 12 milhões, que segundo Paranhos serão recuperado ao longo da obra.

Como a usina terá duas casas de força com fornecedores distintos de turbina, a ESBR vai antecipar a geração para reduzir riscos tecnológicos e de cronograma. Isso sem contar, como destaca Paranhos, de ter realizado uma concorrência que resultou em preços mais competitivos para as turbinas. O contrato com o consórcio liderado pela Alstom é de R$ 1,95 bilhão e o dos chineses é de R$ 900 milhões, sendo que esse último tem a vantagem de não ser indexado como o da fabricante brasileiro, que é reajustado por fórmula paramétrica.

Já foram compradas 120 mil toneladas de aço da Votorantim Siderurgia e 600 mil toneladas de cimento da Votorantim Cimentos de uma fábrica que o grupo construiu para suprir Jirau e a hidrelétrica Santo Antonio, que se encontra em construção.

A Bardella ganhou o contrato de R$ 500 milhões para fornecimento dos equipamentos hidromecânicos e já constrói uma fábrica em frente ao Polo de Industrial de Porto Velho, que fica próximo a Jirau. A segunda fábrica já instalada é de pré-moldados BS. A coreana Hyosung vai fornecer 18 subestações de energia, todas blindadas, por US$ 48 milhões. A Siemens ficou responsável pela equipamentos eletromecânicos auxiliares.

Até agora todos os equipamentos foram comprados com preço menor que o previsto, com exceção da Alstom, sucesso que Paranhos atribui ao processo de contratação por meio de concorrência. "Graças a isto conseguimos contratar, dentro ou abaixo do orçamento, grandes empresas, com muita experiência no tipo de serviço a ser realizado".

sexta-feira, 3 de julho de 2009

BNDES - CADÊ O FINANCIAMENTO SOCIAL...

02/07/2009 – 19h45

BNDES concede financiamento de R$ 7 bi para hidrelétrica de Jirau

da Agência Brasil

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u589968.shtml

A ESBR (Energia Sustentável do Brasil), empresa responsável pela construção da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO) anunciou hoje (2) que assinou com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) contratos de R$ 7,2 bilhões para financiamento da obra.

O valor representa 68,5% do custo total da usina, de R$ 10 bilhões, e o restante será pago pelas empresas sócias no consórcio: Camargo Corrêa, Chesf, Eletrosul e a francesa GDF Suez.

Os recursos serão liberados de acordo com o cronograma físico-financeiro do empreendimento. Os contratos, assinados no último dia 29, prevêem pagamento do empréstimo em um prazo máximo de 20 anos. O prazo total, incluindo o período de carência é de 25 anos.

De acordo com a construtora, a análise do financiamento levou em conta "os aspectos técnico, ambiental, social, econômico e financeiro do empreendimento".

Até agora, a ESBR diz ter investido cerca de R$ 700 milhões, aplicados no canteiro de obras, na compra de insumos e em programas socioambientais exigidos para a concessão da licença ambiental de instalação. Entre as medidas ambientais, a construtora cita a conclusão do resgate de 93 espécies diferentes peixes da primeira ensecadeira "com percentual zero de mortalidade". As espécies serão monitoradas.

A previsão é que Jirau comece a produzir energia no início de 2012. A hidrelétrica terá 46 turbinas, duas a mais que o previsto no projeto original, o que garantirá potência de 3,3 mil megawatts e uma energia assegurada de 1,9 mil megawatts médios, o suficiente para abastecer 10 milhões de casas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

CULTURA E ARTE CONSTROEM A RESISTÊNCIA NO BAIXO MADEIRA...



Festejo de São Pedro em Nazaré


Por Márcia Nunes Maciel (mestranda em Sociedade e Cultura na Amazônia - UFAM) e
Maria Cristiane Pereira de Souza (mestra em Geografia pela UNIR).
membras colaboradoras do IMV- Instituto Madeira Vivo.

No dia 24 de Junho de 2009, no fim da tarde, descemos o Madeira até Nazaré. Nosso objetivo era registrar o festejo de São Pedro na passagem da noite de sábado para domingo. Após seis horas de viagem, levadas pelas águas do Madeira, iluminado pela lua que nos acompanhava, chegamos ao nosso destino, era 001:00 hora da manhã, desembarcamos no local em que estava acontecendo o arraial. A comunidade sem saber quem éramos nos recebeu atenciosamente. Perguntamos por Timaia, por ser a nossa referência e o coordenador do projeto de retomada cultural da comunidade, quem nos convidou para prestigiar o referido festejo. Logo ele nos foi apontado. Fomos recebidas por ele e após ter nos colocado a par da programação da noite de sábado para domingo nos encaminhou para a simpática pensão “selva”.
Pela manhã, quando saímos da pensão, localizada próximo ao centro da comunidade, a via acimentada que a atravessa de uma ponta a outra, estava movimentada por pedestres que transitavam; uns empenhados para a preparação da programação cultural da noite, outros passeando ou transportando refrigerantes e produtos em carrinhos de mão para abastecer as barracas do arraial. Fomos visitar uma moradora antiga da comunidade, D. Maria Maciel, que nos recebeu com um caloroso café e roscas que nos lembra dos tempos antigos. Passamos a manhã com ela conversando. Ela nos contou da sua tristeza pela perda de seu irmão Manoel Maciel Nunes, reconhecido por ela e por toda comunidade por ser o fundador e motivador dos festejos da localidade.
Voltando da casa de D. Maria, fomos ao centro da comunidade, onde fica a capela e toda a estrutura montada para o festejo, o palco e a arena para as apresentações culturais e as coberturas de palha onde os participantes dos festejos atam suas redes para colocarem seus filhos pequenos para dormir. Ao chegar a casa de dança encontramos com Taiguara e Teimar, irmãos de Timaia, todos filhos de Manoel Maciel, que faleceu ano passado no mês de Outubro, após uma vida inteira dedicada à comunidade que ele tanto amou, Nazaré.
Fomos com Taiguara e Teimar até a casa de Timaia, onde presenciamos os preparativos para as apresentações culturais. Enquanto estávamos lá conversando, percebemos que hora ou outra chegava uma pessoa da comunidade para visitar Timaia ou pedir a ele para colocar um enfeite em seus figurinos. O tempo todo, percebíamos que os mais velhos da comunidade estavam de longe e de perto cuidando e apoiando Timaia. Todos os envolvidos no festejo o tinham como referência e demostravam a preocupação em encorajá-lo a realizar o festejo como era feito por seu pai.
Em Nazaré a comunidade atualiza a memória do festejo de São Pedro por meio da tradição oral que se remete a história do lugar Uruapiara – AM, de onde vieram os mais velhos. A novena, a ladainha, o leilão, a dança do seringador e a derrubada do mastro são retomados por meio da reconstrução da memória dos festejos realizados no Uruapiara. No conjunto do projeto de reafirmação identitária construída na fusão da cultura afro e indígena estão presentes a brincadeira do boi, a dança do carimbó e a quadrilha tradicional como elemento representativo da colonização portuguesa amalgamada no imaginário cultural da Amazônia. Não poderia deixar de estar presente nesse momento de homenagem ao fundador desse projeto cultural que envolve o grupo musical Minhas Raízes e a velha guarda dos antigos cantores que ligam a tradição dos mais velhos com os mais novos.
Para entendermos um pouco a história dos moradores antigos de Nazaré e a retomada identitária da comunidade, apresentamos a narrativa contada por Manoel, que faz parte do Cd “ Minhas Raízes – em cada som uma história”:

Um dia recém chegados, passeando às praias de barco, encontraram um Uruá muito grande, maior do que todos os Uruás vistos naquele lago. Eles consideraram então ser aquele o maior peara dos Uruas1 daquele lago, por isso, deram-lhe então o nome de Uruapeara.
Às margens desse lago, habitavam a tribo dos índios Parintintim. Uma tribo um tanto guerreira. Sua maior pescaria era no grande rio Ipixuna, afluente do lago do Uruapeara. Às margens do outro rio vizinho do rio Ipixuna habitava a tribo dos índios Pirahã, que eram completamente inimigas.
Para essa festa acontecer, escolhiam uma moça índia da tribo vitoriosa, para fazer o papel de vaqueira. Era escolhido também um índio jovem que representava a tribo derrotada, ele fazia o papel de boi. Na hora da festa a tribo toda se reunia em círculo para cantar e dançar. Um índio meio coroa jogava versos enquanto a tribo toda fazia o refrão “Arriba, seringandor!”. Durante a dança a índia vaqueira tentava lançar o índio-boi e jogá-lo no meio do círculo. O moço-boi tentava escapar, mas durante algum tempo, já cansado, era vencido e atirado ao chão. Os instrumentos utilizados na dança do seringandor eram o gambá, o xeque-xeque e o reco-reco. Quando a dança passou a ser a diversão do povo civilizado acrescentaram o pandeiro na lista dos instrumentos.
E até hoje essa festa acontece no Lago do Uruapiara. Muita apreciada pela gente daquele lugar e admirada pelas pessoas que assistem suas festas. A festa de São Sebastião e o Divino Espírito Santo são as mais antigas e tradicionais fundada pelos portugueses, ainda no século passado. Estas festas acontecem nos dias 20 de janeiro e no domingo de Pentecoste no lugar de antiga povoação, hoje Centenário. As famílias tradicionais daquele lugar são Almeida, Nunes, Castro, Lobato, Pinto e Ferreira.

Por meio dessa narrativa, Manoel atualiza uma memória e uma história de seus descendentes e a recria junto com a comunidade de Nazaré. Na passagem de sábado para domingo, em que tivemos a oportunidade de presenciar uma parte do festejo de São Pedro (que começou no dia 23 com a novena, antes de chegarmos e se estendeu até o dia 25 depois do dia de nossa partida, quando, segundo informações dos participantes do festejo, iria ocorrer a visita do padre para batizar as crianças e a festa da ramada, momento em que é feita a derrubada do mastro. O mastro é enfeitado com produtos cultivados pela comunidade, como, banana, côco, entre outros. No topo do mastro é colocado o estandarte de São Pedro. Segundo a explicação de uma moradora da comunidade, no último dia do festejo é feita a derrubada do mastro e retirado o estandarte de São Pedro, esse momento, simboliza uma forma de pedir ao padroeiro que o próximo ano seja farto. A visita do padre nos festejos para batizar as crianças, é um costume que vem desde a época do seringal e que se tornou tradição em várias comunidades que vivem às margens do Rio Madeira.
Nós do IMV – Instituto Madeira Vivo que tivemos a oportunidade de presenciar esse momento em Nazaré, de força identitária, ficamos felizes por perceber que a comunidade está lutando para manter sua cultura, apesar das pressões dos projetos desenvolvimentistas em forte ascensão em Rondônia. Mas, ao mesmo tempo, ficamos tristes por saber que outras comunidades localizadas no Alto Madeira, na região do canteiro de obras do complexo hidrelétrico (comunidades Trata-Sério, Jatuarana, Macacos, Teotônio), terão que desocupar os lugares onde vivem de agosto de 2009 em diante.
O fortalecimento cultural e identitário de Nazaré, simboliza para nós, que compartilhamos da luta pela vida às margens do Madeira, uma maneira de resistência. Mostram que querem manter sua tradição cultural, seus tempos e modos específicos de vida. Enquanto Nazaré resiste culturalmente aos novos rumos progressistas, reconstruindo constantemente sua cultura, sem abrir mão de educação com qualidade, saúde e lazer, as comunidades do Alto Madeira são levadas a aceitar as propostas de indenizações feitas pelas empresas construtoras das barragens no rio Madeira, que não consideram sua história e seus valores culturais. A elas não foi dada nenhuma escolha, a não ser a de abrir mão de seus lugares onde construíram sentidos culturais e simbólicos para suas vidas.
No Alto e no Baixo Madeira existem vidas, riquezas culturais, pessoas lutadoras, que plantam, colhem, pescam, sonham, festejam, sofrem e resistem. A imagem construída pela sociedade capitalista de que elas são pobres, atrasadas, empecilhos para o desenvolvimento é equivocada. Esses lugares de cultura viva, querem desenvolvimento que possibilite qualidade de vida, não a destruição ambiental e cultural, morte dos peixes, desagregação das comunidades e crescimento desordenado. Não temos o direito de fechar os olhos para isso.
Apresentamos dessa maneira, essa memória e essa história por meio das imagens que registramos durante nossa estada no local.

vejam breve no site: www.riomadeiravivo.org, texto completo com fotos...