2013 é o Ano Internacional para a Cooperação pela Água
ONU Brasil
Criado pela Assembleia Geral da ONU, objetivo é aumentar conscientização sobre desafios do manejo da água; Unesco é a agência que vai liderar as atividades.
Eventos vão destacar manejo do recurso entre fronteiras
As
Nações Unidas escolheram 2013 como o Ano Internacional para a
Cooperação pela Água, criado por uma resolução da Assembleia Geral. O
objetivo é promover uma maior interação entre nações e debater os
desafios do manejo da
água.
Segundo
a ONU-Água, existe um aumento da demanda pelo acesso, alocação e
serviços relacionados a esse bem natural. O ano vai destacar iniciativas
de sucesso sobre cooperação pela água.
Objetivos
O
controle da água entre fronteiras também é um dos focos, como explicou à
Rádio ONU, de Lisboa, a relatora especial para o Direito à Água e
Saneamento, Catarina de Albuquerque.
“Pretende
pôr um
enfoque na
importância da cooperação, precisamente do trabalho em conjunto, do
diálogo, para evitar conflitos em casos de cursos de água
transfronteiriços. Há tensões que podem ser evitadas se nós cooperarmos.
Se sentarmos à mesa de negociações, os diferentes países, que partilham
um determinado curso de água, para tentar arranjar as melhores soluções
e assegurar que conseguem ter água suficiente para aquilo que
necessitam.”
Rio+ 20
Outra
ideia é apoiar a formulação de novos objetivos que contribuam para o
desenvolvimento de recursos sustentáveis da água. Serão revistos ainda
os compromissos feitos no ano passado na conferência
Rio+20.
A
relatora Catarina de Albuquerque defende que a quantidade de água no
mundo é a mesma há milhares de anos, mas a cooperação é fundamental para
preservar o recurso.
“Com
a diferença de que hoje somos mais de 7 bilhões (de pessoas); com a
diferença de que hoje temos piscina, temos campos de golfe, temos a
indústria que consome imensa água; a agricultura que consome ainda mais
água para alimentar a todos nós. E há muito desperdício de água. Nós
temos que pensar nisso tudo, de uma maneira séria, corajosa e é de mãos
dadas que isso se consegue. Caso contrário, não conseguimos nenhuma
solução.”
Visitas
Catarina
de Albuquerque deve visitar, no primeiro semestre deste ano, a
Tailândia e o Brasil. Em setembro, a relatora apresenta na Assembleia
Geral da ONU um relatório sobre o direito à água.
A
Unesco foi a agência da ONU escolhida para liderar todas as atividades
relacionadas ao Ano Internacional para a Cooperação pela Água.
Celebrações e eventos irão ocorrer ao longo de 2013 na sede da Unesco,
em Paris, mas também em várias outras cidades do mundo.
Conferência
As
atividades vão promover ações relacionadas à água, em áreas como
educação, cultura, gênero, ciência e prevenção de conflitos. A primeira
conferência sobre a cooperação pela água já está marcada para a próxima
semana, em Zaragoza, na Espanha.
Neste ano, o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, também terá como foco a cooperação.
Matéria de Leda
Letra, da Rádio ONU em Nova York, publicada pelo EcoDebate, 09/01/2013
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Estresse hídrico: O Brasil já sente os reflexos da escassez de água
Publicado em janeiro 23, 2013 por HC
ONU
declara 2013 como o Ano Internacional da Cooperação pela Água.
Até
o Brasil, rico neste recurso natural, já sente os reflexos da escassez.
Estudos da ANA mostram que, de um total de 29 aglomerados urbanos no
país, 16 já precisam buscar novos mananciais para garantir o
abastecimento até 2015. Matéria de Cleide Carvalho, em O Globo, socializada pelo ClippingMP.
Em pouco mais de duas décadas, o
mundo terá nove bilhões de pessoas,
um acréscimo de dois bilhões à população. Se um terço deste total
engrossar as fileiras de consumidores da classe média, a pressão sobre
os recursos naturais do planeta se tornará insustentável. Só o consumo
de água aumentará 30%. Haverá necessidade de produzir 50% a mais de
alimentos, e a oferta de energia terá de crescer 45%. “As economias
estão oscilando. A desigualdade está crescendo. E as temperaturas
globais continuam subindo. Estamos testando a capacidade do planeta de
nos sustentar” resumiram os 22 integrantes do Painel de Alto Nível da
Secretaria-geral das Nações Unidas numa análise da sustentabilidade
global entregue há exato um ano à cúpula da ONU.
Se nada for feito para mudar o padrão de
consumo, dois
terços da população global poderão sofrer com escassez de água doce até
2025. A previsão é da própria ONU, que declarou 2013 o Ano
Internacional da Cooperação pela Água. Também aqui há risco de
escassez. Um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que, dos
29 maiores aglomerados urbanos do país, 16 precisam achar novos
mananciais para garantir o abastecimento até 2015. São 472 municípios
em busca de novas fontes de água, 56 deles ficam em três Regiões
Metropolitanas do estado de São Paulo (Campinas, Baixada Santista e a
própria capital).
— Tivemos forte urbanização onde não havia água — resume Dante Ragazzini, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
A água doce
está em rios,
lagos, geleiras e aquíferos, mas representa apenas 2,5% do total de água
da Terra. Nem toda ela é acessível ao consumo humano e, pior, a
distribuição é desigual entre os países. Mesmo no Brasil, que ostenta a
maior reserva de águas doces superficiais do planeta (12% do total), as
condições de acesso não são equânimes. A região hidrográfica Amazônica —
que abrange Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima e grande parcela
do Pará e do Mato Grosso — equivale a 45% do território nacional e detém
81% da disponibilidade hídrica. As
regiões litorâneas, que respondem por apenas 3% da oferta nacional,
abrigam 45% da população do país. Ou seja, os brasileiros se concentram
cada vez mais em áreas onde a oferta de água é desfavorável.
O problema também é social.
Calcula-se que 12,1 milhões de
brasileiros não têm acesso adequado ao abastecimento de
água. As moradias “sem torneira” somam 4,2
milhões. O consumo é bastante desigual. Enquanto um cidadão do Rio de
Janeiro usa 236 litros de água por dia, o consumo per capita em Alagoas é
de 91 litros. Em São Paulo, 185 litros.
Para
a ONU, a quantidade de água do planeta é suficiente para atender a
população mundial, mas não há mais espaço para o desperdício. No
Canadá, o consumo per capita chega a 600 litros por dia. Enquanto isso, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água potável.
O consumo de água
dos paulistanos é 4,3 vezes maior do que a água que há disponível. Só
na Região Metropolitana de São Paulo são 19,9 milhões de consumidores,
10,4% da população do país. Principal fornecedora do estado, a
Sabesp vem buscando água limpa a 80 km de
distância, na represa Cachoeira do França, no Rio Juquiá, para atender
um universo de 1,3 milhão de pessoas na Zona Oeste da capital e em
municípios vizinhos. O novo sistema teve que ser inserido no maior
remanescente de Mata Atlântica no estado, o Vale do Ribeira.
A escassez de água não é o único dilema. O
consumo humano exige que ela seja limpa e tratada, mas o crescimento
das cidades engole mananciais. As águas superficiais ficam poluídas com
o lançamento de esgoto, efluentes industriais e até mesmo venenos
usados em larga escala na agricultura.
Bacias, como as de Alto Iguaçu (PR), Rio
Mogi Guaçu (SP), Rio Ivinhema (MS) e a do Rio Pará (MG), apresentaram
queda no índice de qualidade de água no último levantamento publicado.
Segundo dados da ANA, os motivos
prováveis são o aumento da carga de esgotos domésticos e a falta de
investimentos em saneamento. No meio rural, a poluição difusa e o uso do
solo sem manejo causam assoreamento, piorando a qualidade das águas.
No Brasil, 73% dos municípios
são abastecidos com águas superficiais, sujeitas a todo tipo de
poluentes. É importante lembrar que, quando os jesuítas fundaram São
Paulo, havia abundância nos rios Tietê, Pinheiros, Anhangabaú e
Tamanduateí. Hoje, o Tietê é pura lama no trecho que corta a cidade. A
ausência de planejamento no passado colocou em risco mananciais e
represas do entorno, como Billings e Guarapiranga, que foram invadidos,
desmatados e poluídos.
—
Cuidamos mal da pouca água que temos. Poluímos 24 horas por dia. Mais de R$ 3 bilhões
já foram gastos na despoluição do Rio Tietê e não se vê a diferença. Se
não estancar o esgoto, a natureza sozinha não consegue reparar o dano.
Os reservatórios também estão sendo poluídos e a água tem de ser tratada
para voltar a ser potável — diz Édison Carlos, presidente executivo do
Instituto Trata Brasil.
Nem mesmo as águas profundas estão a salvo da degradação e da exploração em excesso. Nos últimos anos, ocorreu um aumento significativo no
consumo de
água subterrânea no país. O estado de São Paulo é o maior usuário. São mais de
mil poços, com três milhões de pessoas beneficiadas. Em alguns deles, a água sai quente e precisa ser resfriada.
Em
capitais do Nordeste, como Recife, Natal e Maceió, a falta de
saneamento adequado fez com que o esgoto alcançasse poços. O excessivo
bombeamento de águas profundas na região costeira e até mesmo métodos de
produção de camarões, que aumentam a intrusão do mar, também geram
problemas de salinização de aquíferos. Já foram identificados indícios
do problema nas regiões oceânicas de Niterói e Rio das Ostras, no Rio de
Janeiro, assim como no sistema aquífero Barreiras, no Rio Grande do
Norte, e nas cidades de São Luís e Maceió.
Na
medida em que a população se concentra nas áreas
urbanas, a garantia de oferta de
água se torna mais complexa. A população tende a degradar as águas mais
próximas e o esgoto compromete mananciais. No semiárido, há o
problema da escassez. Além disso, na imensa maioria dos municípios
brasileiros, com menos de 50 mil habitantes, os sistemas de
abastecimento são precários — afirma Sérgio Ayrimoraes, coordenador do
Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água, elaborado pela ANA.
Segurança alimentar
A água que mata a sede humana é a mesma usada na agricultura e na indústria.
O campo é, de longe, o maior usuário desse recurso, e responde por 70%
do consumo mundial. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), para produzir alimentos para uma única
pessoa são necessários um total de
2,5 mil litros de
água.
Num documento lançado em julho passado na Itália, a FAO
alertou para a crescente escassez decorrente das mudanças climáticas,
colocando em risco a segurança alimentar. Lembrou que as chuvas
aumentarão nos trópicos e diminuirão ainda mais nos semiári- dos ao
redor do mundo, que tendem a ficar mais secos e quentes. Com menos
umidade, a produtividade agrícola também diminui. Aos
governos, a FAO recomendou a criação de sistemas para gerenciar fontes,
transferências e o uso da água, além de mecanismos de preservação das
florestas.
— A questão é de gerenciamento da água.
Nesta seca, o
abastecimento municípios atendidos pela Barragem de Mirorós, na Bahia,
ficou à beira do colapso porque a água para irrigação de
culturas só foi suspensa
quando a seca piorou muito. Em Serra Talha da, Pernambuco, a 100
quilômetros do Rio São Francisco, a água estava quase chegando por
adutora, mas a obra parou depois que começou a transposição. Agora, nem
uma coisa, nem outra — diz Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da
Terra do São Francisco.
O
uso da água de Mirorós exemplifica a discórdia sobre o melhor
aproveitamento do recurso. Para Ayrimoraes, da ANA, a barragem é
exemplo de uma gestão bem sucedida da oferta compartilhada entre consumo
humano e irrigação.
Atualmente, 40% da população mundial vivem em países em situação de estresse hídrico. Cinco
das dez bacias hidrográficas mais
densamente povoadas do planeta, como as dos rios Yang-Tsé, na China, e
Ganges, na Índia, já são exploradas acima dos níveis considerados
sustentáveis. A África, que tem a maior taxa de prevalência da
fome, é também o segundo continente habitado mais seco do mundo, atrás
da Oceania. Nos últimos 30 anos, 57 milhões de pessoas foram afetadas
pela seca na Etiópia. Na Índia, mais de 70% das chuvas ocorrem em apenas
três meses do ano, o que faz com que haja escassez de água durante boa
parte do ano na agricultura não irrigada. Em Tamil Nadu, um dos estados
da Índia, a extração excessiva baixou o nível de água dos poços entre 25
e 30 metros em apenas uma década.
A
perfuração de poços profundos para irrigação agravou a seca também em
alguns pontos do semiárido brasileiro. Foi o caso de Mamonas, no Norte
de Minas. No ano
passado, o município teve de ser abastecido com água tirada do Parque
Estadual Caminhos dos Gerais, depois que a barragem mais próxima secou.
—
Em algumas regiões, as águas profundas foram comprometidas em
quantidade e qualidade no passado. Poços se tornaram salobros, a água
deixou de ser potável. A chuva também mudou. Agora vem mais intensa, em
período mais curto, e o solo não consegue absorver. A água lava a
camada superficial da terra. O ciclo natural da água foi alterado,
porque quase todo rio tem barragem. Uma coisa leva a outra. Fazemos tudo o que está dentro da capacidade, mas estamos sendo traídos pela intensidade da reação da natureza — resume o sociólogo Marcos Affonso Ortiz Gomes, diretor do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais.
Outra demanda latente é a da produção de energia, que deve aumentar o consumo de água em 11,2% até 2050. A Agência Internacional de Energia (AIE)
estima que pelo menos 5% do transporte mundial será movido por
biocombustíveis em 2030. Em média, cada litro de etanol a partir da
cana-de-açúcar utiliza 18,4 litros de água e 1,52 m2 de terra, o que
significa que a demanda pode ser devastadora em áreas onde a água é
escassa, como a África. Para Ayrimoraes, da ANA, a tendência é aumentar o
potencial de conflitos de interesses, seja entre regiões ou
consumidores. A saída é economizar e melhorar a gestão.
O estresse hídrico, no
entanto, é maior nas
regiões que concentram maior população, não
necessariamente nas mais secas.
Daí a preocupação. Hoje, as áreas urbanas consomem 60% da água doce do
mundo e as projeções da ONU indicam que, até 2050, 70% da população
mundial estarão concentradas em grandes cidades.
No
Brasil, a concentração urbana tem sido sinônimo de degradação
ambiental. Boa parte do problema é justamente a falta de tratamento do
esgoto.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2010) mostram que apenas 53,5% da população urbana brasileira têm acesso à coleta e 37,9% ao tratamento de esgotos. O Instituto Trata Brasil chama a atenção para a “enorme ineficiência” dos sistemas de abastecimento de água no Brasil. A
cada cem litros
produzidos, 36 são perdidos, seja do ponto de vista físico, com desvios
da água tratada, seja do ponto de vista de faturamento. Segundo o
Instituto, em alguns municípios, como Porto Velho, Cuiabá, Rio Branco e
Duque de Caxias, as perdas superam 60%. Na maior empresa do país, a
Sabesp, foram de 25,6% em 2011. A meta, até 2019, é reduzir a 13%. No
melhor sistema do mundo, o do Japão, a perda é de somente 5%.
O Plano Nacional de Saneamento (Plan- sab),
submetido a consulta pública pelo Ministério das Cidades, revelou que,
em 2007, 30,3 milhões de brasileiros receberam em suas residências
água que não atendia aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo
Ministério da Saúde. A análise dos especialistas reprovou pelo menos um
dos itens mínimos
quando se analisa a qualidade: turbidez,
cloro, coliformes totais e termotolerantes e bactérias
heterotróficas.
EcoDebate, 23/01/2013
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Agricultura é quem mais gasta água no Brasil e no mundo
Publicado em março 21, 2013 por HC
Setor
imprescindível para o
abastecimento mundial de
alimentos, a irrigação
é o insumo que mais desperdiça outro
recurso essencial à vida: a água. A Organização das Nações Unidas (ONU)
revela que aproximadamente 70% de toda a água disponível no mundo – que
já não é muita – é utilizada para irrigação. No Brasil, esse índice
chega a 72%.
Pelas
análises dos últimos relatórios divulgados pela ONU, o uso da água tem
crescido a uma taxa duas vezes maior do que o crescimento da população
ao longo no último século. A tendência é que o gasto seja elevado em até
50% até 2025 nos países em desenvolvimento; e em 18% nos países
desenvolvidos.
“Hoje,
1 bilhão de pessoas ainda vivem sem acesso a água potável para beber e
muitas outras sem saneamento básico. Por isso trabalhamos com o tema de
segurança hídrica; para
garantir que a água esteja disponível para produção de alimentos,
geração
de energia, transporte e presevação de ecossistemas vitais”, disse o
presidente do Conselho Mundial da Água, Ben Braga, em entrevista
relativa ao Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março.
Na
semana em que a ONU divulga alertas pela preservação desse recurso
natural, outro dado sobre desperdício de água ressalta a necessidade de
economia. Até 2025, cerca de 2 milhões de pessoas viverão em regiões com
absoluta escassez.
A
agricultura é vista pelo organismo internacional como alvo prioritário
para as políticas de controle racional de água. De acordo com a
Organização as Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na
sigla em inglês), cerca de 60% da água utilizada em projetos de
irrigação
é perdida por fenômenos como a evaporação. Ainda segundo o órgão, uma
redução de 10% no desperdício poderia abastecer o dobro da população
mundial dos dias atuais.
A
Agência Nacional de Águas (ANA) informa que a irrigação é em disparado a
maior usuária de água no Brasil, com uma área irrigável de
aproximadamente 29,6 milhões de hectares. “Apesar da agricultura
irrigada ser o principal uso no país e por isso requerer maior atenção
dos órgão gestores, visando ao uso racional da água, ela resulta em
aumento da oferta de alimentos e preços menores em relação àqueles
produzidos em áreas não irrigadas devido ao aumento substancial da
produtitivade”, pondera o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos
no Brasil.
O
tema tem sido debatido na Subcomissão de Segurança
Alimentar da Cãmara dos Deputados. Em recente reunião, a presidenta do
Conselho
Nacional de Segurança Alimentar (Conseas), Maria Emília Pacheco,
ressaltou que o Brasil precisa de uma agricultura que tenha harmonia com
o meio ambiente. “A chamada revolução verde não é baseada na
especificidade de uma agricultura tropical. Ela usa água em quantidade
demasiada, desperdiça água.”, comentou.
Em
20 de agosto de 2012, a presidenta Dilma Rousseff publicou o decreto nº
7.794, que instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica e tem o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento
sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso
sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos
saudáveis”.
Leia o decreto.
Leia o decreto.
Matéria de Allan Walbert, do Portal EBC, publicada pelo EcoDebate, 21/03/2013
Inter Press Service - Reportagens
21/3/2013 - 10h25
21/3/2013 - 10h25
Água e saneamento buscam um lugar na agenda após 2015
por Thalif Deen, da IPS
Nações
Unidas, 20/3/2013 – Quando a Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) adotou
por
unanimidade os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio em 2000, a água e o saneamento ficaram
relegados a um segundo plano, sem estarem à altura do alívio da fome e
da pobreza. Agora
que a ONU inicia o processo para formular os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável para sua agenda posterior a 2015, há uma
campanha para destacar a importância da água e do saneamento, para que o
fórum mundial desta vez lhes dê o lugar que merecem.
O
embaixador da Hungria, Csaba Kőrösi, cujo governo será anfitrião em
outubro de uma cúpula internacional da água em Budapeste, disse que “os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a água deveriam ser
desenhados para evitar a crise hídrica mundial que se avizinha”. Em
conversa com jornalistas na semana passada, o
representante permanente da Hungria junto à ONU relembrou que os recursos hídricos praticamente não sofreram mudanças durante quase mil
anos. “Entretanto,
desde então a quantidade de usuários aumentou cerca de oito mil vezes”, acrescentou.
Ao se projetar um aumento de 80% na produção mundial de alimentos até 2030 – e com 70% do consumo de água fluindo para o setor agrícola –, Kőrösi afirmou que, muito em breve, 2,5 bilhões de
pessoas viverão em áreas com escassez hídrica. Ao falar na Sessão
Temática Especial da Assembleia Geral sobre Água e Desastres, este mês, o
vice-secretário-geral Jan Eliasson foi taxativo: “Devemos abordar a
vergonha mundial de milhares de pessoas que a cada dia morrem em
emergências silenciosas causadas pela água suja e pelo saneamento de má
qualidade”.
O tema da cúpula de Budapeste, prevista para começo de outubro, será:
“O papel da água e do saneamento na agenda mundial para o
desenvolvimento sustentável”. Este encontro será precedido
por uma Conferência Internacional de Alto Nível sobre Cooperação Hídrica,
em agosto no Tajiquistão, e pela Semana Mundial da Água, patrocinada
pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo (Siwi), que será
realizada em setembro na Suécia, além de várias outras conferências e
reuniões regionais na Ásia, África e América Latina. As reuniões
acontecem quando a Assembleia Geral declara 2013 Ano Internacional da
Cooperação na Esfera da Água, e comemora o Dia Mundial da Água amanhã.
O
diretor-executivo do Siwi, Torgny Holmgren, disse à IPS que, segundo
uma pesquisa de Estados membros da ONU sobre áreas prioritárias para
objetivos posteriores a 2015, os alimentos, a água e a energia surgiram
como cruciais. Pelo segundo ano consecutivo, afirmou, a crise no
fornecimento hídrico figurou entre os três
principais riscos mundiais no levantamento anual feito
pelo Fórum Econômico
Mundial de Davos, na Suíça.
“Também
estamos vendo como os assuntos relativos à água estão sendo priorizados
pelos atores de fora da comunidade hídrica tradicional”, e de modo
particularmente significativo os dos setores da alimentação e da
energia, explicou Holmgren, embaixador e diretor do Departamento de
Políticas de Desenvolvimento no Ministério de Assuntos Exteriores da
Suécia.
Em
meio a tudo isto, acrescentou Holmgren, tem lugar um debate importante
com o olhar voltado para o desenvolvimento de novas ambições, que
objetivem o movimento para um mundo sustentável e desejável para a
agenda posterior a 2015. “Sou otimista quanto a esta nova consciência
sobre a importância da água se converter em objetivos e metas de longo
alcance a propósito da água como recurso, como direito e
como serviço”, pontuou.
John Sauer, diretor de relações externas da Water for People, disse
à IPS que a ONU deu um passo importante ao declarar a água e o
saneamento em um direito humano por meio de uma resolução da Assembleia
Geral (64/292) em 2010, e apontou que, apesar deste esforço, sua
tarefa de garantir um serviço barato de água e saneamento deve evoluir e
inovar, para enfrentar este desafio em toda sua imensidão. “Enquanto a
ONU desvia a atenção para a Meta do Milênio da cobertura universal, os
controles deveriam passar para o atual cumprimento do serviço”,
destacou.
Isto
é crucial para que não fracassem grandes quantidades de projetos, como
ocorre atualmente,
acrescentou Sauer. “Implica olhar mais além dos projetos financiados e
dos beneficiários alcançados, em lugar de
olhar para uma sistemática criação de capacidade dentro do governo, da
sociedade civil e das instituições do setor privado. Isto também
significa criar associações mais fortes. Se a ONU pode demonstrar melhor
seu impacto, por exemplo, usando indicadores para mostrar a capacidade
criada, isto seria um avanço na direção correta”, ressaltou. Junto
com as organizações não governamentais, as Nações Unidas devem aumentar
a transparência para revelar o verdadeiro impacto de suas operações, acrescentou.
No
entanto, Richard Greenly, presidente da Water4, disse à IPS que
entidades como a ONU sempre terão pouco ou nenhum efeito sobre a
crescente crise da água e do saneamento. “Mas não por falta de muito
boas intenções ou de muito esforço. O fato é que nós, como civilização,
não podemos dar nem conceder a outro país a prosperidade e a saúde”,
acrescentou. Isso nunca funcionou na
história do mundo e jamais acontecerá na
crise da água e do
saneamento, indicou. Cada país industrializado pagou seu próprio
desenvolvimento hídrico criando empresas dedicadas à água, ressaltou.
“O
comércio é a maneira de sair da pobreza, e embora a ONU tenha boas
intenções o desenvolvimento sustentável da água deve ser posto nas mãos
dos cidadãos locais para que solucionem seus próprios problemas
hídricos”, enfatizou Greenly. O que estas pessoas necessitam
desesperadamente da ONU é a oportunidade de desenvolverem seus próprios
recursos hídricos, acrescentou.
Holmgren
declarou à IPS: “Também vejo claros sinais, tanto da necessidade quanto
da abertura de novas colaborações e ideias”. Segundo ele, os objetivos
posteriores a 2015 são discutidos de modo tão inclusivo quanto nossos
meios eletrônicos de comunicação o permitem. “Vemos
que surge mais cooperação entre os
governos, o setor privado, a academia e a sociedade civil”,
acrescentou.
Inclusive,
há casos em que se encontra um denominador comum entre competidores
para a colaboração por um mundo mais sábio em matéria hídrica, afirmou
Holmgren. Tem sentido “todos estes esforços estarem surgindo durante o
Ano Internacional da Cooperação na Esfera da Água, e no Siwi desejamos
contribuir ainda mais com uma melhor cooperação e resultados mais
concretos por meio da Semana Mundial da Água”, concluiu. Envolverde/IPS
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