quarta-feira, 27 de junho de 2012

BELO MONTE DE MENTIRAS E CONTRADIÇÕES "PREVISTAS" NO XINGÚ

Belo Monte - Índios querem que Belo Monte cumpra condiçõespara amenizar efeitos negativos da usina

O grupo Norte Energia, responsável pela usina hidrelétrica de Belo Monte emAltamira, no Pará, levará na quinta-feira uma resposta à pauta dereivindicações do grupo de índios que tomou conta de parte dos canteiros deobras. A ocupação ocorreu na última sexta-feira (22/06/2012), mas as demandassomente chegaram ao consórcio no domingo. Os construtores tentaram na Justiçaconseguir a desocupação, mas não tiveram sucesso em obter uma liminar durante ofim de semana.
Cerca de 200 índios xikrins e jurunas estão acampados nas obras da UsinaHidrelétrica de Belo Monte, na tentativa de acelerar o cumprimento dascondicionantes destinadas a amenizar os efeitos negativos da usina para as populaçõesindígenas afetadas.  De acordo com a colaboradora do movimento, RafaelaNgrenhdjan Xikrin, não há ligação entre esta ocupação e a ocorrida durante oencontro Xingu+23, iniciado no último dia 13 em Altamira (PA).

"Nosso movimento é contrário a ações como as dos mundurukus, até porqueeles não são daqui e não serão afetados pela obra", disse Rafaela Xikrin.O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) informou que a primeira ocupaçãoresultou na depredação de 35 salas. Pelo menos 50 computadores foram quebrados,notebooks e rádiocomunicadores foram furtados e dezenas de aparelhos de arcondicionado foram danificados. A estimativa, segundo o consórcio, é umprejuízo superior a R$ 500 mil.

A organização do movimento responsável pela ocupação atual está aguardando,para os próximos dias, a chegada de outros 100 índios das etnias Paracanã eXipaia para reforçar a manifestação nas obras da usina. Entre as reivindicaçõesapresentadas pelos xikrin e juruna acampados está a implantação do Plano BásicoAmbiental (PBA), destinado a estabelecer e efetivar os programas de compensaçãoe mitigação dos impactos já sentidos na região pelos índios.

Eles cobram também a definição da situação fundiária das terras indígenas TerraWangã, Paquiçamba, Juruna do Km 17 e Cachoeira Seca, além da construção de maisestradas, como alternativa ao transporte fluvial que será prejudicado pelabarragem e pela redução da vazão do Rio Xingu. Outra condicionante cobradapelos índios acampados é relativa à falta de investimentos de infraestruturanecessários às aldeias impactadas, visando a garantir captação de água potávelnas da Volta Grande do Xingu.

"Nossas lideranças não querem a participação de outros movimentos porqueisso pode comprometer nosso objetivo, que é cobrar o cumprimento dascondicionantes previstas", disse a colaboradora xikrin. "Essaocupação conta apenas com a participação de índios, para evitar o risco de serdescaracterizada ou manobrada. Em princípio, não somos contrários à obra, maspoderemos passar a ser, caso as condicionantes [previstas] não sejamcumpridas", argumentou.

O CCBM avalia a atual ocupação como pacífica. De acordo com a assessoria doconsórcio, os índios que participaram da primeira ocupação "eram de MatoGrosso e chegaram ao local com crachás, acompanhados de manifestantes nãoindígenas que integram organizações não governamentais (ONGs) [ligadas aoMovimento Xingu Vivo], notadamente contrárias à construção dahidrelétrica".

Consultada pela reportagem, a Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmou quenão há aldeias munduruku nas áreas a serem influenciadas pela obra. De acordocom a assessoria do órgão, os munduruku mais próximos estão na região da Usinade Teles-Pires, em Mato Grosso.

A assessoria de comunicação do Movimento Xingu Vivo reiterou que não houvequalquer participação de seus integrantes na quebradeira ocorrida durante aprimeira ocupação, à época do Xingu+23 - evento promovido pela entidade."Nenhum dos nossos membros participou da quebradeira; nenhum dos nossosintegrantes mexeu em qualquer caneta do CCBM; e não fizemos qualquer incitaçãopara que a invasão acontecesse", garantiu a assessora Verena Glass.

Perguntado sobre a nova ocupação de índios nas obras de Belo Monte, o ministroda Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que omovimento atual "faz parte do direito de protesto", e que os índiostêm o direito de manifestar suas preocupações.

"Nosso pessoal está lá dialogando [com eles] e, assim como outras vezes,vamos, por meio de métodos pacíficos, superar essa questão. Belo Monte não temcomo voltar atrás. É uma usina que já está em processo de construção. Estamostomando todos os cuidados para diminuir os efeitos negativos à população locale para fazer as compensações sociais e ambientais. O governo está agindo comresponsabilidade. Agora, o direito de protesto, como todos sabem, é livre nopaís", disse o ministro.
(Agência Brasil)

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