segunda-feira, 1 de junho de 2009

IV CUMBRE CONTINENTAL DE LOS PUEBLOS INDÍGENAS... PUNO/PERU

Por Matheus da FASE/PA...

Puno 29 de Maio de 2009


8.30hrs horário local (10.30 horário Brasilia) Praça das armas, frente do catedral de Puno. Centenas de grupos indígenas,na sua maioria com seu indumentária original formam um quadro maravilhoso de cores vivos, de energia vital, ainda mais acentuada pelas múltiplas expressões musicais com grande variedade. Os pajés estão super ocupados atendendo o povo, chamando os bons ventos e toda a energia da planeta para tornar este ato o inicio de uma caminhada decisiva para rumos novos e mais felizes da humanidade. O ar é carregado pelo incenso e os pajes se destacam pelo sua indumentária solene e pela concentração dos seus gestos e palavras. Um pequeno discurso (prece) de um belo e riquíssimo conteúdo, encerra a preparação e é o sinal da partida. A multidão atravessa a cidade numa colorida passeata para se concentrar no porto da lagoa mais alta do mundo, cercado pelas montanhas de Puno num ambiente bem típico da região: duro, belo e misterioso.

Um programa bem variado de apresentações, danças, falas de bem vindo, estimação e agradecimento, dando lugar aos homens e mulheres, jovens e crianças marcam a abertura solene do IV Cumbre continental dos povos indígenas de ABYA YALA. Realmente o movimento se mostra forte, bem organizado e cheia de vida.

Já a partir de 12.00 hrs se realizam as duas mesas temáticas centrais ou seja a Crise do Capitalismo e o BEM VIVER e ESTADO PLURINACIONAL COMUNITÁRIO.

O confronto com o modo de viver imposto pelo capitalismo transformando tudo em mercadoria, incentivando o consumo em função do mercado, mergulhou a planeta em múltiplas crises e desafia tudo e todos para uma mudança de rumo sob pena do desastre geral.O BUEN VIVER procura os elementos estruturantes do modo alternativo de viver, produzir e consumir, projetando as cosmovisões que recupera as identidades indígenas, ancoradas em cosmovisões que consideram a pessoa humana como um dos elementos da natureza, numa visão de integração e harmonia: a Mãe Terra ganha assim um significado especial. A luta ideológica e politica tem de ser travada, tentando que além das perdas causadas pelas múltiplas derrotas, se aproveita o saldo das experiencias de resistência à 5 séculos de dominação. Precisa se re vigorar os elementos essenciais da vida indígena: igualdade e solidariedade, identificação com a natureza e chegar a auto gestão comunitária com tutela de ninguém.Vale ressaltar que nesta discussão a contribuição brasileira se limitou a ponência do MST, destacando a luta de classe, a relação com a terra, os valores de justica e igualdade, portanto a luta de dois projetos em disputa: o projeto neo-liberal e o projeto socialista de caráter comunitário.

Já decorrente do desafio anterior a questão plurinacional foi abordada como um dos elementos que pode favorecer ou não o Buen Viver.. A hegemonia do capitalismo projeta um mono culturalismo no seu sentido economico, cultural e politico. È fundamental para o Buen Viver que haja um empoderamento do local, regional para que haja um reconhecimento das identidades originárias em sua plenitude de organização social-politica economica cultural.

Enquanto, nas ponências, Bolívia visualizou a sua luta na estruturação da plurinacionalidade enfrentando crises a nivel do parlamento e na presidência do país, a convergência Maya de Guatemala insistiu na recuperação das identidades culturais e políticas, fazendo votos que nesta perspectiva se constroi algo que fortalece as quatro etnias em igualdade. A sua colaboração foi marcada pela denuncia da desigualdade reinante no seu país, prevalecendo uma desigualdade total de poder, da criminalização dos movimentos, da exploraçao total dos recursos naturais do seu país e da progressiva destruição das entidades originárias.

Colômbia através da representação da ONIC denunciou o avanço do monoculturalismo, tanto no sentido econômico quanto no sentido cultural-politico acompanhado com uma pesada dose de corrupção.Insiste no reconhecimento pleno da diversidade, projetando a igualdade entre os povos.

Equador projeta o seu pensamento sobre a plurinacionalidade no sentido de resgatar a identidade socio politica e cultural de todos os excluídos: pobres, indígenas, negros;devemos tentar recuperar a origem do país, partir para novas estruturas que impedem a concorrência, partem dos valores de igualdade e solidariedade. Devemos apoiar as iniciativas que ocorrem neste sentido. Deste modo devemos radicalizar o nosso apoio ao Evo Morales, 1º presidente indígena no poder e promovendo a plurinacionalidade.

As duas temáticas , fortemente interligadas, nas ponências foram permeadas com as denuncias da criminalização dos movimentos indígenas, da exploração dos recursos naturais onde ganhou destaque, como já ocorreu nos dois eventos anteriores, o massacre e a revolta indígena no Peru amazônica.

Não são temáticas sossegadas e portanto a tarde das discussões dos grupos , onde dentro deste contexto o conteúdo é analisado em 60 sub itens, era a oportunidade democrática para dar mais profundidade ao conjunto e preparar a agenda política ,produto previsto da IV Cumbre.

A pequena contribuição neste aprofundamento solicitada pela coordenação andina, à representação panamazônica, se situou na mesa da experiencias de organização política indígena no capítulo organizações internacionais e bancos multilaterais. Defendemos numa preparação em conjunto, a partir de dois exemplos concretos a superação do mecanismo atual do banco mundial e o desafio de repensar a estrutura de financiamento a partir dos princípios defendidos no contexto do Buen Viver e Plurinacionalidade. Desafio para o conjunto, se articulando com o mundo acadêmico, a base social e os técnicos especializados. O dinamismo de Luis assegurou uma aglutinação de público bastante razoável e uma discussão calorosa e envolvente.


Compromissos anteriormente assumidos em Belém me impediram de permanecer em Puno para acompanhar o desdobramento das discussões na agenda politica do movimento e na perspectiva do Forum social mundial visando a realização do Forum social temática a ser realizado no inicio de 2010. Luis Arnaldo assegurou de permanecer até 1º de junho em Puno, participando das reuniões e mantendo o informe diária. Portanto isto está em boas mãos. Penso que conseguimos uma rica materia prima para nossa articulação panamazônica e fazemos questão de agradecer todos e todas que fizeram isto possível!Valeu!

Um forte abraço!

Matheus, Articulação FSPA

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